Montenegro atingido com tinta verde na Bolsa de Turismo de Lisboa

por Andreia Martins, Inês Moreira Santos - RTP

Foto: André Kosters - Lusa

Luís Montenegro foi atingido com tinta verde por um ativista climática, esta manhã, na Bolsa de Turismo de Lisboa. O líder da Aliança Democrática reagiu ao incidente dizendo que respeita quem se manifesta mas que se o objetivo era abordar "as alterações climáticas" podiam ter "conversado". Entre reações de solidariedade dos vários adversários políticos e figuras da política nacional, as quais agradeceu, o presidente do PSD anunciou que vai formalizar uma queixa contra o jovem, entretanto detido pela PSP.

"Tenho todo o respeito pelas pessoas que se manifestam e defendem as suas causas", começou por reagir Luís Montenegro, embora considere que se os ativistas queriam abordar "as alterações climáticas", podiam ter "conversado e dialogado" sobre isso.

"O nosso programa eleitoral contempla várias medidas e o nosso objetivo é ter as garantias de que nós conseguimos ter uma economia forte, qualidade de vida e, ao mesmo tempo, deixar a quem vier um planeta cuidado e uma sociedade com sustentabilidade em todos os domínios".

Luís Montenegro desvalorizou ainda o incidente e garantiu que estava "focado em dar resposta aos problemas das pessoas, aos problemas dos portugueses e contribuir para termos um mundo e um país equilibrado e sustentável".

O líder social-democrata reiterou ainda o "compromisso com as preocupações com o clima e o ambiente".

"Na organização de Governo, formarei um Conselho de Ministros temático especializado para a transição climática e energética", afirmou. "Portanto, creio que era essa a mensagem que me queriam enviar de sensibilização para essas matérias".

Contudo, Montengro considerou "que não era necessário" abordar a questão desta forma.

"Não me causa um transtorno excessivo", disse ainda, lamentando apenas que vá "atrasar a agenda".

O presidente do PSD, Luís Montenegro, foi hoje atingido com tinta verde por um jovem à entrada da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), onde se deslocou em campanha eleitoral.

O jovem foi imediatamente afastado por um agente da PSP e Luis Montenegro reagiu com humor, dizendo: "Estou preparado para tudo".

O presidente do PSD entrou no edifício da FIL, onde decorre o evento, e dirigiu-se de seguida à casa de banho para retirar a tinta, que lhe atingiu a roupa, a cara e o cabelo, mas sem sucesso, tendo-se retirado do local.

“Até já, bom trabalho a todos”, disse Montenegro antes de entrar no carro.

Minutos após a saída do presidente do PSD, a assessoria de imprensa da AD informou jornalistas no local de que Montenegro já não voltaria à BTL, ficando a visita a cargo de Nuno Melo, que foi apenas atingido numa parte da sua roupa.
"Ataque à liberdade" e à democracia
Entretanto, o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, parceiro de coligação do PSD nas listas da AD, que acompanhava Luís Montenegro na visita, considerou tratar-se de um "ato cobarde e infantil".

Pedro Nuno Santos condenou ao início da tarde o ataque com tinta a Montenegro. O secretário-geral do PS considerou que em tempo de campanha é preciso saber respeitar a democracia.

"Lamento e não se deve repetir", assinalou Pedro Nuno Santos.

A candidata do Bloco de Esquerda reagiu ao incidente que atingiu o adversário político classificando-o como "um ataque à liberdade" e à democracia.

"O ataque de hoje ao PSD é um ataque à liberdade na campanha eleitoral e portanto à democracia", escreveu Mariana Mortágua no X.


Também nas redes sociais, o presidente do Chega, André Ventura, reagiu ao que considera ser um "ato desprezível e de cobardia" que "não ajuda a causa nenhuma".

André Ventura considera ainda que a ação merece "condenação inequívoca".


Por sua vez, Rui Rocha considerou que a ação é "inaceitável e contraproducente" para as causas que estes jovens "dizem defender".

"Quem usa formas de protesto que possam atentar à integridade física está a legitimar as forças mais extremistas da sociedade, contribuindo para atacar a democracia e a Liberdade", vincou o líder da Iniciativa Liberal.

Já a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, lamentou o protesto com tinta verde mas mostrou-se solidária com a "frustração dos jovens que vão pagar a fatura climática".

"O PAN não tem qualquer ligação a estes movimentos da sociedade civil. Respeitamos a independência e autonomia destes movimentos", disse a candidata do PAN aos jornalistas, acrescentando: "Ao invés de atirar tinta e estarmos a discutir esta ação, seria importante estarmos a discutir as políticas ambientais de cada força política".

Inês Sousa Real disse compreender a "frustração dos jovens, que vão pagar uma fatura ambiental muito pesada", mas considerou que a "sua força deve ser manifestada quer na rua, através de manifestações, como existiam antes pandemia, quer no boletim de voto".

Os ativistas do movimento Fim ao Fóssil já reivindicaram a ação num comunicado, argumentando que "nenhum partido tem um plano adequado à realidade climática".

O movimento estudantil reivindica o fim aos combustíveis fósseis até 2030 e exige que se pare de usar gás para produzir eletricidade até o próximo ano, utilizando antes 100 por cento eletricidade renovável e gratuita.

"Nenhum programa político prevê como vamos fazer a transição justa nos prazos da ciência. (...) Nenhum partido tem legitimidade para criar governo se continuar a ignorar a maior crise que a humanidade já enfrentou", diz Vicente Magalhães, estudante e porta voz da ação, citado no comunicado.

Sobre as medidas da AD, os estudantes acusam-no de defender "o sistema fóssil que coloca o lucro à frente da vida".

O grupo lembra que as eleições de 10 de março dão mandato até 2028, pelo que o próximo Governo será o último que pode garantir o fim aos fósseis até 2030.

A Polícia de Segurança Pública deteve oativista que atingiu com tinta verde o presidente do PSD e identificou outros quatro jovens. Em comunicado, a PSP refere que detetou um grupo de jovens com comportamentos suspeitos nas imediações Feira Internacional de Lisboa (FIL), onde está decorrer a BTL, tendo apurado que pertenciam a uma organização ambientalista.

Segundo a PSP, quatro dos cinco ativistas do grupo foram abordados de imediato pela polícia e tinham na sua posse uma lata de tinta que foi apreendida, mas um dos jovens "não foi monitorizado em tempo, motivo pelo qual conseguiu atingir" o líder da Aliança Democrática com tinta verde, bem como outros membros da comitiva.

A PSP refere que o ativista "foi de imediato intercetado e detido", tendo sido apreendida a lata de tinta utilizada para cometer o ilícito criminal.

(com Lusa)

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