Montenegro admite militares portugueses na Ucrânia mas "ainda não é tempo de decisão"

por RTP
Foto: João Relvas - Lusa

No debate preparatório do Conselho Europeu, o primeiro-ministro admitiu esta tarde a possibilidade de Portugal enviar militares portugueses para a Ucrânia no âmbito de um processo de paz "com garantias de segurança". Luís Montenegro apontou, contudo, ser cedo para uma decisão dessa natureza e deixou uma certeza: quanto ao processo de paz, este tem de envolver Kiev e a União Europeia.

O primeiro-ministro falava perante o Parlamento em vésperas do Conselho Europeu para considerar ser ainda cedo para tirar ilações sobre o anunciado cessar-fogo em relação às infraestruturas energéticas na Ucrânia que terá sido acertado esta terça-feira entre os presidentes russo e americano, Vladimir Putin e Donald Trump.

Luís Montenegro apontou ainda o que garante ser o consenso alargado de que qualquer processo de paz para o conflito tem de envolver Kiev e a União Europeia.

Sobre um envio de efetivos militares portugueses para a Ucrânia, o chefe do Governo admite essa possibilidade mas diz que se trata de um cenário que não urge ainda debater.

“Não estamos ainda no tempo de o definir e decidir em concreto. É precoce estarmos hoje a tomar uma decisão sobre se vamos ter ou não militares das nossas Forças Armadas num hipotético teatro de operações na Ucrânia”, considerou Luís Montenegro em resposta à bancada do PS, lembrando que, caso haja “um processo de paz, com garantias de segurança, não será a primeira nem a última vez” que Forças Armadas portuguesas serão chamadas a dar contributo nesse âmbito.

“Como contribuem hoje para assegurar a manutenção da paz, a salvaguarda de operações de dissuasão” em vários pontos do globo, referiu o primeiro-ministro, dando como exemplo as missões na Roménia, Eslováquia ou Lituânia.
“Cessar-fogo parcial é primeiro sinal positivo” mas longe do desejável

Montenegro abordou os anúncios de terça-feira sobre o cessar-fogo parcial para a guerra na Ucrânia, considerando que se trata de “um primeiro sinal positivo” apesar, contudo, de não ser “a situação desejável”.

“Todos sabemos que estamos numa altura crítica, numa altura em que foi anunciado um cessar-fogo parcial aplicado às infraestruturas energéticas e que, não sendo a situação desejável, é ainda assim um primeiro sinal positivo”, afirmou o chefe do Governo, considerando que será necessário “aguardar para ver como evolui”.

Para já, sublinhou, é ainda cedo “para tirar grandes ilações”.

“Não há dúvida também que há um consenso muito alargado no seio da União de que um processo de paz para a Ucrânia e para este conflito tem de envolver a Ucrânia, tem de envolver a União Europeia, para poder compaginar uma paz justa e duradoura no respeito pela soberania da Ucrânia e no respeito pela aplicação do Direito Internacional”, defendeu.

Na conversa telefónica desta terça-feira, Trump e Putin concordaram com uma trégua de 30 dias na Ucrânia limitada às infraestruturas energéticas.
Na leitura do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, os anúncios que se seguiram ao contacto entre Washington e o Kremlin são prova de que Putin não pretende colocar um ponto final a esta guerra.
Luís Montenegro falava na abertura no debate preparatório do Conselho Europeu, cerca de uma semana depois da demissão do Governo, provocada pelo chumbo de uma moção de confiança apresentada pelo executivo minoritário PSD/CDS-PP.

O Conselho Europeu marcado para estas quinta e sexta-feira em Bruxelas tem na agenda a competitividade, devendo ainda dar seguimento à reunião extraordinária do Conselho Europeu de 6 de março para analisar os acontecimentos mais recentes na Ucrânia e as próximas etapas em matéria de defesa.

O próximo quadro financeiro plurianual (QFP), a migração, os acontecimentos mais recentes no Médio Oriente, o multilateralismo e outras questões mundiais estão também na ordem do dia.

c/ Lusa
Tópicos
PUB