Montenegro admite militares portugueses na Ucrânia mas "ainda não é tempo de decisão"
No debate preparatório do Conselho Europeu, o primeiro-ministro admitiu esta tarde a possibilidade de Portugal enviar militares portugueses para a Ucrânia no âmbito de um processo de paz "com garantias de segurança". Luís Montenegro apontou, contudo, ser cedo para uma decisão dessa natureza e deixou uma certeza: quanto ao processo de paz, este tem de envolver Kiev e a União Europeia.
Sobre um envio de efetivos militares portugueses para a Ucrânia, o chefe do Governo admite essa possibilidade mas diz que se trata de um cenário que não urge ainda debater.
“Não estamos ainda no tempo de o definir e decidir em concreto. É precoce estarmos hoje a tomar uma decisão sobre se vamos ter ou não militares das nossas Forças Armadas num hipotético teatro de operações na Ucrânia”, considerou Luís Montenegro em resposta à bancada do PS, lembrando que, caso haja “um processo de paz, com garantias de segurança, não será a primeira nem a última vez” que Forças Armadas portuguesas serão chamadas a dar contributo nesse âmbito.
“Como contribuem hoje para assegurar a manutenção da paz, a salvaguarda de operações de dissuasão” em vários pontos do globo, referiu o primeiro-ministro, dando como exemplo as missões na Roménia, Eslováquia ou Lituânia.
“Todos sabemos que estamos numa altura crítica, numa altura em que foi anunciado um cessar-fogo parcial aplicado às infraestruturas energéticas e que, não sendo a situação desejável, é ainda assim um primeiro sinal positivo”, afirmou o chefe do Governo, considerando que será necessário “aguardar para ver como evolui”.
Para já, sublinhou, é ainda cedo “para tirar grandes ilações”.
“Não há dúvida também que há um consenso muito alargado no seio da União de que um processo de paz para a Ucrânia e para este conflito tem de envolver a Ucrânia, tem de envolver a União Europeia, para poder compaginar uma paz justa e duradoura no respeito pela soberania da Ucrânia e no respeito pela aplicação do Direito Internacional”, defendeu.
Na conversa telefónica desta terça-feira, Trump e Putin concordaram com uma trégua de 30 dias na Ucrânia limitada às infraestruturas energéticas. Na leitura do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, os anúncios que se seguiram ao contacto entre Washington e o Kremlin são prova de que Putin não pretende colocar um ponto final a esta guerra.
O Conselho Europeu marcado para estas quinta e sexta-feira em Bruxelas tem na agenda a competitividade, devendo ainda dar seguimento à reunião extraordinária do Conselho Europeu de 6 de março para analisar os acontecimentos mais recentes na Ucrânia e as próximas etapas em matéria de defesa.
O próximo quadro financeiro plurianual (QFP), a migração, os acontecimentos mais recentes no Médio Oriente, o multilateralismo e outras questões mundiais estão também na ordem do dia.