Ministro comparou concertação social a "feira de gado" - e desculpou-se

por RTP
Rafael Marchante, Reuters

Durante um jantar de Natal, o ministro dos Negócios Estrangeiros foi surpreendido e gravado a comparar a concertação social a uma feira de gado. Agora, penitenciou-se pelas "palavras excessivas"

Augusto Santos Silva referiu-se durante o jantar de Natal do grupo parlamentar do PS ao ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, dizendo que “o  Vieira da Silva conseguiu mais um acordo! Ò Zé António, és o maior! Grande negociante… Era como uma feira de gado! Foram todos menos a CGTP? Parabéns”. Uma câmara da TVI captou o aparte transmitiu-o.

As manifestações de desagrado surgiram quase imediatamente: o presidente da CIP, António Saraiva, comentou ao jornal "i" que, “para um ministro dos Negócios Estrangeiros, [Santos Silva] usou pouca diplomacia”.

Também o deputado social-democrata Duarte Marques, em artigo de opinião publicado no semanário "Expresso", reagiu sardonicamente: “O recente episódio com Augusto Santos Silva, que equiparou a Concertação Social a uma ‘feira de gado’, é a cereja em cima do bolo de um conjunto de situações, atitudes e decisões que demonstram que a um governo de esquerda quase tudo é permitido”.

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Hoje, em declarações à TSF, Santos Silva reagiu aos comentários negativos que o seu aparte tinha suscitado: “Comparei a negociação [em sede de concertação social] a uma feira de gado. O que queria dizer com isso era mostrar a dureza da negociação, a complexidade das transações”.

E acrescentou: “Reconheço que foram palavras excessivas, reparei que causaram desconforto entre os parceiros sociais e queria pedir-lhes desculpa por isso”.

Ouvido também pela RTP, ao telefone, Santos Silva reiterou as suas desculpas aos parceiros sociais que pudessem ter-se sentido atingidos e desenvolveu as explicações sobre a analogia que estabelecera com o ambiente de negociação dura e complexa característico de "algumas feiras rurais".

O ministro relativizou, por outro lado, o significado do que dissera, antes do jantar de Natal, com a "liberdade de linguagem" própria de uma conversa privada.
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