Lusa
A ministra da Saúde assume "total responsabilidade" pelas consequências dos atrasos no atendimento de chamadas do INEM, garante tomar as medidas necessárias para refundar o instituto e afasta a possibilidade de uma eventual demissão do cargo.
A ministra, ouvida no parlamento no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2025, assumiu que a reorganização dos serviços de urgência e emergência é da “maior prioridade” para este Governo e disse estar hoje no parlamento “cara a cara” para “ouvir as propostas, comentários e as motivações” dos deputados para “melhorar o caminho escolhido e determinado pelo programa do Governo”.
“Não fujo. Não minto e não me escondo”, disse Ana Paula Martins.
Disse ainda que no dia 4 de novembro, quando coincidiram as greves da função pública e a das horas extraordinárias dos técnicos de emergência pré-hospitalar, “pelo menos um dos turnos de oito horas não cumpriu os serviços mínimos, por falta recursos humanos”.
Sobre as 11 mortes alegadamente relacionadas com os atrasos no atendimento das chamadas, a governante disse: “Lamento profundamente a situação que muitas famílias viveram”.
Às pessoas afetadas por esse “desfecho fatal”, a ministra transmitiu a sua “expressão de pesar e promessa solene” de que tudo será feito para apurar responsabilidades e determinar se houve ou não relação entre as mortes e a falta ou o atraso nos meios de socorro e emergência”.
A governante manifestou ainda o desejo de que “os inquéritos em curso possam clarificar essas dúvidas”.
Disse ainda que o tempo de espera das chamadas tem aumentado ao longo dos anos, ao mesmo tempo que tem diminuído o número de técnicos de emergência pré-hospitalar, que hoje são cerca de 700.
Ana Paula Martins anunciou que os tempos de espera das chamadas para o INEM passam hoje a estar disponíveis no ‘site’ do instituto.
O tempo médio de atendimento subiu de 12 segundos em 2021 para 36 segundos em 2023 e, entre 01 de janeiro e 31 de outubro, o tempo médio de atendimento chegou aos 68 segundos, disse a ministra.
“Houve uma diminuição significativa dos técnicos entre 2023 e 2024 e temos hoje menos 483 do que deveríamos. Deviam ser 1.341”, lembrou, sublinhando que também os meios de emergência terrestres não foram renovados nos últimos anos.
(Com Lusa)