Mariana Mortágua vê novas eleições "como momento decisivo para a democracia"

por Inês Moreira Santos - RTP
Foto: João Marques - RTP

Mariana Mortágua defende um Bloco de Esquerda "mais forte" com a integração de diferentes gerações nas listas para as Eleições e que a esquerda seja capaz de "se unir" numa altura em que o "mundo está a mudar". Em entrevista no Telejornal da RTP, esta sexta-feira, a coordenadora do BE admitiu que o caso das funcionárias dispensadas quando tinham sido mães não "fere a suscetibilidade" do partido. Sobre as proposta para as Legislativas, a bloquista destacou a resposta à crise da Habitação em Portugal.

O Bloco de Esquerda chamou para as listas, para as próximas eleições legislativas, três figuras históricas do partido: Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luís Fazenda. Mariana Mortágua rejeita a ideia de que a sua geração partidária tenha falhado. Antes pelo contrário: “significa que a minha geração está mais forte e é a única que o pode fazer”.

“Não há nenhum outro partido que possa fazer o que nós fizemos, que é juntar nas mesmas eleições diferentes gerações que acrescentam força ao Bloco. E fazemo-lo porque compreendemos o mundo em que vivemos e compreendemos que o mundo está a mudar”.


Referindo as notícias de que Donald Trump quer a Gronelândia ou de “dividir o mundo com [Vladimir] Putin”, a coordenadora do BE considerou que o “mundo está a mudar e é hoje um sítio muito mais perigoso”. Por isso, “a esquerda tem de juntar toda a força”.

Mariana Mortágua não acredita que, porque o BE chamou políticos de outra geração, o partido não tenha “uma renovação”. Como a própria, de 38 anos, frisou: “eu sou a coordenadora do Bloco de Esquerda”.

"O Bloco de Esquerda tem o grupo parlamentar mais jovem da Assembleia da República. Foi o partido que mais conseguiu renovar a sua geração. Foi o único partido em Portugal em que uma mulher sucedeu uma mulher na coordenação”, disse ainda. “Nós compreendemos. E por compreendermos o momento, queremos o Francisco Louçã, o Fernando Rosas e o Luís Fazenda no Parlamento”.

Segundo a líder partidária, a “força do Bloco é saber ler o momento em que vivemos”.

Além disso, o BE vê que “estas eleições não são a repetição de mais umas eleições” mas "um momento decisivo na democracia”.

Considerando o contexto nacional e internacional, Mariana Mortágua defendeu que “se a esquerda não é capaz de se unir neste momento” e de “trazer toda a sua força, então não compreendeu o momento”.

Questionada sobre se a polémica de, em 2022, o partido ter dispensado funcionárias que tinham sido mais recentemente poder ferir a suscetibilidade do BE, Mortágua assegurou que o “Bloco cumpriu a lei e foi além da lei para defender e proteger estas trabalhadoras”. “Nem fere a credibilidade, nem consideramos que não cumprimos aquilo que deve ser feito para toda a gente”, respondeu, acrescentando a seguir: “infelizmente, tivemos de despedir e deixar sair metade das pessoas que trabalhavam no Bloco de Esquerda. São momentos difíceis”.

Apesar de garantir que quer “muito falar sobre este caso”, a coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou querer “apresentar as propostas” do partido para as Eleições Legislativas, como “tetos às rendas para proteger as pessoas” ou sobre “taxar milionários em Portugal”.

Nesse sentido, defendeu que “limites às rendas é a proposta mais sensata” que o partido pode propor. Na perspetiva da líder bloquista, “uma pessoa que trabalha a tempo inteiro neste momento é pobre”.

“Temos em Portugal uma maioria de pessoas que trabalham a tempo inteiro e não conseguem viver com dignidade (…), não conseguem pagar uma casa”, criticou. “Há uma crise e é mais grave em Portugal”.

Portugal, continuou Mariana Mortágua, “tem dos preços da Habitação mais caros da OCDE, ou seja, dos mais caros do mundo”.

“Eu escandalizo-me com pessoas que vivem em tendas”, sublinhou.

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