Marcelo teve alta hospitalar. "Foi uma quebra de tensão repentina"

por RTP
Foto: Manuel de Almeida - Lusa

O presidente da República falou aos jornalistas à saída do Hospital de Santa Cruz, onde esteve a realizar exames esta quarta-feira após uma indisposição. Apesar da alta hospitalar, Marcelo Rebelo de Sousa revelou que irá usar um monitor holter até quinta-feira de forma a monitorizar a atividade cardíaca.

Pelas 20h00, o presidente da República saiu a pé do Hospital de Santa Cruz e falou aos repórteres presentes no local sobre as possíveis causas da indisposição desta tarde, desde logo o calor ou um "moscatel quente" que terá interagido com a digestão.

A indisposição aconteceu quando o presidente fazia uma visita a um laboratório da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa. Na visita, que não constava da agenda enviada à comunicação social, Marcelo Rebelo de Sousa estava acompanhado pela ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato.

"Sentia-me a desmaiar, a tensão a baixar e a baixar e a baixar", conta Marcelo Rebelo de Sousa, que perante os sintomas de quebra de tensão ainda se tentou afastar do grupo do grupo de pessoas que o rodeava antes de perder os sentidos.

O presidente recordou a intervenção a que foi sujeito em outubro de 2019, quando foi submetido a um cateterismo cardíaco. "Trouxeram-me para aqui pelo sim pelo não. Foi aqui que meti os stents em 2019, [foi] para saber se era uma coisa cardíaca", relatou.

"Fizeram-me os exames e aqui tem de se fazer duas vezes as análises, por protocolo, para ver se houve enfarte ou se houve uma perturbação no coração", revelou ainda Marcelo Rebelo de Sousa. 

Mesmo com a alta hospitalar, a atividade cardíaca do presidente da República continua sob observação nas próximas horas. "Trago comigo um holter, um aparelho que terei de estar com ele até amanhã ao fim da manhã para ver como vai a evolução da tensão", adiantou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa "tinha um programa cheio" para esta quarta-feira e avisou os envolvidos da impossibilidade de estar presente. "Não parei de trabalhar", admitiu. Em relação à agenda para quinta-feira e sexta-feira, refere que irá "fazer um esforço" para manter os compromissos, dependendo também dos resultados de monitorização do holter.
"Ainda não é desta que eu morro"

O presidente dda República recordou que esta quarta-feira era dia de greve de médicos e que a sua indisposição ocorreu "num mau dia", mas que isso em nada afetou a assistência que teve no Hospital de Santa Cruz, uma vez que havia serviços mínimos. "Foram excecionais", resumiu.

"É uma prova da excelência do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Não me ocorreu outra solução se não esta, e estou muito grato, porque correu muito bem, muito bem, muito bem", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa adiantou ainda aos jornalistas que falou com António Costa durante a tarde: "Recebi o telefonema do primeiro-ministro, a quem disse, aliás: "Olhe, eu dou-lhe uma tristeza, ainda não é desta que eu morro'".

O chefe de Estado foi também contactado pelo líder da oposição, o presidente do PSD, Luís Montenegro, e também o telefonema de um "candidato a candidato a Belém".

"Não me lembro de quem foi", acrescentou Marcelo. O chefe de Estado recebeu ainda a visita do ministro da Saúde, Manuel Pizarro.

"O Presidente da República teve uma indisposição após uma visita na Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa, e foi ao Hospital de Santa Cruz por precaução", informou esta tarde fonte da Presidência da República pelas 15h45.
Marcelo fez cateterismo em 2019
De recordar que Marcelo Rebelo de Sousa foi submetido a um cateterismo cardíaco no Hospital de Santa Cruz em outubro de 2019. Esta é uma unidade hospitalar de referência para problemas cardíacos.

Durante a tarde, o chefe da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, tinha confirmado que a equipa médica que está a seguir Marcelo Rebelo de Sousa é a mesma que o acompanhou em 2019. 

Nos últimos anos, o presidente da República foi submetido a várias intervenções e cuidados médicos. Em dezembro de 2017, Marcelo Rebelo de Sousa foi operado de urgência a uma hérnia umbilical, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa.

Em junho de 2018, Marcelo Rebelo de Sousa sentiu-se mal à saída da Basílica do Bom Jesus, em Braga. No Hospital de Braga foi-lhe diagnosticada uma gastroenterite aguda.

Em outubro de 2019, o presidente da República fez um cateterismo cardíaco no Hospital de Santa Cruz. A equipa médica confirmou "a existência de obstruções coronárias importantes que foram tratadas no mesmo procedimento, com sucesso e sem complicações".

Já durante o segundo mandato, Marcelo Rebelo de Sousa foi operado a duas hérnias inguinais no Hospital das Forças Armadas, em Lisboa, em dezembro de 2021.
TAP. Marcelo aguarda relatório definitivo

Interrogado pelos jornalistas após a alta hospitalar sobre o relatório preliminar da comissão de inquérito sobre a TAP, Marcelo Rebelo de Sousa disse que ainda não conseguiu ler o documento. "Eu gosto de ler relatórios definitivos e, portanto, relatórios provisórios não têm o mesmo sabor, é como um ensaio geral de uma peça", adiantou.

O presidente da República adiantou que quer "deixar aprovar, ver quem aprova, ver as declarações de voto de quem não aprova, ler as atas, ver isso tudo". Questionado sobre se irá ler o relatório esta noite, respondeu: "Não querem que a minha tensão se altere outra vez, não? Já chega".

Os partidos podem apresentar propostas de alteração à versão preliminar do relatório até 10 de julho. O documento de 181 páginas foi entregue na terça-feira e apresentado esta quarta-feira pela deputada do PS, Ana Paula Bernardo.

O relatório será discutido e votado em comissão a 13 de julho e novamente discutido em plenário, a 19 de julho.

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