Especial
Parlamento encerra discussão do Orçamento do Estado para 2025 com votação final global

Marcelo Rebelo de Sousa - Entrevista Antena 1

por Antena 1
Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa diz que o Governo de António Costa sacrificou o investimento público no ano passado para assegurar o cumprimento das metas do défice, à semelhança do que já tinha acontecido com Pedro Passos Coelho. Em entrevista a Maria Flor Pedroso, editora de política da Antena 1, o Presidente da República afirma que também a mudança de Executivo e a demora em ativar os fundos comunitários contribuíram para a quebra do investimento em 2016. Se há um ano o chefe de Estado olhava para a banca e para o sistema financeiro como os principais problemas do país, isso hoje já não acontece.

Veja aqui a entrevista na íntegra:



Agora, o que mais preocupa Marcelo Rebelo de Sousa é o crescimento da economia.
 
Na primeira entrevista que concede à Antena 1 como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa diz ter sido inevitável a travagem no investimento público no ano passado, não só pela mudança de Governo e desconfiança sobre a solução política, mas também "para se chegar ao défice a que se chegou. O Governo optou, um pouco como o Governo anterior, por sacrificar investimentos públicos. Isso parece evidente".
 

O Presidente da República reconhece que antes de tomar posse não sabia como estava estava a Banca. "Vim depois a deparar-me com algumas questões que agora têm vindo a ser resolvidas paulatinamente". E acrescenta que se há um ano confessava que o maior problema de Portugal era a Banca e o sistema financeiro, "agora já não".

O Presidente da República coloca agora no topo das preocupações o crescimento do país. "É a resolução para vários problemas, entre os quais a dívida", disse.

Para Marcelo Rebelo de Sousa o crescimento é também a grande interrogação do ano de 2017. "Vai tornar sustentável o equilíbrio das finanças públicas". O Presidente da República espera que "esta tendência (de crescimento) se consolide de modo mais vigoroso". Realça, por isso "a importância do investimento" nesta fase.

E acrescenta que só há investimento com confiança. "Eu encontro hoje no contacto com empresários portugueses e estrangeiros uma confiança que não encontrava há um ano". "Eu encontro de facto uma mudança progressiva de clima", afirma. Diz o Presidente que as dúvidas que existiam tinham a ver com questões como a durabilidade do Governo, se os parceiros iriam criar obstáculos, se o défice era cumprido ou não.

Nesse campo, Marcelo Rebelo de Sousa diz que cumpriu a sua "missão".
 
Mas para esse "clima adicional favorável" à confiança contribuiu também, diz o PR, "o acordo de Concertação Social, a estabilidade das leis laborais, a estabilização no sistema fiscal". 
"A Constituição permite duplo voto e 180 deputados"
Foi uma das ideias do discurso presidencial do 25 de Abril. O nosso "sistema político, mesmo que careça de reformas, é mais sustentável que outros". Se na entrevista à Antena 1 o Presidente da República começa por rejeitar uma alteração no sistema eleitoral, é enfático ao lembrar "a elasticidade da Constituição" que permite a redução para 180 deputados. "Na altura em que não era Presidente da República achava uma boa ideia", bem como o duplo voto em círculo nacional e local. Conclui agora a dizer que "não cabe na Constituição haver um corte radical relativamente ao sistema proporcional". 

Passos pode ganhar Congresso do PSD em 2018

Sobre a liderança no PSD, Marcelo Rebelo de Sousa reconhece que ao ter dito que Pedro Passos Coelho podia liderar o segundo Governo do seu mandato está implicitamente a reconhecer que o líder do PSD pode sair vencedor da próxima disputa interna nos sociais democratas."Não há nada que impeça, é uma hipótese que existe, não tem que ser, mas existe". 

"Eu sou sempre assim, sou como sou e ninguém muda aos 68 anos de idade"
Questionado sobre a forma como está exercer a sua presidência, Marcelo Rebelo de Sousa diz que "o país, a meu ver, tem exigido esta proximidade. A única maneira de acompanhar é estar lá!". 

É desta forma que o Presidente justifica a ida a Lamego quando explodiu uma fábrica de pirotecnia, ou a Tires quando caiu a avioneta e em muitas outras situações. É assim e não vai mudar, diz, porque "os portugueses têm-me dado razão, nas sondagens, que não são decisivas, têm dito que eu não tenho intervindo demais".
As perguntas dos ouvintes da Antena 1

Pergunte ao Presidente, foi o desafio que a Antena 1 deixou aos ouvintes da rádio que quiseram saber, por exemplo, a opinião de Marcelo Rebelo de Sousa sobre os abstencionistas. O Presidente da República considerou que "todos os cidadãos são políticos" e que não se podem esquecer disso. E acrescenta: "quem não vota do que se pode queixar?". 

Mas o combate à abstenção, diz o Presidente da República, passa também pelos protagonistas partidários. 

Os portugueses têm "um leque partidário amplíssimo", constata Marcelo Rebelo de Sousa, recordando que ele próprio foi candidato independente e que só muito mais tarde recebeu o apoio do seu partido. "E é assim que deve ser", diz, porque "as candidaturas (presidenciais) não devem ser correias de transmissão dos partidos". 

Questionado sobre se não tem pena de não ter sido primeiro-ministro, Marcelo diz que não, "não sinto pena porque a nossa Constituição é muito sábia". 

E garante que nunca fez as vezes do primeiro-minsitro. "Não, nunca, nunca, nunca!"
PUB