Marcelo pede que não se esqueça os oceanos por causa de crises conjunturais

por Lusa

O Presidente da República pediu hoje que a comunidade global não esqueça os oceanos por causa de crises e problemas conjunturais, numa intervenção em que abriu caminho à cimeira que terá lugar em Lisboa, em junho.

Marcelo Rebelo de Sousa foi o último a intervir na cimeira internacional "Um Oceano", em Brest, na região da Bretanha, em que participou a convite do Presidente francês, Emmanuel Macron, com quem jantará hoje no Palácio do Eliseu, em Paris.

Emmanuel Macron passou-lhe a palavra, "de Brest a Lisboa", numa referência à Segunda Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, organizada por Portugal em conjunto com o Quénia.

O chefe de Estado português elogiou a cimeira de Brest, referindo que se realizou "num momento difícil do ponto de vista geopolítico e de recuperação económica e social num mundo pós-pandemia" e que "há questões importantes no curto prazo, essenciais, mas também há outras de médio e longo prazo", como os oceanos.

"Não devemos esquecer o longo prazo quando há crises e problemas conjunturais. Se não, vamos de conjuntura em conjuntura, esquecendo a estrutura. Não podemos fazê-lo com os oceanos", defendeu.

Nesta cimeira promovida pela presidência francesa da União Europeia estiveram presentes, entre outros, os presidentes do Egito, Colômbia, Chipre, Gana, Namíbia, Tanzânia e Seicheles, e os primeiros-ministros da Croácia, Irlanda, Malta, Noruega e Marrocos.

"Os oceanos pertencem a todos e todos têm de perceber a importância dos oceanos. E é por isso que vos espero em Lisboa, é o próximo encontro, lá estaremos, logo após o Conselho Europeu, mesmo antes do G7, mesmo antes da cimeira da NATO. Porque tudo isso é importante, mas o oceano é igualmente importante", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, no final do seu discurso.

Em seguida, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu um símbolo das Nações Unidas, como passagem de testemunho "de Brest para Lisboa", e foi saudado por Macron com um abraço.

No seu discurso, em francês, o Presidente da República considerou que a cimeira de Brest constituiu "uma afirmação da presidência francesa da União Europeia" e "do multilateralismo" e foi "um grande sucesso", descrevendo-a como "realista, mas visionária".

"Estamos de acordo sobre a Declaração de Brest, sobre a aliança que começa aqui, sobre a vontade política de fazer aprovar os tratados, os acordos sobre os resíduos plásticos, sobre a biodiversidade, e também sobre os compostos farmacêuticos. Devemos ir mais longe, não criando novas estruturas, mas os acordos necessários, a viabilidade económica e social, a adesão dos povos", declarou.

Sobre a Conferência dos Oceanos em Lisboa, anteviu que será uma "ponte entre o clima e os oceanos" e dará importância à inovação, investigação e à ciência.

Marcelo Rebelo de Sousa disse que tem "uma paixão" pelo mar e defendeu que todos devem preocupar-se em proteger os oceanos e que nessa perspetiva "não há Estados continentais".

"Os atores económicos e sociais, aquilo a que por vezes chamamos as partes interessadas, eles têm de estar presentes connosco no mesmo compromisso. Não é um compromisso da política, dos governos, dos chefes de Estado, é da sociedade, de todo o mundo", afirmou.

Na cimeira de Brest estiveram também os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, Charles Michel, o enviado especial dos Estados Unidos da América para o clima, John Kerry.

À saída, em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a situação na Ucrânia, mas não quis falar do assunto.

IEL // SF

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