Marcelo já olha para o pós-Belém. "Não intervir, não falar, não me pronunciar"

por RTP

Foto: Wesley De it - EPA

Marcelo Rebelo de Sousa afirma que não vai ter "nenhuma" saudade da Presidência da República e garante que não terá nenhum tipo de intervenção política. No final da visita oficial aos Países Baixos, em véspera de completar 76 anos, o chefe de Estado abordou os seus planos para "outra fase" após 9 de março de 2026, data em que conclui o segundo mandato em Belém. Passará pela dedicação "às escolas".

O presidente da República pronunciava-se no cair do pano sobre a deslocação desta semana aos Países Baixos, na sequência de uma receção aos reis Willem-Alexander e Máxima. Antes destas declarações aos jornalistas, fez um discurso em que admitiu uma experimentar "uma mistura de nostalgia, um sentimento de estar prestes a perder algo".

Questionado pela enviada especial da RTP, Rosário Salgueiro, sobre se teria saudade de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa contrapôs: "Nenhuma, nenhuma. Nenhuma, neste sentido, a minha vida foi sempre assim - tenho uma vida enquanto tenho essa vida, terminada essa fase começa uma outra fase completamente diferente"."Política é tudo", reconheceu Marcelo Rebelo de Sousa. "Mas não falarei da política do ministro tal, do governo tal, do presidente tal, não. Há tanta coisa para falar. Se eu achar que esgotou, esgotou. Posso fazer uma outra conferência sobre temas culturais, sim, mas não política".

Marcelo admitiu já ter pensado sobre a "outra fase", uma vez terminado o segundo mandato na Presidência. Passará, nas suas palavras, por "não falar mais de política", uma "opção que um ex-presidente tem que fazer".

"Uns fazem de uma maneira, outros fazem de outra. Eu tenciono fazer da maneira que é: não intervir, não falar, não me pronunciar", insistiu, para acrescentar que não tenciona regressar ao comentário político em qualquer plataforma, "nem televisões, nem rádios, nem jornais, nada disso".

"Já tivemos chefes de Estado que fizeram isso. Portanto, é possível fazer. O que é que eu vou fazer? Vou dedicar-me, sim, às escolas, mas básico e secundário", prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa, que exclui também um retorno aos meios académicos.

"Aprendi, por exemplo, com o Plano Nacional de Leitura, que há imensa coisa a fazer em que eu posso ser útil, em que há atividades culturais que eu posso desenvolver, formativas, conhecendo a rede de escolas como conheço, e com o ritmo que a minha idade me permitirá quando deixar de ter este ritmo", enumerou.

"E, claro, nada de intervenção política, a não ser ir convidado como ex-presidente ao 25 de Abril, ao 10 de Junho, ao 5 de Outubro", apontaria ainda o presidente.

Mesmo a atividade nas escolas, fez notar, durará "três ou quatro anos, não mais do que isso", no sentido de "dar um contributo" na pele de "professor".
Presidenciais? "Em silêncio"

Quanto às potenciais candidaturas que já se perfilam para as próximas eleições presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a tecer comentários sobre qualquer "potencial sucessor", o que constituiria "uma violação da neutralidade escandalosa". Acompanha o processo "em silêncio, completamente".

O presidente seria também questionado sobre a possibilidade, admitida por PSD e CDS-PP, de impor restrições ao acesso ao Serviço Nacional de Saúde por parte de cidadãos estrangeiros.

"Eu não posso pronunciar-me, porque é uma iniciativa legislativa que penso que foi anunciada enquanto estávamos aqui. Portanto, deixe-me conhecer a iniciativa legislativa e depois comento", devolveu.
PUB