Marcelo entra em 2025 a apelar a "bom senso", "cooperação estratégica" e união na Europa

por Ana Sofia Rodrigues, Inês Moreira Santos, Carlos Santos Neves - RTP
“Precisamos de que o bom senso prossiga” António Pedro Santos - Lusa

Na tradicional mensagem de Ano Novo, emitida ao início da noite de quarta-feira, o presidente da República deixou apelos ao “bom senso” e à já anteriormente aventada “cooperação estratégica” entre Belém e os demais “órgãos de soberania”. Marcelo Rebelo de Sousa pronunciou-se, desta feita, por “estabilidade” e previsibilidade” em 2025.

“Precisamos de que o bom senso prossiga”. Esta foi uma das principais ideias que pautaram a mensagem de Ano Novo de Marcelo.

Referindo-se “aos números económicos e financeiros”, o chefe de Estado frisou ser necessário que os “16 mil milhões do PRR” de que o país dispõe “para gastar nos próximos dois anos sejam mesmo usados”.

“Precisamos de que Portugal fique mais preparado para enfrentar as aceleradas mudanças na Europa e no mundo. Precisamos de que o bom senso, que nos levou a reforçar a solidariedade institucional e até a cooperação estratégica entre órgãos de soberania (…) prossiga”, quis vincar o presidente, colocando a tónica numa fórmula: “Estabilidade, previsibilidade e respeito cá dentro e lá fora”.

“Precisamos de renovar a nossa democracia, não a deixar envelhecer na juventude, no papel da mulher, no combate à corrupção, na construção da tolerância e do diálogo, na recusa da violência pessoal, doméstica, familiar e social”, exortou ainda o presidente da República, naquela que foi a sua oitava e penúltima mensagem de Ano Novo a partir de Belém.A intervenção abordou também o calendário eleitoral de 2025, em concreto as autárquicas. “O povo será o juiz supremo da resposta perante tantos desafios”, clamou Marcelo Rebelo de Sousa.

“Eu acredito na vontade experiente e determinada do povo português, eu acredito nos portugueses, eu acredito, como sempre, em Portugal”, enfatizaria Marcelo.
“Precisamos de mais igualdade”
Abordando a situação no último ano, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou as evocações dos 50 anos do 25 de Abril e o centenário de Mário Soares.

“Percebemos que não queremos perder nem liberdade nem democracia. Mas também percebemos que um ciclo se fechou – 50 anos”, declarou. Evocar Abril, continuou, “é olhar para o futuro, não é repetir o passado”.

“Precisamos de menos pobreza”, frisou, para retratar este fenómeno como “um problema de fundo estrutural que a democracia não conseguiu resolver”.
“Precisamos de mais igualdade – social e territorial. Precisamos de ainda mais Educação. De melhor Saúde, de melhor habitação”.

A solução, considerou, é “qualificar mais os recursos humanos, inovar mais, competir com mais competitividade”. Na ótica de Marcelo, é importante que não se deixe “aprofundar o fosso, a distância entre os jovens que avançam e os que não o podem fazer”.

“Numa palavra: uma economia que cresça e possa pagar melhor e aumentar os rendimentos dos portugueses, assim corrigindo também as suas desigualdades”.
Quadro internacional “definiu caminhos”

Na mensagem de Ano Novo, o presidente quis dar particular destaque ao capítulo internacional: “No mundo, na Europa, em Portugal, 2024 definiu caminhos que vão determinar muito o que será o ano que hoje começou”.

Marcelo recordou que “as duas principais guerras” – na Ucrânia e no Médio Oriente - prosseguem em escalada. Em simultâneo, 2025 foi um ano de recuperação “fraca” das economias, “apesar da descida dos preços e dos juros”.Além de as “economias fortes continuarem a descer”, os governos destes países, observou Marcelo Rebelo de Sousa, caíram ou continuaram “a sua queda lenta”.


“A fechar o ano, as eleições norte-americanas deram o regresso a 2026, permitindo ao vencedor decidir sobre a paz que quer na Ucrânia, como no Médio Oriente”, sinalizou o presidente da República, apontando que Donald Trump, em contagem decrescente para a inauguração, terá de “escolher entre querer colaborar com a União Europeia ou dela querer afastar-se”.

O chefe de Estado sustenta, face a este quadro, que “a União Europeia deve manter-se unida”.
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