Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos da crise política em Portugal na sequência da demissão, na terça-feira, do primeiro-ministro.
Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos da crise política em Portugal na sequência da demissão, na terça-feira, do primeiro-ministro.
Pedro Nunes - Reuters
Foto: Rodrigo Antunes - Lusa
O advogado de Diogo Lacerda Machado, Magalhães e Silva, diz não haver qualquer indicação de que "tenha havido pressões" por parte do seu cliente ao primeiro-ministro.
Foto: Pedro A. Pina - RTP
Os cinco detidos na sequência da Operação Influencer estão a ser investigados por um total de 28 crimes.
Foto: Rodrigo Antunes - Lusa
São cerca de 20 as escutas telefónicas que ligam António Costa aos factos que estão a ser investigados. As escutas não foram realizadas diretamente ao telefone do primeiro-ministro, mas sim aos de outros arguidos ou suspeitos.
As quatro anteriores crises políticas que resultaram em eleições antecipadas nas últimas duas décadas levaram em média 85 dias a resolver-se, mas entre o anúncio da demissão de António Costa e as próximas legislativas vão passar 124 dias.
Ou seja, esta será a mais longa crise política deste século, passando mais de quatro meses entre o seu início -- o anúncio da demissão do primeiro-ministro na terça-feira, dia 07 de novembro -- e o seu desfecho nas urnas, a realização de legislativas antecipadas em 10 de março, data hoje anunciada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Nas últimas duas décadas, a mais longa crise política a ter a sua resolução eleitoral foi a de há dois anos, já que entre o chumbo do Orçamento do Estado em 27 de outubro de 2021 e as eleições antecipadas de 30 de janeiro de 2022 passaram 95 dias.
Há dois anos, não se registou uma demissão do Governo, e Marcelo Rebelo de Sousa apenas formalizou o decreto de dissolução da Assembleia da Republica em 05 de dezembro (fez o anúncio um mês antes), de forma a permitir que o parlamento aprovasse alguns diplomas importantes (que caducariam com a interrupção da legislatura).
Antes, o período mais longo de impasse político tinha sido o de 2001/2002, começando em 16 de dezembro de 2001, com o anúncio da demissão de António Guterres na noite das eleições autárquicas, e as legislativas a realizarem-se 91 dias depois, em 17 de março, e foi também a única durante a qual se verificou uma mudança de liderança política (no PS), tal como acontecerá nos próximos meses.
A mais curta crise política aconteceu em 2011, quando o então primeiro-ministro socialista José Sócrates apresentou a sua demissão ao chefe de Estado Cavaco Silva em 23 de março e as eleições foram em 05 de junho, 74 dias mais tarde, numa altura em que o país já tinha solicitado ajuda externa.
Já em 2004, entre o anúncio da dissolução da Assembleia da República pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, em 30 de novembro, e as eleições em 20 de fevereiro de 2005, passaram 82 dias.
Nessa ocasião, Jorge Sampaio comunicou ao então primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, que iria dissolver o parlamento em 30 de novembro, mas só assinou o decreto de dissolução em 22 de dezembro, para permitir a aprovação pela Assembleia da República do Orçamento do Estado para 2005.
Já em 2001, Guterres anunciou a demissão em 16 de dezembro e o Presidente da República falou ao país para anunciar a convocação do ato eleitoral para 17 de março, apenas assinando o decreto de dissolução em 17 de janeiro.
Durante este período, o PS elegeu o seu novo secretário-geral, com Ferro Rodrigues a vencer as diretas em 19 de janeiro de 2002, e a ser consagrado numa Convenção no dia 26 do mesmo mês, com os socialistas a encerrarem o processo de escolha de deputados no dia 30 de janeiro.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e o `data center` de Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
No dia da demissão, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça.
A direção do PS vai propor hoje à Comissão Política que o Congresso do partido se realize a 06 e 07 de janeiro em Lisboa e as eleições diretas para o cargo de secretário-geral em 15 e 16 de dezembro.
Este calendário foi avançado à agência Lusa por fonte do secretariado nacional do partido, ao adiantar que a eleição dos delegados ao Congresso realiza-se também a 15 e 16 do próximo mês.
Com a opção pela marcação de eleições diretas para o cargo de secretário-geral dos socialistas fica afastada a ideia do ex-ministro Pedro Nuno Santos de realização de eleições primárias abertas também a simpatizantes para a escolha do sucessor de António Costa.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão do cargo ao Presidente da República, que a aceitou.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e o `data center` de Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
No dia da demissão, António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça.
O Presidente da República anunciou hoje que vai dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
Foto: Carlos M. Almeida - Lusa
O PS ainda não reagiu oficialmente à declaração do presidente da República, que esta quinta-feira anunciou a realização de eleições a 10 de março.
Foto: José Sena Goulão - Lusa
Rui Tavares afirma que "não há como dourar a pílula" face à crise política que Portugal atravessa e que gostava de acreditar que a situação "se resolvesse com eleições". "O que vimos nos últimos dias é mau, é demasiado mau para o nosso país", lamenta.
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa
Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal, considera que as eleições deveriam ser mais cedo e acusa o PS de esta a "arrastar mais uma vez aquilo que é a urgência que o país devia ter de mudança e transformação".
O PCP está "contente" com decisão do Presidente da República, considerando que corresponde "à clarificação da atual situação". No entanto, Paula Santos diz que as eleições deviam ser mais cedo.
Foto: José Sena Goulão - Lusa
Inês Sousa Real admite lutar por várias medidas no próximo documento orçamental. "Nós não atiramos a toalha ao chão" apesar de este não ser "o Orçamento que o PAN apresentaria".
Pedro Filipe Soares considera que a marcação de novas eleições era a decisão necessária. A decisão de deixar aprovar o Orçamento do Estado para 2024 "não muda a qualidade do orçamento".
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa
Na reação à decisão anunciada pelo presidente da República, André Ventura lamenta que o primeiro trimestre do próximo ano seja regido pelo Orçamento do Estado que irá ser aprovado nas próximas semanas pela maioria socialista.
Luís Montenegro demonstrou "respeito e concordância" com a decisão do presidente da República de dissolver a Assembleia da República e agendar novas eleições para março do próximo ano, anunciada esta quinta-feira. E garantiu que o PSD disputará as eleições com "humildade" mas com "muita ambição".
Foto: Pedro Farto - Unsplash
Há novos elementos sobre a investigação que levou à demissão de António Costa.
O coordenador do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD disse hoje que o partido já tem "trabalho muito avançado" sobre o programa eleitoral, sendo agora necessário "reprogramar a calendarização" prevista se forem convocadas eleições antecipadas.
No próximo sábado, haverá uma reunião de coordenadores do CEN, em Fátima (distrito de Leiria), que contará com a presença do presidente do PSD, Luís Montenegro.
Em declarações à Lusa, o coordenador do CEN, Pedro Duarte, afirmou que a reunião "já estava marcada há algum tempo", no quadro das reuniões regulares que juntam os coordenadores das 25 áreas temáticas deste órgão consultivo do partido, que tem entre as missões a preparação do programa eleitoral do PSD.
"É evidente que agora assumiu uma relevância diferente e a própria agenda tem de ser um pouco adaptada, vamos ter de reprogramar a calendarização", disse, salvaguardando que será necessário aguardar pela comunicação, hoje, do Presidente da República ao país e saber se haverá eleições antecipadas.
Pedro Duarte remeteu para a direção do partido a decisão sobre quando poderá ser divulgado o programa eleitoral do PSD, mas admitiu que, da reunião de sábado, possa sair um compromisso temporal do CEN de entregar esse documento à Comissão Política Nacional, caso a opção de Marcelo Rebelo de Sousa seja antecipar o calendário eleitoral.
O coordenador do CEN, que também tem assento na Comissão Permanente do partido, assegurou que o PSD tem "a vantagem de já estar a trabalhar para ter uma proposta de programa consolidado no primeiro trimestre do próximo ano", já que o presidente do PSD assumiu esse compromisso para o seu primeiro mandato.
"Vamos ter de acelerar algumas conclusões, mas não há uma diferença gigantesca. Um partido como o PSD tem de estar sempre em pré-motivação para avançar com um programa, o esforço será mais de sistematizar e dar alguma coerência ao programa como um todo, já estamos numa base muito avançada", assegurou.
Pedro Duarte adiantou que, na última reunião plenária do CEN, que se realizou no verão no Porto, os coordenadores das várias áreas já apresentaram "um esboço muito claro" a Luís Montenegro, com "as principais prioridades e medidas".
"Temos um trabalho já muito avançado", assegurou.
O coordenador do CEN referiu que, se for necessário acelerar o trabalho, o que pode prejudicado será um "ainda maior envolvimento de personalidades da sociedade civil e o alargamento do debate sobre o programa".
"A maioria dos 25 coordenadores das áreas temáticas são independentes, há um grande esforço cívico e as pessoas sentem que estão num momento do país em que estão a ser convocadas", disse.
Em janeiro, na primeira reunião plenária do CEN durante o mandato de Luís Montenegro, o líder do PSD tinha fixado como objetivo que antes do final do seu mandato, no verão de 2024, o PSD tivesse "um programa eleitoral completamente formatado em termos de princípios".
"Isto para que, nos dois anos seguintes da legislatura, haja o tempo suficiente para o amadurecer, esclarecer e difundir junto das pessoas", justificou o líder social-democrata, referindo-se às legislativas previstas para 2026.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.
O Presidente convocou na quarta-feira os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e reúne hoje Conselho de Estado, depois do qual falará ao país.
António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário".
Foto: Vincent Kessler - Reuters
O vice-presidente da Comissão Europeia garante que Bruxelas está em contacto com as autoridades nacionais para perceber o que vai acontecer com o Orçamento do Estado português.
O secretário-geral do PSD garante que, caso o PSD vença eleições antecipadas - e num cenário de aprovação do Orçamento do Estado apresentado pelo Governo do PS -, os sociais-democratas vão apresentar um Orçamento retificativo.
O Ministério Público (MP) considera que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, arguido no processo dos negócios do lítio e do hidrogénio, agiu ilegalmente para desbloquear procedimentos relacionados com a Start Campus em beneficio da empresa.
O despacho de indiciação do MP, a que a Lusa teve hoje acesso, refere que o arguido João Galamba "agiu livre e lucidamente em conjugação de esforços e de fins" com os arguidos Afonso Salema e Rui Oliveira Neves (sócios da Start Campus), bem como com Diogo Lacerda Machado (advogado, consultor e amigo do primeiro-ministro António Costa) e Vítor Escária (chefe de gabinete do primeiro-ministro), decidiu ilegalmente "nos procedimentos administrativos e legislativos relativos à Start Campus e imprimindo maior celeridade" à apreciação do negócio em causa.
João Galamba e o arguido Nuno Lacasta (presidente da Associação Portuguesa do Ambiente/APA) estão indiciados de, ainda em conjugação de esforços com Afonso Salema, Rui Oliveira Neves, Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária, ordenarem a diversos funcionários da APA e do AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) a "adequarem os procedimentos administrativos e legislativos envolvendo a Start Campus àquele plano que previamente delinearam, desde logo conferindo maior celeridade aos mesmos", o que conseguiram em parte.
Considera o MP que recaía sobre João Galamba e Nuno Lacasta os "deveres de igualdade, proporcionalidade, justiça, isenção, imparcialidade, rigor, transparência e legalidade na atuação da administração" pública, deveres esses que ambos "violaram com intenção de beneficiar indevidamente, como beneficiaram, a arguida Start Campus e o respetivo Data Center de Sines, ferindo a confiança dos cidadãos nas instituições públicas e a credibilidade destas".
Com maior detalhe, o despacho do MP menciona que em 19 de outubro de 2020, Diogo Lacerda Machado e outras pessoas reuniram-se pelo menos com Galamba - então secretário de Estado Adjunto e da Energia - a quem apresentaram o projeto.
Na mesma data, adianta o documento, Galamba contactou telefonicamente com Hugo Mendes - então secretário de Estado Adjunto e das Comunicações - transmitindo-lhe que tinha mantido a dita reunião e, referindo-se aos promotores do projeto, declarou: "aquilo é uma empresa irlandesa, duas empresas portuguesas, um fundo Americano e o Diogo Lacerda Machado".
No decurso dessa reunião, Diogo Lacerda Machado e os demais representantes do projeto transmitiram a João Galamba que pretendiam receber do Governo "apoio político" e "apoio no licenciamento".
No dia seguinte, em conversa telefónica com um seu amigo, Galamba refere que "querem apoio político e no licenciamento".
À pergunta do amigo sobre se "o primeiro-ministro já percebe a importância disto", responde: "Tem pessoas à volta dele que percebem".
Dias depois, Diogo Lacerda Machado e outras pessoas reuniram-se pelo menos com Pedro Siza Vieira - então ministro de Estado da Economia e da Transição Digital - a quem também apresentaram o projeto.
Após a implementação do projeto, mormente com a aquisição do capital da Start Campus por empresas investidoras, este foi apresentado em 23 de abril de 2021 num evento, na qual estiveram presentes, juntamente com Afonso Salema, Galamba, Siza Vieira e o próprio primeiro-ministro, António Costa.
O MP afirma que Afonso Salema e Rui Oliveira Neves passaram a contactar diretamente e com muita regularidade João Galamba, mesmo depois de este último iniciar funções como ministro, sendo que tais contactos tiveram lugar não apenas em reuniões formais na Secretaria de Estado ou Ministério, mas também em refeições e troca de mensagens.
No despacho do Ministério Público constam vários almoços e jantares entre Afonso Salema e Rui Oliveira Neves e João Galamba.
Um dos almoços referenciado, em 28 de setembro de 2022, no restaurante "Trinca Espinhas", em Sines, que teve um custo de 564,45 euros, pago na totalidade por Afonso Salema.
Diz o MP que no decurso desse almoço, João Galamba assegurou a Afonso Salema que iria aprovar os atos necessários ao reforço da capacidade de injeção da rede elétrica de Sines, por forma a abranger o Data Center.
A investigação aos negócios do lítio e hidrogénio, que deu origem à demissão do primeiro-ministro, tem nove arguidos, cinco dos quais estão detidos: Vítor Escária, Diogo Lacerda Machado, Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines, Afonso Salema e Rui Neves, administradores da sociedade Start Campus.
Entre os arguidos estão ainda João Tiago Silveira, advogado e antigo porta-voz do PS, e a empresa START -- Sines Transatlantic Renewable & Technology Campus SA.
No âmbito desta investigação, António Costa é alvo de um inquérito autónomo do MP no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos do processo terem invocado o seu nome como ter tido intervenção para desbloquear procedimentos administrativos e legislativos relacionados com os projetos.
O Ministério Público (MP) considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, arguida na investigação que levou à demissão de António Costa.
Segundo a indiciação, a que a agência Lusa teve hoje acesso, os procuradores sustentam que os contactos feitos junto do primeiro-ministro por Diogo Lacerda Machado, advogado e seu amigo, e Vítor Escária, agora ex-chefe de Gabinete de António Costa, "visaram e lograram" a aprovação de um diploma "o mais rapidamente possível e com um normativo favorável aos interesses" da Start Campus, sociedade ligada ao projecto Datacenter de Sines e arguida no processo.
Em causa está um diploma aprovado em Conselho de Ministros em julho de 2023 que regula os leilões de atribuição de capacidade de ligação à rede de instalações de consumo de energia elétrica em zonas de grande procura, segundo o MP.
De acordo com o despacho, daquele diploma resultou "um expresso favorecimento" a projetos de Potencial Interesse Económico (PIN), bem "como o estabelecimento de um procedimento excecional" para Sines.
A investigação aos negócios do lítio e hidrogénio, que esteve na origem da demissão do primeiro-ministro na terça feira, tem nove arguidos, cinco dos quais estão detidos.
O arguidos detidos são Vítor Escária, Diogo Lacerda Machado, Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines, Afonso Salema e Rui Neves, administradores da sociedade Start Campus.
Além dos detidos, são também arguidos João Galamba, ministro das Infraestruturas, Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), João Tiago Silveira, advogado e antigo porta-voz do PS, e a empresa START -- Sines Transatlantic Renewable & Technology Campus SA.
No âmbito desta investigação, António Costa é alvo de um inquérito autónomo do MP no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos do processo terem invocado o seu nome como ter tido intervenção para desbloquear procedimentos administrativos e legislativos relacionados com os projetos.
O dirigente socialista José Luís Carneiro afirmou hoje à agência Lusa que ainda não tomou qualquer decisão sobre uma sua eventual candidatura à liderança do PS, adiantando que tem recebido apoios de militantes e cidadãos independentes.
Esta posição foi transmitida por José Luís Carneiro, atual ministro da Administração Interna e ex-secretário-geral adjunto dos socialistas, horas antes da reunião da Comissão Política Nacional do PS, marcada para as 21:00, e que vai começar a definir os caminhos deste partido após a saída de António Costa das funções de primeiro-ministro e secretário-geral do PS.
"Tenho ponderado, mas ainda não tomei qualquer decisão. Tenho recebido manifestações de apoio de militantes, simpatizantes e de muitos cidadãos independentes. Apenas tenho mantido uma avaliação serena", declarou José Luís Carneiro, um dos principais membros da chamada ala moderada do PS.
José Luís Carneiro observou que está em curso "um diálogo interinstitucional que deve ser respeitado, porque visa salvaguardar o interesse nacional".
"A estabilidade do país, perante um quadro internacional extraordinariamente exigente, deve ser a prioridade de todos", advertiu.
Referiu, ainda, que, "depois, haverá a reunião e decisão dos órgãos do partido".
"Com tranquilidade e ao nível dos seus órgãos, [o PS] tomará democraticamente as suas decisões. Após essas decisões dos órgãos próprios, avaliarei e decidirei", acrescentou.
Na terça-feira, António Costa anunciou a sua demissão das funções de primeiro-ministro e adiantou que não se vai recandidatar a estas funções em eleições legislativas antecipadas.
Foto: Tiago Petinga - Lusa
Nazaré da Costa Cabral disse esta quinta-feira no Parlamento que, para já, não houve impacto da crise política nos indicadores de confiança, concretamente nos juros da dívida pública.
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa
O PS levou ao Presidente da República sugestão de nomear novo primeiro-ministro indicado pelo partido. Os socialistas dizem-se preparados para qualquer decisão do Presidente, mas alertam para os riscos de outras opções.
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa
O PSD diz que é preciso "cortar o mal pela raiz" e quer eleições antecipadas o mais depressa possível. Dentro do partido há, no entanto, quem manifeste algumas reservas.
Dada a situação política e a demissão do primeiro-ministro, o Conselho Ministros não terá a normal conferência de imprensa no final.
Os responsáveis dos principais bancos em Portugal pediram hoje rapidez para a resolução de um "compasso de espera" iniciado com a demissão do primeiro-ministro, António Costa, de modo a evitar instabilidade face ao ambiente internacional.
"Esta situação que nós vivemos não é minimamente agradável, a vários níveis, não só pela reputação do país no exterior, como por também, de certa maneira, vai acabar por criar aqui um compasso de espera que o país não precisa, mas que é inevitável de acontecer", afirmou o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, na Money Conference, organizada pelo Dinheiro Vivo e pela TSF, onde pediu "bom senso".
Já o presidente do BCP, Miguel Maya, apontou que a demissão de António Costa, por si, não é suficiente para uma degradação da perceção do país junto das agências de notação financeira.
"Mas se o país não for rápido a reagir, não tenho nenhuma dúvida que vai levar a essa degradação. Acho que a forma como nós gerimos os tempos tem muito mais impacto naquilo que pode ser a perceção do risco".
De igual forma, o líder do BCP enalteceu que o processo que levou à demissão de António Costa "não seria possível num país em que não houvesse independência entre o poder político e o poder judicial".
O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, defendeu que o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) deveria ser aprovado nos moldes já apresentados e que estão a ser discutidos parlamento, deixando-se para o futuro a possibilidade de um orçamento retificativo.
"Não se deve acrescentar incerteza à incerteza. Não se deve parar a diminuição dos impostos às pessoas não e ter os mecanismos previstos, como o aumento dos salários da função pública", insistiu Paulo Macedo.
A aprovação do OE2024 foi também defendida pelo presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, ainda que apenas em certos pontos.
"A única coisa que me parece que deveria ser aprovada tem que ver com questões de aumento de pensões e da redução do IRS, que parecem medidas que terão um impacto que não deveriam ser adiadas por mais seis meses", referiu, perante um contexto geopolítico "já complicado" e numa economia europeia e mundial "que está a abrandar".
O presidente do Banco Montepio, Pedro Leitão, convergiu na necessidade de uma decisão rápida.
"Qualquer cenário que seja rápido e que seja dentro dos termos da Constituição, será o melhor", apontou, numa posição também defendida pelo administrador do Novo Banco Carlos Brazão.
"Corroborando um bocadinho com os meus colegas de painel, o que nós precisamos é mesmo de estabilidade. Seja qual for a decisão, é importante ter esta decisão, que esta decisão seja rápida e possa ser aplicada", referiu na sua intervenção.
Salvaguardando que a banca é "apenas um agente económico, como muitos outros que existem na economia", o administrador do Novo Banco insistiu que a estabilidade "é necessária" junto das empresas e das famílias.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.
A operação de terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas, sendo que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.
António Costa aparece envolvido em várias escutas indiretas, entre suspeitos e arguidos no processo, ou outros intervenientes sem ligação direta à investigação.
É o último arguido conhecido João Tiago Silveira, ex-secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, também está a ser investigado neste processo.
Foto: José Sena Goulão - Lusa
Mais de 20 as escutas telefónicas que ligaram António Costa aos factos que estão a ser investigados, mas compete ao Supremo Tribunal de Justiça avaliar quantas delas são relevantes.
Foram apreendidos mais de 75 mil euros em dinheiro vivo na sala que Vítor Escária ocupava na residência oficial do primeiro-ministro. O advogado do ex-chefe de gabinete afirma que o dinheiro encontrado não tem nada que ver com este processo e que diz respeito a funções anteriores.
A Comissão Europeia disse hoje à Lusa "acompanhar de perto" as investigações sobre negócios de lítio e hidrogénio, em Portugal, que alegadamente envolvem verbas europeias, garantindo não dispor de mais informações e remetendo o caso para as autoridades nacionais.
"Estamos, naturalmente, a acompanhar de perto a situação. As investigações estão a ser conduzidas ao nível nacional pelas autoridades competentes autoridades competentes", indica fonte oficial da Comissão Europeia em resposta à agência Lusa.
"A Comissão não dispõe de mais informações", adianta a mesma fonte, quando questionada sobre investigações realizadas em Portugal na terça-feira envolvendo negócios de lítio e hidrogénio, alegadamente, beneficiários de verbas europeias, que levaram a pelo menos 42 buscas e à detenção de cinco pessoas.
Em julho deste ano, a Comissão Europeia escolheu dois projetos no porto de Sines, num total de 41 projetos de grande escala no domínio das tecnologias limpas, para receber um financiamento total de de 3,6 mil milhões de através do Fundo de Inovação da União Europeia (UE).
A escolha previa a preparação de subvenções.
Segundo a informação divulgada na altura pela Comissão Europeia, os 41 projetos escolhidos entre 239 candidaturas deveriam estar a funcionar antes de 2030, para evitar 221 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono nos seus primeiros 10 anos de funcionamento.
Em causa estava desde logo o H2Sines, indicado na imprensa portuguesa como um dos investigados na Operação Influencer, uma cadeia de abastecimento marítimo de hidrogénio líquido renovável entre este porto e o de Roterdão, nos Países Baixos.
Escolhido na categoria de descarbonização, este projeto previa a construção de um eletrolisador, de uma unidade de liquefação em grande escala e de instalações de exportação, bem como o armazenamento de hidrogénio líquido no porto de Sines (através de um navio de células de combustível) para ser transferido para Roterdão, de acordo com a informação disponível no `site` do executivo comunitário.
Outro projeto escolhido para receber verbas do Fundo de Inovação da UE, mas já na categoria de eletrificação da indústria e hidrogénio, foi o GREENH2ATLANTIC, que visava o desenvolvimento de um sistema de produção de hidrogénio `verde` utilizando tecnologia alcalina pressurizada.
Segundo Bruxelas, previa-se que a eletricidade necessária para a produção de hidrogénio fosse fornecida por energia solar adicional e capacidade eólica adicional, através da rede elétrica.
Com o hidrogénio `verde` a ser uma das apostas na UE, juntamente com o lítio, o executivo comunitário está de momento a preparar uma nova Lei relativa às Matérias-Primas Críticas, que visa assegurar o abastecimento seguro e sustentável, bem como a competitividade industrial europeia.
Porém, à semelhança do que acontece em Portugal, movimentos cívicos europeus contestam tal aposta, incluindo a organização WeMove Europe, que lançou a petição `online` "Parem de vender as pessoas e a natureza à exploração mineira", que conta já com mais de 38 mil assinaturas.
Na petição, que também é promovida pelo movimento português "Não às Minas", argumenta-se que a nova lei europeia das matérias-primas críticas "viola os direitos humanos e ambientais fundamentais e centra-se na grande exploração mineira em vez de soluções baseadas na saúde de todos os seres vivos".
"Exigimos que o Parlamento Europeu e os ministros da Indústria rejeitem a lei", apela-se.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.
A operação de terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas, sendo que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.
Miguel A. Lopes - Lusa (arquivo)
O socialista João Tiago Silveira foi constituído arguido na investigação do Ministério Público que levou à demissão do primeiro-ministro, confirmou o próprio, por escrito, à Antena1.
Foto: Pedro A. Pina - RTP
O Supremo Tribunal de Justiça deve ser célere na decisão sobre as suspeitas que envolvem o primeiro-ministro, alerta a coordenadora do Observatório Permanente da Justiça.
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa
Depois de ouvir os partidos, Marcelo Rebelo de Sousa reúne esta quinta-feira com o Conselho de Estado, para analisar esta crise política. O presidente da República deverá falar ao país, pelas 20h00, ao que tudo indica para anunciar a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas. Mas o Partido Socialista já se manifestou e admite que preferia evitar esse cenário.
Foto: José Sena Goulão - Lusa
A certidão dos factos que indiciam António Costa já está no Supremo Tribunal de Justiça.
"Continuo confiante", afirmou o advogado do empresário Lacerda Machado, um dos melhores amigo de António Costa, revelando que o processo que consultou é "essencialmente a criminalização de um processo político-administrativo".
Os advogados dos cinco arguidos abandonaram pela meia noite do Campus de Justiça após terminarem a consulta do processo e recusando prestar quaisquer esclarecimentos aos jornalistas.
Diogo Lacerda Machado terá usado a relação próxima com António Costa para facilitar a construção de um mega centro de Dados em Sines. As suspeitas constam num despacho do Ministério Público a que a RTP teve acesso.
Foto: José Sena Goulão - Lusa
A dissolução da Assembleia da República é o cenário mais provável para esta crise política.
Marcelo Rebelo de Sousa anuncia esta quinta-feira a solução para a crise política no país. Esta quarta-feira ouviu os partidos.
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa
Carlos César, presidente do PS, foi o último a reunir-se com o presidente da República. Aos jornalistas, avançou que o partido pediu a Marcelo Rebelo de Sousa que a realização de eleições, a acontecer, seja em março.
Marcelo Rebelo de Sousa protagonizou, na noite de terça-feira, um enigmático passeio por Belém. O presidente da República explicou o motivo de se deslocar até ao monumento do processo dos Távoras.