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Luís Montenegro não pensa visitar bairros onde ocorreu violência

por RTP

Foto: António Pedro Santos - Lusa

O primeiro-ministro desvalorizou esta tarde o fato de não ter ido aos bairros da periferia de Lisboa depois dos recentes distúrbios, lembrando que os problemas sociais não começaram agora e que o executivo está a fazer o que lhe compete.

No final da tomada de posse dos membros do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que decorreu em Lisboa, Luís Montenegro falou com os jornalistas, perante quem considerou "não compreender" que lhe apontem "dificuldades em andar no terreno", numa resposta às críticas da oposição, especialmente do líder socialista, Pedro Nuno Santos.

O primeiro-ministro frisou aliás que "visitou 308 municípios do país em todos os contextos incluindo bairros com problemas sociais, laborais, de integração de comunidades imigrantes", nos últimos dois anos e meio.

Já os acontecimentos de violência das últimas semanas não implicam uma mudança de rumo da estratégia do executivo, afirmou Luís Montenegro, referindo que esta visa "melhorar a vida de todos os portugueses", incluindo os dos bairros problemáticos.

"O Governo, perante aquela circunstância, fez aquilo que lhe competia"
, afirmou, dos contactos com orgãos de soberania e autarquias às comunidades dos bairros afetados.

O líder do Governo acrescentou que, por isso mesmo "não há um plano específico" para esses bairros.

"O que nós seguiremos são políticas sociais, políticas económicas, políticas no âmbito da imigração, que possam conjugar-se em mais oportunidades, em mais perspetivas das pessoas terem boas perspetivas de vida", adiantou.

"Não sou daqueles políticos que, perante um problema vão a correr apresentar um plano", acrescentou. "O plano já está em execução, desde o primeiro dia do Governo".

"Não acho que ajude ao debate que tenhamos de ir à pressa fazer um plano só porque houve um problema", sublinhou, garantindo estar a manter o contacto com as comunidades e os projetos de reforço de policiamento e de equipas multidisplinares para reprimir episódios criminais mais violentos.

"Já o tinha dito antes de isto ter acontecido", lembrou.
Confiança na MAI
Luís Montenegro afirmou também que mantém a confiança na ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, após a polémica sobre o direito à greve para as forças de segurança.

"Somos contrários a essa possibilidade", frisou o primeiro-ministro, considerando a questão esclarecida e sem censurar a sua ministra.

No domingo, Margarida Blasco afirmou que o tema do direito à greve estaria "em cima da mesa" nas negociações previstas para janeiro com as associações de polícias. Contudo, horas depois, um comunicado do Ministério da Administração Interna referia que "a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve".

Confrontado com as críticas da oposição a esta aparente descoordenação, o primeiro-ministro disse apenas que "aquilo que tinha de ser clarificado relativamente à posição do Governo sobre a admissibilidade de haver direito à greve nas forças de segurança já foi dito e foi muito bem dito pelo Ministério da Administração Interna".

Montenegro não quis ir mais longe, quando questionado se se tinha tratado de uma `gaffe` ou uma desautorização da ministra.

"Aquilo que tinha de ser dito por parte do Governo para deixar muito clara a nossa posição sobre a admissibilidade do direito à greve nas forças de segurança, como de resto nas Forças Armadas, já foi dito. Nós somos contrários a essa possibilidade e, portanto, essa posição do Governo está clarificada e está muito bem clarificada", disse.

O primeiro-ministro recusou que a ministra esteja diminuída na sua autoridade política -- "se achasse, isso teria consequências" - e aproveitou até para elogiar Margarida Blasco, que considerou ter enfrentado "momentos muito desafiantes", como os incêndios florestais ou os desacatos nos bairros da Grande Lisboa na sequência da morte de um cidadão baleado mortalmente por um agente da PSP.

"É preciso saber acompanhar esses momentos e é isso que ela tem feito e tem feito de forma muito competente", considerou.

O primeiro-ministro contrapôs que o que a ministra da Administração Interna, tal como os restantes membros do Governo, têm diante de si "uma orientação política para resolver os problemas das pessoas".

"Aquilo que a senhora ministra da Administração Interna tem diante de si é a necessidade de termos mais polícias na rua, de termos uma carreira que é hoje mais atrativa e podermos ter mais admissões para as forças de segurança, é termos equipas multidisciplinares a poderem prevenir e reprimir fenómenos criminais, nomeadamente os mais violentos, aqueles que afetam os direitos, liberdades e garantias dos outros cidadãos e aqueles que geram um sentimento de insegurança", vincou.

com Lusa
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