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"Lisboa não pode tomar conta disto"

por João Fernando Ramos, Rui Sá

Rui Moreira é claro. O divórcio entre o movimento independente que encabeça no Porto e o Partido Socialista não se ficou a dever ao PS-Porto "com quem o entendimento era claro e transparente e reafirmado por todas as partes por diversas vezes". Moreira garante a decisão de romper aconteceu pela mão do PS Nacional que nunca abdicou da lógica dos diretórios e afirmou "apartir do Largo do Rato que o apoio seria sempre condicionado a negociação de uma lista. Chegou a um momento em que Lisboa estava a tomar conta disto e Lisboa não pode tomar conta disto".
No jornal 2 o presidente da autarquia da invicta protege Manuel Pizarro, que será o candidato do PS contra si, Tiago Barbosa Ribeiro, o presidente da concelhia socialista e António Costa "que é primeiro-ministro e não tem tempo para tratar os assuntos correntes do partido". O dedo é apontado a Ana Catarina Mendes, a número dois do PS, e ao eurodeputado Manuel dos Santos que declarou que Rui Moreira teria um acordo com o PS para deixar a câmara a Pizarro por troca com um lugar de ministro ou deputado em Estrasburgo.

Rui Moreira e o PS afastaram-se. O PS culpa Moreira pelo divórcio e resolveu apresentar uma lista liderada por Manuel Pizarro. O vereador que Moreira queria manter e que considera competente e leal.

"Uma vitória torna-se agora mais difícil. Eu acabei por perder o apoio do maior partido português", afirma Rui Moreira que no entanto garante nunca admitiu abdicar da lógica de construir uma lista para a autarquia apenas com base na competência das pessoas, e não segundo a lógica de qualquer diretório partidário. O presidente da Câmara do Porto garante no entanto que se vencer irá "respeitar a geografia política ditada pela cidade tal como fiz à quatro anos". Por outras palavras Rui Moreira não afasta a possibilidade de um entendimento com o PS depois das eleições caso seja essa a vontade expressa pelos portuenses nas urnas, "porque é isso que as pessoas esperam".

Manuel Pizarro, que ainda não se pronunciou publicamente sobre esta polémica estará esta quarta-feira (10 de maio) no Jornal 2. O até agora vereador e braço direito de Rui Moreira na autarquia afastou-se da gestão politica da cidade para ser candidato pelo PS, tal como nas últimas autárquicas.

"Há quatro anos vencemos as eleições com 40% dos votos. Tomamos uma decisão democrática e convidamos a segunda força política para um acordo de governação", explica Rui Moreira, que garante que já nessa altura o PS nacional não gostou da solução encontrada. "São essas mesmas pessoas que desde então andam a construir uma narrativa que nos últimos meses se tem adensado" e que levou a um divórcio que garante o Porto não desejava.

Ao Jornal 2 Moreira traz duas capas do mesmo jornal que garante provam a sua tese. A Edição Lisboa do Jornal de Notícias e a do Porto ambas da passada sexta-feira, dia 5 de maio. A primeira sai à meia noite. Titula que o PS recua e mantém o apoio a Moreira. "E uma capa que reflete as informações das fontes do jornal até àquele momento. Não foi possível alterar, porque a da edição do Porto, que saiu à uma da manhã, tem como título o divórcio definitivo com o PS que é dito iria apresentar um candidato próprio. O autarca garante não ter dúvidas "foi o PS Nacional a impor a mudança de posição".

Rui Moreira promete vai fazer uma campanha limpa, sem confrontação que não a das ideias. O movimento de independentes pela cidade vai seguir os mesmos passos da última campanha falando com todos sobre a cidade e apresentando aos eleitores um projeto que agora será de continuidade.

"Não houve neste divorcio calculismo, nem houve neste processo ingenuidade da minha parte", garante Rui Moreira que reafirma não quer pautar a sua ação, e a do movimento que encabeça, por critérios políticos próprios dos partidos "onde se discutem lugares, posições nas listas, e não a competência das pessoas para levar a cabo um projeto concreto para a cidade".
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