O ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos António Domingues deve mostrar as mensagens que trocou com o ministro das Finanças, Mário Centeno, uma vez que “já o fez pela calada”. O repto é de Pedro Filipe Soares. Em entrevista à Antena 1, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda esclarece, ainda sobre o banco do Estado, que não há concertação à esquerda para travar uma nova comissão de inquérito.
“O repto que fazemos a António Domingues é que aquilo que ele já fez pela calada a muitas pessoas, como é público, então que o faça com toda a transparência e depois, daí, que se assaquem todas as responsabilidades”, lançou Pedro Filipe Soares, entrevistado pela editora de Política da Antena 1, Maria Flor Pedroso.
Quanto à nova comissão de inquérito à Caixa, pretendida por PSD e CDS-PP, o dirigente do Bloco de Esquerda aclarou que não há concertação à esquerda para travar essa iniciativa. Adverte também que, se se tratar de um inquérito parlamentar para revelar os SMS, “há jurisprudência que diz que não é legal”.
Paraísos fiscais valem críticas ao PS
Quanto à polémica que voltou a estalar nos últimos dias em torno de milhares de milhões de euros transferidos para offshores, Pedro Filipe Soares acusa os socialistas de terem ajudado a formar uma maioria negativa para impedir a alteração de legislação parada na Assembleia da República há oito meses.
O deputado referiu-se a um conjunto de propostas relacionadas com o combate à criminalidade económica, financeira e fiscal à espera de ser trabalhado, acrescentando que foram rejeitados projetos do BE sobre esta matéria porque não há vontade política de mudar, desde logo no que toca à proibição de transferências para offshores.
Pedro Filipe Soares afirmou ainda que é prematuro falar de uma comissão de inquérito sobre a saída sem controlo de dez mil milhões para offshores. Primeiro é preciso que aconteçam as audições – já confirmadas - de Paulo Núncio e Rocha Andrade.
Críticas a Belém
Também o Presidente da República não escapa a críticas por parte do líder parlamentar do Bloco. Pedro Filipe Soares acusa Marcelo Rebelo de Sousa de querer “determinar quem tem o seu aval, a sua confiança no Governo e isso pode ser perigoso em democracia”. O Presidente, sustenta, deve circunscrever-se às suas funções.
Nesta entrevista à editora de Política da rádio pública, o dirigente do Bloco de Esquerda alude mesmo ao decreto de lei do gestor público, para dizer que “não está claro para o país” se o Presidente da República “tinha consciência de todas as implicações” do diploma quando o promulgou. E sublinha que “o ato de promulgação é político”, pelo que responsabiliza o Chefe de Estado.
Pedro Filipe Soares admite, por fim, não ter ficado satisfeito com a resposta do primeiro-ministro, António Costa, sobre a venda do Novo Banco.
“Todos nós já percebemos que esses 3,9 mil milhões de euros já se perderam. Até que o Governo nos prove que está a devolver esse dinheiro, nós não vemos nenhum cêntimo de volta”, frisou.
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