Legislativas. Divergências entre CDS-PP e PAN espelhadas em debate na RTP3

por RTP

O líder do CDS-PP diz que é "absolutamente impossível" viabilizar um Governo PSD do qual faça parte o PAN. Já a porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza diz que "teriam de ser as outras forças políticas a vir ao encontro daquilo que o PAN defende". As touradas, a caça, a agricultura intensiva, o descongelamento da taxa de carbono e o aumento dos preços dos combustíveis foram outros dos temas do debate entre os líderes do CDS-PP e do PAN na RTP3.

Desafiado a esclarecer se se demitiria caso o CDS-PP perdesse deputados nas próximas eleições legislativas, Francisco Rodrigues dos Santos não respondeu, preferindo dizer que não equaciona perder deputados. "Acredito que vai crescer nas próximas eleições legislativas", sublinhou.

Por seu lado, Inês Sousa Real garante que "esta direção [do PAN] estará cá para assumir as responsabilidades" de um mau resultado nas eleições de 30 de janeiro.

O líder do CDS-PP também defendeu a privatização de todos os transportes públicos, para que possam ser “uma verdadeira alternativa para as famílias” e libertem esse peso dos contribuintes.

Acusada pelo líder do CDS-PP de deter estufas, uma prática da agricultura intensiva, enquanto publicamente defende o contrário, a porta-voz do PAN retorquiu que se trata de “ataques concertados da CAP, dos interesses instalados".

Sempre ao ataque, Francisco Rodrigues dos Santos acusou o PAN de ser “um partido animalista radical que quer destruir o modo de vida rural, o modo de vida dos verdadeiros ambientalistas, os caçadores, os agricultores e os criadores de animais”.

“Os 10 milhões de euros que ainda recentemente foram atribuídos ao sector da caça pelo Governo deveriam ser canalizados para proteger as espécies, por exemplo os danos causados pelo lobo ibérico, uma espécie em vias de extinção", argumentou Inês Sousa Real. "Existem estudos que dizem que a caça está a dar prejuízo ao Estado", acrescentou.

A tauromaquia foi um dos temas fracturantes entre a porta-voz do PAN e o líder do CDS-PP. Inês Sousa Real questionou sobre o paradeiro de 90 milhões de euros destinados "ao Campo Pequeno, para que lá fossem realizadas touradas, e que desapareceram no processo de insolvência". Segundo a representante do PAN, o lobby da tauromaquia é o único grupo a sentir o impacto causado pelo fim de apoios.

Rodrigues dos Santos procurou ainda caracterizar o adversário como radical.

"O PAN é um partido ambientalista radical que quer impor de forma ditatorial o seu modo de vida às famílias", acusou Francisco Rodrigues dos Santos.
"Um lobo em pele de cordeiro"
No confronto transmitido pela RTP3 abordou-se também o descongelamento da taxa de carbono e aumento do preço dos combustíveis.

Sobre esse tema, Inês de Sousa Real defendeu o fim das isenções à indústria petrolífera, enquanto o presidente do CDS-PP insistiu na redução do preço dos combustíveis e na privatização de "todos os transportes públicos".

Mas as questões sobre a energia não duraram muito tempo em cima da mesa e rapidamente Francisco Rodrigues dos Santos introduziu os temas que viriam a dominar o frente-a-frente, quando acusou o PAN de querer destruir "o mundo rural e modo de vida"dos agricultores e produtores.

"Este discurso muito bem colocado esconde que o PAN é um lobo de pele de cordeiro. O objetivo do PAN é destruir o modo de vida dos verdadeiros ambientalistas: os agricultores, caçadores e produtores de animais", atirou o centrista, advertindo ainda que o fim dos apoios públicos à produção pecuária e do leite, como defende o PAN, faria aumentar os preços destes bens a valores incomportáveis para as famílias.

Em resposta, Inês de Sousa Real rejeitou que o partido coloque os animais à frente das pessoas e, assumindo a causa animal, sublinhou que o partido não se resume a essa causa: "O PAN tem uma visão da sociedade progressista, de respeito profundo por todas as formas de vida", disse.

Inês Sousa Real sustentou que "o mundo rural não se esgota na caça e muito menos na tauromaquia", defendeu a proibição das touradas e restrições à caça, e disse que há estudos que demonstram que a caça põe em perigo a biodiversidade.

Francisco Rodrigues dos Santos voltou a questionar Inês Sousa Real sobre a situação em que ficariam os trabalhadores desses setores, com a porta-voz do PAN a defender um período de transição para uma "empregabilidade verde".

Levando novamente o debate para o tema da tauromaquia em particular, Francisco Rodrigues dos Santos voltou a classificar o PAN como "ditador", afirmando que a esmagadora maioria dos portugueses não se opõe às touradas.

Com Lusa
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