"Demito-me apesar de em momento algum ter agido em desconformidade com a lei ou contra o interesse público que sempre promovi e defendi na minha atuação enquanto governante", reitera o ministro demissionário.
"No atual quadro de perceção criado na opinião pública, apresento o meu pedido de demissão em prol da necessária tranquilidade institucional, valores pelos quais sempre pautei o meu comportamento e ação pública enquanto membro do Governo", refere o texto assinado pelo ainda ministro das Infraestruturas.
Em conferência de imprensa no sábado passado, Galamba considerava ter "todas as condições para permanecer no cargo". Esta terça-feira, cerca de uma hora após a reunião entre o primeiro-ministro António Costa e o Presidente da República em Belém, anuncia a demissão.
O ministro mantém contudo a sua versão de que nunca tentou ocultar nada da comissão parlamentar de inquérito à TAP.
"Numa altura em que o ruído se sobrepõe aos factos, à verdade e à essência da governação, é fulcral reafirmar que esta Área Governativa, que me orgulho de ter liderado, nunca procurou ocultar qualquer facto ou documento", sublinha.
"Reitero todos os factos que apresentei em conferência de imprensa sobre os acontecimentos ocorridos e reafirmo que sempre entreguei à Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP toda a documentação de que dispunha" acrescenta o texto assinado pelo governante demissionário.
João Galamba, nomeado para dirigir a pasta das Infraestruturas após a demissão do seu antecessor, Pedro Nuno Santos, cai igualmente vítima da gestão do dossier TAP. Tinha assumido as funções de ministro das Infraestruturas a 4 de janeiro deste ano. Antes disso, tinha sido secretário de Estado Adjunto e do Ambiente entre 2019 e 2022.
Na semana passada, João Galamba foi acusado por um dos seus assessores, Frederico Pinheiro, de ter tentado ocultar provas do seu envolvimento numa reunião do grupo parlamentar socialista com a ex-CEO da transportadora aérea portuguesa, Christine Ourmiéres-Widener, para preparar uma audição na Comissão de Economia no Parlamento.
João Galamba afirma na sua comunicação que considera "que a preservação da dignidade e a imagem das instituições é um bem essencial que importa salvaguardar, tal como a minha dignidade, a da minha família e a das pessoas que comigo trabalharam no Gabinete e que foram nestes últimos dias gravemente afetadas".
O ministro demissionário deixa ainda agradecimentos e pedidos de desculpa.
"Agradeço ao Senhor Primeiro-Ministro a honra de me ter permitido participar no seu Governo e agradeço ao Senhor Secretário de Estado das Infraestruturas e ao meu Gabinete todo o trabalho e dedicação que colocaram ao serviço do interesse público", escreve.
"Por fim, apresento as minhas desculpas à minha Chefe do Gabinete e às minhas assessoras de imprensa que mesmo sob agressão tudo fizeram para proteger os interesses do Estado e que viram, nestes últimos dias e de modo insustentável num Estado de Direito, a sua dignidade afetada".
A chefe de gabinete e assesoras de Galamba te rão sido ameaçadas e vítimas de violência por parte de Frederico Pinheiro, quando este, entretanto demitido, procurou recuperar um computador de serviço.