O secretário-geral comunista sustentou na quarta-feira à noite que o "grau de compromisso" do partido é decidido pelo "nível de convergência" do Governo, defendendo que foi o PS que quis acabar com o entendimento dos últimos seis anos.
Esta ideia foi repetida pelo dirigente comunista três vezes ao longo de quase uma hora de entrevista, onde também revelou que a decisão do Comité Central do partido sobre o Orçamento do Estado foi "unânime".
Interpelado sobre o apelo feito pelo primeiro-ministro de viabilizar a proposta orçamental na generalidade para ser possível melhorá-la na especialidade, o membro do Comité Central do PCP respondeu essas palavras de António Costa não passavam de engodo.
"Em todos nós há uma dose de ingenuidade, mas todos nós já perdemos a inocência (...). Houve um momento, e agora já sou eu a fazer um juízo de valor, em que o PS começou a pensar se não era melhor não viabilizar", sustentou.
O secretário-geral comunista também rejeitou a ideia de que o partido seja responsável pelo quadro de crise política e até ironizou: "Que grande PCP! Consegue com dez deputados fazer o que 100 não fazem".
A culpa, referiu, é do Governo por rejeitar nas negociações propostas, como, por exemplo, um aumento significativo do salário mínimo e das pensões, o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ou até a revogação da caducidade da contratação coletiva, que é "um cutelo" sobre os trabalhadores.
Contudo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também partilha a culpa por ameaçar com eleições legislativas antecipadas na sequência do "chumbo" do Orçamento do Estado.
"Essa questão colocada pelo Presidente da República só compromete o Presidente da República e a solução não estava nas mãos do PCP, estava no próprio Governo do PS que desistiu de conversar connosco na parte final", sustentou, acrescentando que o chefe de Estado foi "desadequado", já que "nem com esse anúncio, nem com o silêncio do Governo, se resolve um único problema nacional".
Havia outras hipóteses, continuou, nomeadamente a apresentação de outro Orçamento do Estado que poderia garantir a continuidade da legislatura: "Reformulasse a proposta de Orçamento e, possivelmente, haveria mais espaço para continuar esse diálogo. (O Governo) não quis, apenas, daquela forma bem elaborada, [(António Costa) quis dizer: 'Eu quero uma maioria absoluta para me livrar destes incómodos'".
Jerónimo de Sousa não fechou a porta a entendimentos no futuro semelhantes àqueles dos últimos seis anos, mas advertiu que uma solução à esquerda "não se repetiria tal e qual" e rejeitou com um vincado "não" uma situação limite de haver ministros comunistas a fazer parte de um Governo socialista.
Jerónimo "agradecido" a Pedro Nuno Santos
O secretário-geral do PCP disse que ficou "muito agradecido" ao ministro socialista Pedro Nuno Santos por defender o êxito e reedição do acordo à esquerda, mas considerou que agora "não corresponde ao sentimento prevalente" no PS.
Interpelado sobre as declarações do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na terça-feira, de que o acordo à esquerda "funcionou" e que "não foi um parêntesis" na história da política portuguesa, Jerónimo de Sousa disse que ficou "muito agradecido".
No entanto, na entrevista à RTP, o dirigente comunista Jerónimo de Sousa considerou que "isso não corresponde ao sentimento prevalente no PS", mas ficou o "registo" das palavras de Pedro Nuno Santos.
A "geringonça", como ficou popularmente conhecido o acordo feito em 2015 entre PS, BE, PCP e PEV, "foi uma fase da vida nacional", mas poderá voltar a haver "convergência, designadamente com o PS, mas não só", se assim justificar o momento e as propostas em cima da mesa "que respondam aos problemas do país".
Sobre relações entre os resultados nas últimas eleições autárquicas e a rejeição do documento, o dirigente do PCP foi perentório em afirmar que as águas foram separadas: "Com grande franqueza, e estou mesmo a falar a sério, os resultados das eleições não determinaram, nem influenciaram, qualquer processo de diálogo e de encontro com o PS".
O secretário-geral do PCP disse que ficou "muito agradecido" ao ministro socialista Pedro Nuno Santos por defender o êxito e reedição do acordo à esquerda, mas considerou que agora "não corresponde ao sentimento prevalente" no PS.
Interpelado sobre as declarações do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na terça-feira, de que o acordo à esquerda "funcionou" e que "não foi um parêntesis" na história da política portuguesa, Jerónimo de Sousa disse que ficou "muito agradecido".
No entanto, na entrevista à RTP, o dirigente comunista Jerónimo de Sousa considerou que "isso não corresponde ao sentimento prevalente no PS", mas ficou o "registo" das palavras de Pedro Nuno Santos.
A "geringonça", como ficou popularmente conhecido o acordo feito em 2015 entre PS, BE, PCP e PEV, "foi uma fase da vida nacional", mas poderá voltar a haver "convergência, designadamente com o PS, mas não só", se assim justificar o momento e as propostas em cima da mesa "que respondam aos problemas do país".
Sobre relações entre os resultados nas últimas eleições autárquicas e a rejeição do documento, o dirigente do PCP foi perentório em afirmar que as águas foram separadas: "Com grande franqueza, e estou mesmo a falar a sério, os resultados das eleições não determinaram, nem influenciaram, qualquer processo de diálogo e de encontro com o PS".