Incêndios. Governo vai financiar 100% da reconstrução de casas até 150 mil euros

por Andreia Martins - RTP
Foto: Rodrigo Antunes - Lusa

Na conferência de imprensa desta quinta-feira após o Conselho de Ministros, Manuel Castro Almeida confirmou que a reconstrução e reabilitação de casas até ao limite de 150 mil euros será financiada a 100 por cento. Nos casos em que o valor das obras exceder este valor, o financiamento será de 85 por cento, adiantou ainda o ministro Adjunto e da Coesão Territorial.

Uma semana depois dos incêndios que afetaram o norte e o centro do pais, a questão dos apoios foi um dos temas centrais em discussão no Conselho de Ministros desta quinta-feira. O ministro Adjunto e da Coesão Territorial explicou em conferência de imprensa como irá decorrer na prática a distribuição destes apoios.

No que diz respeito ao apoio à habitação, o Governo irá apoiar apenas a reconstrução ou reabilitação de habitações permanentes, ficando excluídas "as outras casas que não sejam habitação permanente".
Telejornal | 26 de setembro de 2024

Nesses casos, as reconstrução das casas ficará a cargo dos proprietários ou das próprias Câmaras  Municipais e não das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. "A vocação destas CCDRs não é serem empreiteiros", considerou o ministro.

O Governo irá financiar a 100 por cento o custo de reconstrução de casas até ao limite de 150 mil euros. Quando exceder este valor, a ajuda será até 85 por cento do valor.

"Estamos a falar de casas rurais, casas pequenas em ambiente rural e estamos convencidos que, na esmagadora maioria das situações a reparação custará menos do que os 150 mil euros", afirmou o governante.

No início da conferência, o ministro esclareceu que o levantamento dos danos causados pelos incêndios está a ser feito em 69 municípios e 291 freguesias. "Na próxima semana teremos cerca de 90% dos levantamentos concluídos", afirmou.

Ainda de acordo com o ministro, ainda não é possível precisar o número de casas e fábricas afetadas pelos fogos, mas será "superior a 50 e bastante inferior a 100".
Apoio às famílias e às empresas
Para além do apoio na reconstrução e reabilitação de habitações, Castro Almeida explicou também quais vão ser as ajudas noutras áreas, desde logo às famílias afetadas e em situação de carência e que "dependem muito da agricultura de subsistência".

O Governo adiantou que irá haver um regime diferenciado de isenção de contribuições para a Segurança Social, bem como um reforço de técnicos de ação social para apoiar as pessoas que foram vítimas destes incêndios.

Haverá também um mecanismo diferenciado de lay-off simplificado para apoiar empresas em crise para a redução ou suspensão de contratos de trabalho. Será ainda prorrogado o prazo no cumprimento de obrigações fiscais para pessoas singulares ou coletivas que não estejam em condições de as cumprir devido aos incêndios, entre outras medidas assinaladas pelo ministro.

Castro Almeida mencionou também uma "linha de apoio à tesouraria" para empresa que tenham sido afetadas nestes incêndios. "Muitas delas não têm nenhuma condição de faturar mas têm encargos para pagar no fim do mês", explicou.

Será ainda criada uma outra linha para a reconstrução da capacidade produtiva, garantido a recuperação de fábricas, edifícios, máquinas ou matérias-primas essenciais ao funcionamento da empresa. O ministro reconhece que este apoio é "mais difícil de concretizar" devido às "regras europeias da concorrência que limitam os auxílios de Estado".
Apoio de seis mil euros aos agricultores
Tendo em conta o levantamento de danos e a situação no terreno, o ministro estimou que uma das áreas mais afetadas por estes incêndios foi a agricultura. "Os danos na agricultura são maiores do que a maioria pensava. (...) É lá que temos de centrar grande parte das nossas preocupações", assinalou.

Neste ponto, o ministro voltou a salientar a importância da ajuda a agricultores que fazem "agricultura de subsistência" que "não têm documentos nem de compra nem de venda".

Nesses casos, o Governo irá apoiar com um "subsídio especial" estes agricultores, até um limite de seis mil euros. "Até ao limite de seis mil euros nós apoiaremos prejuízos que agricultores tiveram, mesmo que indocumentados", garantiu o ministro da Coesão Territorial.

Salientou que muitos agricultores que fazem agricultura de subsistência "não têm documentos, nem de compras nem de vendas, têm as sementes que recolhem no seu próprio campo e depois vendem no mercado mais próximo".

"Para além, disso daremos o apoio à capacidade produtiva para substituir animais ou para reparar máquinas e equipamentos agrícolas e armazéns agrícolas", acrescentou.
"Antecipar fundos europeus que hão-de chegar"

O minsitro Castro Almeida anunciou também o apoio à recuperação florestal e apoios para a substituição de máquinas e equipamentos e armazéns ligadas à produção florestal.

Quanto aos equipamentos, o governante destaca a a necessidade de intervir nas vias de comunicação afetadas, bem como outras infraestruturas essenciais como estações de tratamento de água ou esgotos que geralmente estão em ambiente rural.

Destaque ainda para o "apoio geral" à remoção de escombros que será dado às Câmaras Municipais.

Como o Governo tem vindo a reforçar, o primeiro contacto com as populações para a distribuição destes apoios será através das Câmaras Municipais. Manuel Castro Almeida indicou que a dotação prevista para os apoios é de 100 milhões de euros.

Este valor foi "disponibilizado" pelo Ministério das Finanças para fazer face "aos encargos mais prementes", antecipando "os apoios dos fundos europeus que hão-de chegar", afirmou o ministro.

Explicou, nesse âmbito, que os 500 milhões de euros anunciados pelo primeiro-ministro esta semana após conversações com a presidente da Comissão Europeia "vão ainda demorar algum tempo a ser formalizados nas instituições europeias".

"Só daqui a algumas semanas largas é que este dinheiro estará disponibilizado", assumiu o ministro.
Fundo ambiental e plano de ação para a floresta

Por fim, Manuel Castro Almeida ainda anunciou que o Fundo Ambiental irá acionar "30 milhões de euros no inicio do próximo ano para apoiar baldios" e haverá ainda uma "dotação de 40 milhões para equipamentos de preservação e combate" no apoio ao trabalho dos bombeiros, garantido pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Anunciou ainda que o Governo incumbiu o ministro da Agricultura de "apresentar, num prazo de três meses, um plano de ação para a floresta", precisamente com o propósito de valorizar a floresta.

"A nossa convicção é de que é sobretudo por aqui que passa o combate aos incêndios. Se a floresta for rentável, se der rendimento aos seus produtores, a quem nela trabalha, eles não a vão deixar arder", considerou Castro Almeida. 
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