Grande Lisboa. Pedro Nuno Santos lamenta criação de guetos onde impera sentimento de abandono
Pedro Nuno Santos visitou esta segunda-feira os bairros da Grande Lisboa que foram palco de tumultos há duas semanas, passando pela Cova da Moura e por Caxias. Em declarações aos jornalistas, lamentou que a eliminação das barracas em Portugal tenha gerado "guetos afastados" do Estado e comentou ainda as declarações polémicas do autarca de Loures.
Acompanhado por Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, que se tem popularizado nas redes sociais com vídeos que desmistificam a vida nos bairros, Pedro Nuno Santos destacou que “as realidades de município para município são muito diferentes” e “precisam de respostas diferenciadas”.
“Julgo que os autarcas, cada um à sua maneira, com a sua experiência e o seu saber, têm tentado dar as melhores respostas para fazer face a um fenómeno que o país nem sempre cuidou da melhor maneira”, declarou.
“Quando eliminámos as barracas em Portugal – e foi um esforço muito importante que o país foi capaz de fazer – infelizmente não o fizemos da melhor maneira, e criámos mesmo alguns guetos afastados dos serviços públicos, afastados do próprio Estado, e isso gera sentimento de exclusão, de abandono”.
O líder da oposição referiu que “nós hoje temos, felizmente, uma perspetiva diferente, e esse trabalho tem de ser feito”.
Autarcas do PS "ao lado da integração"
Questionado sobre se teme que o autarca de Loures tenha mais momentos polémicos, o líder do PS quis garantir que “os autarcas do Partido Socialista (…) estarão sempre ao lado da integração das comunidades, da coesão, porque sabem todos muito bem que a forma de garantirmos estabilidade e segurança nas comunidades é também intervindo do lado da coesão e da integração”.“E todos os autarcas fazem isso no PS”, assegurou.
Em causa estão declarações do presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, que na quarta-feira defendeu o despejo "sem dó nem piedade" de inquilinos de habitações municipais que tenham participado nos distúrbios que têm ocorrido na Área Metropolitana de Lisboa, após a morte do cabo-verdiano Odair Moniz, baleado por um agente da PSP.
"É óbvio que eu não quero que um criminoso que tenha participado nestes acontecimentos, se for ele o titular do contrato de arrendamento é para acabar e é para despejar, ponto final, parágrafo", afirmou na ocasião Ricardo Leão.
No dia seguinte, esclareceu que apenas defendia o despejo de inquilinos de habitações municipais que tenham sido condenados e o caso transitado em julgado, assegurando que o município "irá sempre cumprir a lei".