A Autoridade Nacional da Proteção Civil nega estar debaixo de qualquer condicionamento de comunicação sobre o combate aos incêndios e o primeiro-ministro corrobora. Mas PSD e CDS-PP não desarmam. Depois de Pedro Passos Coelho ter acusado o Governo de impor a “lei da rolha”, coube esta quarta-feira ao deputado democrata-cristão Telmo Correia apontar “as falhas que continuam a existir” em matéria de “direção política”.
O deputado considerou mesmo que o Executivo socialista foi do “oitenta ao oito”."Não existe nenhuma lei da rolha", afiançou esta quarta-feira António Costa durante uma deslocação à Sertã.
Segundo Telmo Correia, o Governo começou por permitir que os vários organismos sob a tutela do Ministério da Administração Interna “estivessem na praça pública a desmentirem-se uns aos outros, a digladiarem-se e até a passarem culpas”.
“O primeiro-ministro disse que assim é que estava bem e que toda a gente devia falar. De resto, foi essa a política do Governo desde a primeira hora, ter toda a gente no terreno a fazer declarações. Há aqui uma inversão dessa estratégia”, contrapôs.
Telmo Correia não hesita em concluir que “é precisamente a fragilidade em que o Governo está que significa esta mudança”.
Esta posição do deputado do CDS-PP vai ao encontro das críticas deixadas na noite de terça-feira pelo líder do PSD. Num jantar do grupo parlamentar laranja, Pedro Passos Coelho acusara já o Governo de impor a “lei da rolha” aos serviços da Proteção Civil.
“Esse é o tempo que vivemos hoje, o tempo da demagogia política, e é o tempo em que a política primeira, preferida, da maioria e do Governo, é a da comunicação. Não vá a comunicação falhar, tivemos hoje notícia, provavelmente a última, de que a lei da rolha se deverá observar em matéria de serviços de Proteção Civil”, reprovou.
“Um procedimento de exceção”
Em causa está o novo modelo de comunicação da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), que passará, de ora em diante, a fazer dois briefings diários sobre a evolução dos incêndios em território português, de manhã e ao fim do dia.
Magda Rocha, Rui César, David Araújo, Guilherme Terra - RTP
Esta quarta-feira a adjunta nacional de Operações, Patrícia Gaspar, veio recusar “liminarmente qualquer associação deste processo a uma qualquer lei da rolha”. Trata-se, na versão desta responsável, de “um procedimento de exceção para uma situação de exceção”.Também o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, acusou a Proteção Civil de implementar a “lei da rolha”.
“Estão a ocorrer simultaneamente ocorrências elevadas que implicam recursos elevadíssimos e por isso é fundamental que os comandos se possam focar no essencial, que é dar resposta às emergências”, sustentou Patrícia Gaspar, para acrescentar que sobre os comandos distritais de operações de socorro não pende qualquer proibição de facultar informações.
“Estamos apenas a concentrar tudo em Carnaxide para facilitar e garantir a conduta operacional dos comandos”, argumentou a adjunta nacional, referindo-se à sede da ANPC.
“Em Carnaxide sabemos ao minuto o que se passa no terreno. Temos um sistema integrado que nos liga aos comandos distritais e aos postos de comandos operacionais. O que estamos a fazer é reservar os comandantes operacionais, os elementos da estrutura operacional para aquilo que é a conduta das operações. Disponibilizamo-nos para tudo o que for preciso. Não há sonegação do que é informação operacional, até porque os incêndios são difíceis de esconder”, carregou.
c/ Lusa
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