Governar não será "missão impossível", mas Marcelo antevê caminho "difícil" para o novo executivo
Na cerimónia de tomada de posse do novo Governo, o presidente da República considerou que a governação não será "missão impossível", apesar das dificuldades no horizonte com a ausência de um "apoio maioritário" na Assembleia da República.
Citando o histórico socialista Salgado Zenha, o presidente da República afirmou que "há sempre soluções em democracia" e aconselhou prudência e paciência ao novo primeiro-ministro. Marcelo recorreu para isso à obra clássica "Pão partido em pequeninos", de Frei Manuel Bernardes, no século XVII.
"Aplicável a esta situação significa: parte-se um problema em vários mais pequenos e resolve-se um a um, sem perder a vista do todo, com paciência, sem elevar expetativas ou criar ambições ilusórias", aconselhou.
Marcelo Rebelo de Sousa admite que esse percurso possa não ser "espetacular", num tempo de "grandes emoções, paixões, seduções pela sensação imediata".
"Mas poderá ser um caminho com virtualidades", concluiu.
"Mas poderá ser um caminho com virtualidades", concluiu.
O chefe de Estado pediu ainda ao novo primeiro-ministro para que não esqueça os portugueses que votaram nestas eleições, não só os que votaram na Aliança Democrática, mas também todos os outros.
De resto, Marcelo Rebelo de Sousa iniciou o discurso com um elogio aos portugueses, que demonstraram um "voto de fé na democracia", ao inverter a tendência de abstenção que se verificava nas mais recentes eleições.
Dirigindo-se ao novo primeiro-ministro, salientou a vitória eleitoral “difícil, porventura a mais estreita em eleições parlamentares”.
“Mas imagino que, talvez por isso, a mais gratificante”, completou.
Dirigindo-se ao novo primeiro-ministro, salientou a vitória eleitoral “difícil, porventura a mais estreita em eleições parlamentares”.
“Mas imagino que, talvez por isso, a mais gratificante”, completou.
Sobre o resultado das eleições legislativas de 10 de março que ditou a mudança em São Bento, o presidente da República considera que o "mandato parece óbvio, mas é complexo".
Por um lado, os portugueses "escolheram mudar de hemisfério de Governo", ao não dar de novo uma maioria ao PS, nem uma minoria que resultasse em maioria do PS com "outros partidos do mesmo hemisfério".
Reconheceu, no entanto, que a diferença entre os dois principais partidos se pode considerar "muito exígua".
Tempo da nova legislatura "é muito curto"
Reconheceu, no entanto, que a diferença entre os dois principais partidos se pode considerar "muito exígua".
Tempo da nova legislatura "é muito curto"
Olhando para o plano internacional, o presidente da República argumentou que o "mundo está pior" e que "pode piorar" ainda mais, dependendo do resultado das eleições presidenciais norte-americanas, ainda este ano, e também das guerras em curso, bem como do impacto desses meses conflitos na economia mundial.
Neste contexto, a Portugal resta apenas "manter a coerência e a credibilidade politica e financeira que tanto trabalho nos tem dado a criar e a recriar ao longo de anos da democracia”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.
A nível nacional, o novo Governo não deve "criar problemas" onde eles não existem, desde ao consenso sobre mais crescimento, investimento e exportações, assim como no equilíbrio das contas públicas e a atenção à dívida externa.
A nível nacional, o novo Governo não deve "criar problemas" onde eles não existem, desde ao consenso sobre mais crescimento, investimento e exportações, assim como no equilíbrio das contas públicas e a atenção à dívida externa.
Perante o frágil equilíbrio político saído das eleições de 10 de março, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu ao novo Governo que poderá contar com o seu apoio.
"[O Governo] conta com o apoio solidário e cooperante do presidente da República, que nunca o regateou ao seu antecessor. Mas não conta com o apoio maioritário na Assembleia da República e tem de o construir", reiterou.
Marcelo Rebelo de Sousa aconselhou Montenegro a procurar "convergências mais prováveis em questões de regime", como a Defesa ou a Política Externa. Para "convergências menos prováveis", noutros domínios, o diálogo tem de ser muito mais "aturado" e "exigente".
O presidente da República reconheceu ainda que o tempo da legislatura que agora começa só é longo "em teoria".
"Na prática, para o que é muito urgente e para o que foi prometido em campanha, é muito curto”, vincou.
Os vários desafios do novo Governo, segundo Marcelo
Na tomada de posse desta terça-feira, o presidente da República definiu como prioridades um "plano de emergência" para a Saúde e uma maior abertura ao privado e ao social na habitação, com atenção às classes médias e sem esquecer aqueles que necessitam de habitação de iniciativa pública.
Na educação, Marcelo Rebelo de Sousa apelou à "pacificação", em especial na escola pública, "sem esquecer os professores".
O chefe de Estado referiu ainda a necessidade de "permanente aceleração do PRR e crescente foco no Portugal 2030", assim como a definição da localização do aeroporto, a solução da questão da TAP e uma "continua aposta" na ferrovia.
"Na prática, para o que é muito urgente e para o que foi prometido em campanha, é muito curto”, vincou.
Os vários desafios do novo Governo, segundo Marcelo
Na tomada de posse desta terça-feira, o presidente da República definiu como prioridades um "plano de emergência" para a Saúde e uma maior abertura ao privado e ao social na habitação, com atenção às classes médias e sem esquecer aqueles que necessitam de habitação de iniciativa pública.
Na educação, Marcelo Rebelo de Sousa apelou à "pacificação", em especial na escola pública, "sem esquecer os professores".
O chefe de Estado referiu ainda a necessidade de "permanente aceleração do PRR e crescente foco no Portugal 2030", assim como a definição da localização do aeroporto, a solução da questão da TAP e uma "continua aposta" na ferrovia.
Por fim, Marcelo pediu também uma eficácia "mais visível" no combate à corrupção, novos consensos na justiça e também a "valorização do estatuto militar", sobretudo "em tempo de guerra", alertou.