Grande Entrevista. Assis defende que Galamba devia ter mantido a demissão

por RTP

Foto: António Cotrim - Lusa

Francisco Assis considera que João Galamba devia ter mantido a decisão da demissão. Na Grande Entrevista da RTP3, o antigo líder parlamentar do PS sustentou que o caso que envolve Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, acarreta "responsabilidade política".

"A questão aqui acabou por ser instrumentalizada. O doutor Magalhães e Silva disse outra coisa interessante: é que provavelmente o ministro só não foi demitido porque o doutor António Costa sentiu uma necessidade de fazer uma demonstração clara de que não admitia ingerências institucionais", estimou Assis.

"Compreendendo o que foi a atitude do primeiro-ministro em relação a ele, compreendendo o que foi a posição do presidente da República em relação a ele, eu diria que ele teria prestado algum serviço até ao bom relacionamento institucional do país se tivesse tomado uma decisão que era dizer ao primeiro-ministro que tinha ficado muito grato pela solidariedade que ele lhe tinha manifestado, mas que entendia que, neste momento, que aquela decisão de pôr o lugar à disposição se devia manter", afirmou o antigo líder do grupo parlamentar socialista, referindo-se ao titular da pasta das Infraestuturas, João Galamba.Veja aqui, na íntegra, a Grande Entrevista com Francisco Assis.

Na passada sexta-feira, à margem da entrega do Prémio Camões de 2021 à escritora moçambicana Paulina Chiziane, o primeiro-ministro procurou afastar a ideia de que o Governo enfrente problemas políticos acrescidos com a manutenção de João Galamba no Ministério das Infraestruturas.

"As condições para cada um de nós exercer as suas funções medem-se desde logo pelos resultados", redarguiu António Costa, quando questionado sobre se o ministro mantinha condições para levar por diante o dossier da reprivatização da TAP.

João Galamba quebrou na quarta-feira o silêncio. Para dizer pouco. O governante afirmou ter "imensas condições para continuar" no Executivo.
O ministro das Infraestruturas não quis falar sobre o conflito com o ex-adjunto, dizendo que dará mais explicações em sede de comissão parlamentar de inquérito à TAP.
Frederico Pinheiro exonerado

Também na quarta-feira foi publicada em Diário da República a exoneração de Frederico Pinheiro. O ex-adjunto foi afastado por "comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades" que lhe estavam atribuídos.

Nos termos do despacho assinado por João Galamba, Frederico Pinheiro foi exonerado "por ter adotado comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades inerentes ao exercício de funções de adjunto de um gabinete ministerial".

O ex-adjunto fora afastado da equipa do Ministério das Infraestruturas a 26 de abril, tendo já então sido invocados "comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades" inerentes ao exercício das funções.Recorde-se que Frederico Pinheiro acusou o Ministério das Infraestruturas de pretender omitir informação à comissão de inquérito à TAP relativa à "reunião preparatória" com a ex-CEO da transportadora aérea, Christine Ourmières-Widener.

O caso incluiu denúncias contra Frederico Pinheiro por alegada violência física no Ministério das Infraestruturas e furto de um computador, após ter sido demitido.

A controvérsia agudizou-se com a notícia da intervenção do SIS para a recuperação deste equipamento informático.

A 2 de maio, João Galamba apresentou a demissão ao primeiro-ministro "em prol da necessária tranquilidade institucional". António Costa não aceitou. O caso desembocou num diferendo entre presidente da República e primeiro-ministro em torno da manutenção do ministro das Infraestruturas no Executivo.

c/ Lusa

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