"Executivo irreformável". Moção de censura da Iniciativa Liberal está no Parlamento

por Carlos Santos Neves - RTP
“Seja por convicções erradas, por incapacidade política ou desgastes pessoais, estamos diante de um executivo irreformável”, sustenta a Iniciativa Liberal Nuno Patrício - RTP

A moção de censura ao Governo de António Costa apresentada pela Iniciativa Liberal deu entrada na última noite na Assembleia da República. O documento, que deverá ser debatido nos primeiros dias do ano, segue-se a 11 demissões em nove meses de governação socialista com maioria absoluta. No texto, o Executivo é considerado “irreformável”.

A moção de censura foi anunciada na quinta-feira, quando chegou a vez de a Iniciativa Liberal reagir à notícia da demissão de Pedro Nuno Santos do cargo de ministro das Infraestruturas e da Habitação. O partido argumenta que esta iniciativa visa defender as instituições e pôr fim à degradação política, económica e social no país.

A IL acusa mesmo António Costa de se mostrar politicamente desorientado e com autoridade diminuída no seio do PS.

“Seja por convicções erradas, por incapacidade política ou desgastes pessoais, estamos diante de um executivo irreformável que projeta a sua inércia e resignação sobre o país que lhe confiou o mandato”, afirma-se no documento de oito páginas.“Desnorte completo” é o que a Iniciativa Liberal vê, neste momento, em António Costa.

A Iniciativa Liberal reprova o desempenho governativo em múltiplos domínios, desde logo na educação, na saúde e em matérias de soberania.

Tornou-se evidente que este Governo é incapaz de assegurar a equipa coesa, preparada e idónea de que precisa para liderar as reformas profundas de que o país necessita. Em apenas nove meses, o país assistiu a onze demissões e a uma profusão de situações que têm demonstrado uma total incapacidade do Governo de executar o mandato que lhe foi atribuído pelos portugueses”, sublinha a formação de direita.

“Nunca se assistiu a nada semelhante num quadro de maioria absoluta, em tão curto prazo, desde a vigência dos governos constitucionais, há quase meio século”, prossegue a Iniciativa Liberal, para acrescentar que o caso da ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, “é apenas o último entre vários, limitando-se a confirmar uma tendência de degradação das instituições”.
A moção de censura da IL é a segunda a ser enfrentada pelo atual Executivo de António Costa, que entrou em funções a 30 de março deste ano. A maioria absoluta socialista condena, à partida, a moção ao chumbo. O líder da IL, João Cotrim de Figueiredo, afirmava, na quinta-feira, esperar votos favoráveis de parte da bancada do PS.
O que determina o Regimento

Ao abrigo do Regimento da Assembleia da República, o debate “inicia-se no terceiro dia parlamentar subsequente à apresentação da moção de censura, não pode exceder três dias e a ordem do dia tem como ponto único o debate da moção de censura”.

“Podem apresentar moções de censura ao Governo, sobre a execução do seu programa ou assunto relevante de interesse nacional nos termos do artigo 194.º da Constituição, um quarto dos deputados em efetividade de funções ou qualquer grupo parlamentar”, prevê o Regimento. A conferência de líderes reúne-se extraordinariamente na próxima terça-feira para abordar o "agendamento e organização" do debate da moção de censura da Iniciativa Liberal e apreciar os requerimentos de PSD e Chega para um debate de urgência.


O debate é iniciado e culminado pelo primeiro dos signatários da moção; o primeiro-ministro tem o direito de intervir logo após e antes das intervenções dos proponentes.

“A moção de censura só se considera aprovada quando tiver obtido os votos da maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções. Se a moção de censura não for aprovada, os seus signatários não poderão apresentar outra durante a mesma sessão legislativa”, estipula o Regimento.

c/ Lusa
PUB