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Ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ouvido no parlamento

por Inês Ameixa

Lusa

O ex-provedor da Santa Casa de Lisboa Edmundo Martinho continua a defender a internacionalização dos jogos sociais para aumentar as fontes de receitas e responsabiliza a administração seguinte, encabeçada por Ana Jorge, entretanto exonerada, por parte dos prejuízos.

Edmundo Martinho esteve a ser ouvido durante a manhã pelos deputados da comissão parlamentar de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, na qual tentou explicar o que esteve na base da decisão de criação da Santa Casa Global, a motivação para a internacionalização dos jogos sociais e o que sucedeu a partir daí até ao momento da sua saída da instituição.

“Era e sou entusiasta desta solução, mas isto foi sendo sempre feito com a anuência dos membros da Mesa”, sublinhou.

O ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa deixou claro que todo o investimento feito teve apenas como objetivo robustecer a situação financeira da Santa Casa, tendo em conta a estrutura rígida do financiamento da instituição e a necessidade de mais receitas para fazer frente às despesas crescentes.

Edmundo Martinho garantiu que a tutela, no caso a então ministra Ana Mendes Godinho, “foi sempre informada de forma detalhada do que se estava a passar” e que prova disso estava no facto de “nunca ter recebido pedidos adicionais de informação” sobre o processo de internacionalização e as verbas envolvidas.

O ex-provedor afirmou que todos os investimentos foram colocados à disposição da tutela e que tudo foi aprovado, acrescentando que as disponibilidades financeiras estavam incluídas nos Planos de Atividade e Orçamento, que “foram aprovados pela tutela” e disse lamentar que o processo de internacionalização esteja agora a ser tratado mediaticamente como se o negócio tivesse de dar resultados positivos “logo no primeiro dia”, o que, sublinhou, não seria possível, e que os resultados negativos estavam previstos.

Edmundo Martinho responsabilizou a provedora exonerada Ana Jorge de ter interrompido esses processos de investimentos de “forma abrupta”, o que resultou num agravamento dos resultados e recusou ser responsável pelo eventual prejuízo de cerca de 50 milhões de euros, alegando que nessa verba estão valores correspondentes ao não-cumprimento de contratos, não-pagamento a fornecedores ou processos em tribunal contra a Santa Casa.

Disse, por isso, que “era previsível” a saída de Ana Jorge do cargo de provedora da SCML, uma vez que não se conhece estratégia para a superação do desequilíbrio entre as receitas e as despesas e porque iam ficando à vista opções da atual administração e os seus impactos.

Edmundo Martinho defendeu ainda que a internacionalização da Santa Casa não desvirtuaria a missão social da instituição, apontando que seria uma forma de garantir que, com novas formas de financiamento, seria possível que a SCML cumprisse a sua missão e lembrou que em anos recentes o Governo passou para a responsabilidade da Santa Casa a gestão de dezenas de equipamentos sociais, o que aumentou a despesa.

Frisou que acabar com a internacionalização dos jogos sociais sem encontrar outra forma alternativa de financiamento “é um perigo”.

(Com Lusa)
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