Europeias. O que muda no Parlamento Europeu
As eleições europeias deste domingo trouxeram algumas alterações significativas na composição do Parlamento de Estrasburgo. Socialistas e populares perderam a maioria, enquanto os liberais e os verdes tiveram uma subida acentuada.
Pela primeira vez, os socialistas e os populares não conseguiram a maioria no Parlamento Europeu e, assim, ambos perderam deputados. Ou seja, sem a maioria conjunta, os derrotados são o Partido Popular Europeu (PPE) e os Socialistas & Democratas (S&D) que perderam, respetivamente, 38 (dos 217 agora serão 179) e 35 deputados (eram 187 e agora vão ser 152).
Contudo, considerando que a vitória é do partido que consegue eleger mais deputados, o PPE continua a ser o vencedor. Mas para o candidato à presidência da Comissão Europeia pelo PPE, Manfred Weber, “esta não é um dia de vitória” porque o partido está “a perder lugares”.
Weber, que pretende suceder a Jean-Claude Juncker, considera, no entanto, que “não há uma maioria estável contra o PPE”.
Já os socialistas, que perderam alguma da sua força política, não se dão por vencidos. Frans Timmermans considera que, tendo perdido um número significativo de lugares no PE, o S&D deve ser “humilde” e repensar o seu programa. O líder da bancada do S&D, Udo Bullman, reforçou que a ocupação dos principais cargos “não é um monopólio natural do PPE”.
Embora em Portugal a abstenção tenha sido bastante elevada, uma das grandes conclusões destas europeias foi o aumento da participação dos eleitores europeus. Outra dessas conclusões foi o aumento significativo da expressão política das bancadas vincadamente europeístas, que desafiaram os blocos centrais que tradicionalmente detêm maioria, o que transforma consideravelmente a composição do parlamento em Estrasburgo.
Os resultados mostraram uma dispersão de votos e a perda de maioria das duas grandes forças políticas, em favor de uma maior expressão dos blocos progressistas, dos liberais e de uma ascensão dos Verdes.
A ascensão dos Verdes foi, aliás, a surpresa e o sucesso destas eleições. De acordo com o Expresso, os Verdes na Alemanha obtiveram resultados históricos passando à frente dos sociais-democratas do SDP; no Reino Unido conseguiram cerca de dois milhões de votos e, assim eleger sete deputados; em França e na Finlândia os ecologistas conseguiram, respetivamente, o terceiro (com 12,5 por cento) e segundo lugar (com 16 por cento); e a Irlanda, pela primeira vez em 20 anos, consegue eleger deputados para o Parlamento Europeu.
Ao elegerem 69 deputados (antes 52), os Verdes Europeus alcançaram resultados históricos. Claramente, a agenda ecologista e ambiental começa a tornar-se capaz de exercer alguma pressão e ganhar alguma expressão política perante os outros grupos parlamentares, destronando a maioria do centro político.
Até agora, com os blocos de centro-direita e centro-esquerda a representar a maioria parlamentar, as decisões eram tomadas entre ambos sem necessidade de negociar com outros grupos parlamentares.
Mas após os resultados deste domingo, o cenário vai mudar. A Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa, por exemplo, elegeu mais 37 deputados (passou dos 68 para os 105), tornando-se, portanto, a terceira força política no Parlamento Europeu.Partidos de extrema-direita crescem no Parlamento Europeu
Entre as mudanças significativas no PE está o aumento de eurodeputados eleitos de partidos de extrema-direita. No entanto, o crescimento foi menos considerável do que se projetava inicialmente.
Apesar de um menor apoio na Alemanha, na Áustria e Holanda, os resultados na Itália e na França potenciaram o crescimento dos partidos de extrema-direita no Parlamento Europeu.
Mas, em França e em Itália, a família política da extrema-direita reforçou a sua presença com a vitória de Marine Le Pen e Matteo Salvini. Na verdade, a vitória da extrema direita francesa e italiana foram as mais expressivas.