Europa em Portugal - Viseu: direita, mas com pouca vida!

por António Jorge

Se cada metro quadrado, onde há dinheiro europeu investido, tivesse uma bandeira, só se viam bandeiras no horizonte!!! A observação é de um homem que passou quase toda a vida em funções públicas: Fernando Ruas, antigo eurodeputado e ex-Presidente da Associação Nacional de Municípios, autarca de Viseu com décadas de experiência.

Fernando Ruas lembra que só com fundos europeus tem sido possível realizar investimento público no interior do país. No caso de Viseu, os exemplos são imensos, caso do centro histórico, o que quase todas as cidades e vilas já reabilitaram…
A emblemática Rua Direita, a mais conhecida de Viseu, foi requalificada, mas não foi suficiente para voltar a ter a pujança económica que já teve no passado. Falta vida, faltam pessoas. A constatação é de quem lá trabalha ou estuda. 

Caso de César Alves, dono de uma tabacaria. Diariamente vende jornais de todo o mundo, tem clientes para o El Mundo, o New York Times ou o Bild. São clientes certos. Mas são poucos, tão poucos como os frequentadores da Rua Direita. Está arranjada, mas César queixa-se do piso, preferia a calçada antiga. "Agora, quando chove, isto parece um lençol de água", diz ele. Sabe de cor, há naquela estreita e longa rua no sopé da Sé de Viseu, 57 lojas fechadas. As pessoas fugiram para os centros comerciais, e muitos comerciantes de cá não souberam modernizar-se, explica César Alves.
Quem concorda com ele é Edimeia Gonçalves, há quatro anos a viver em Viseu, a empresária brasileira abriu na rua um centro de estética. Mas ela ainda acredita no potencial da rua histórica. Considera que a contínua fixação de serviços públicos na rua vai devolver vida à rua onde apostou todas as fichas.
O autarca Fernando Ruas enumera o investimento que a Câmara está a fazer a esse nível; em breve vai abrir ali um museu de fotografia, o edifício do Orfeão acabou de ser remodelado, os serviços municipalizados de água e saneamento já funcionam ali, com outros serviços que ocupam o antigo quartel dos bombeiros.
Esse é o caminho, defende Fernando Ruas. Viseu vai voltar a ter a Rua Direita com vida, não pode ser de outra maneira numa cidade que em poucos anos passou a ter cem mil habitantes. É a convicção de Fernando Ruas.
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