Estado de emergência até 2 maio. Presidente pede espaço para o SNS e tempo para o Governo

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Reuters

O Presidente da República dirigiu-se esta noite aos portugueses para justificar nova renovação do estado de emergência até 2 de maio. Dar tempo e espaço ao Serviço Nacional da Saúde para poder atender doentes de covid-19 espaçando as infecções e garantir ao Governo o tempo necessário para criar um plano de reactivação da economia, foram dois pontos sublinhados por Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente acaba de anunciar a renovação do estado de emergência até ao início de maio: “Acabo de assinar a segunda, e todos desejamos a última, renovação do estado de emergência para vigorar até às 24 horas do dia 2 de maio”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa no arranque deste anúncio a partir de Belém.

O Presidente sublinhou que subjaz a esta renovação a ideia de que “estamos agora mais próximos do fim de abril, o mês decisivo para ganhar a segunda fase, e estamos a ganhar a segunda fase”.

Marcelo Rebelo de Sousa defende que, depois de conseguido o que considera serem muitas vitórias nesta batalha contra o novo coronavírus, é agora a hora de não deitar a perder os esforços iniciais dos portugueses, mantendo os índices actuais de contaminados, que considerou positivos.

Enumerando as medidas adoptadas pelo Governo durante esta fase da crise, o chefe de Estado considerou que essas foram decisões que vieram a revelar-se essenciais para permitir um mais breve regresso à normalidade.

“Comércio e serviço reajustaram-se e reagiram à crise” em conjunto, lutando pelo trabalho e defesa da vida, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa apontou de seguida as três razões estruturais para a renovação do estado de emergência:

A primeira, assinalou, tem a ver com a situação dos lares. O Presidente lembrou que os responsáveis dos lares “não desperdiçaram um minuto, mas também que precisam de mais tempo”. Despistar, testar e isolar é importante para consolidar essatarefa em nome da segurança dos utentes.

A segunda, apesar de – afirmou - sermos o quarto país da Europa que mais testa, temos de continuar a estabilizar os números do internamento (no geral ou cuidados intensivos) “apesar de não termos chegado aos 20 ou 30 mil esperados há uma quinzena”. Uma forma de assegurar que o SNS terá condições para responder aos novos doentes (estabilizando o numero diário de internamentos) e a uma evolução do surto em situação de aumento progressivo de contactos sociais e evitar recaídas.

Em terceiro lugar, dá-se mais tempo ao Governo para definir critérios, estudar e preparar para após final de abril a abertura da sociedade e da economia. A preocupação central será aqui oferecer confiança e segurança aos portugueses, para que possam sair de casa e retomar a sua vida sem correr o risco de passos precipitados ou contraproducentes.

Marcelo Rebelo de Sousa quis ainda deixar uma palavra aos mais idosos e aos mais doentes: “Não tenham receio. Ninguém minimiza a vossa entrega de muitas décadas. Ninguém quer encerrar-vos num gueto, dividindo os portugueses entre os que resistem e são imprescindíveis e os frágeis que são descartáveis. Cuidar de vós é diferente de vos menorizar”.

Aos mais jovens admitiu a admiração pela capacidade de nesta situação inédita reagirem ao que apelidou de “maior choque das vossas vidas”. E aos autarcas garantiu que será o primeiro a testemunhar do seu papel de proximidade.

Em nota final, o Presidente deixou um alerta para a necessidade de que impere o bom senso até final de abril para que “na terceira fase, em maio”, se possa concretizar a esperança assente na confiança. Nesse sentido, sublinhou que é pedido mais este esforço aos portugueses para evitar precipitações ou o soçobrar ao cansaço que poderiam “deitar tudo a perder”.

Terminou afirmando que “o milagre português, como os outros lá fora dizem” é fruto de muito sacrifício e união de todos os portugueses, como também de um empenho transversal a todos os sectores: político, económico e sociedade civil.
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