Em direto
Incêndios em Portugal. A situação ao minuto

Entrevista a Santos Silva. O OE2025, o referendo sobre a imigração e a guerra em Gaza

por Joana Raposo Santos - RTP
Foto: Pavel Golovkin - Pool via Reuters

Augusto Santos Silva foi o entrevistado desta quinta-feira no 360, da RTP3, e abordou temas como as negociações para o Orçamento do Estado, a intenção do Chega de avançar com um referendo sobre a imigração, a escolha de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia ou ainda a guerra em Gaza.

Sobre o OE2025, o ex-presidente da Assembleia da República considerou que “faz sentido ter sensatez, ponderação e, portanto, calma numa negociação que será sempre complexa, mas que acho que é importante para o país”.

Mas, por outro lado, “o tempo urge” e “setembro tem de ser um mês de negociações, se as negociações forem para ser levadas a sério”, alertou.

Santos Silva disse não ter dúvidas de que o PS irá viabilizar o Orçamento, abstendo-se, mas que “essa viabilização não pode ser dada por garantida, não é automática”, já que o partido “não pode acompanhar ou viabilizar uma proposta de OE que consagre medidas de política que são contrárias aos objetivos e objetivos programáticos fundamentais do PS”.

Entre estas estão as medidas que signifiquem um “desequilíbrio social”, como o “IRS Jovem, a baixa do IRC, as medidas de política de reversão do pacote da habitação e de favorecimento da especulação imobiliária”, acrescentou.
“Significado político evidente”
Questionado sobre as críticas do PS à escolha de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia de Portugal, Augusto Santos Silva falou num “significado político evidente” nesta decisão do Governo, já que se trata “da escolha de um dos rostos principais de um programa de austeridade”.

Quanto à proposta do Chega de um referendo sobre a imigração, o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros disse tratar-se de “uma proposta que não tem nenhuma espécie de cabimento”.

“Basta olhar para os factos para perceber que o único problema de migração que nós temos em Portugal é o ódio que a extrema-direita tem aos migrantes”, considerou.
Situação em Gaza e “posição de prudência” de Portugal
Questionado sobre se Portugal devia assumir uma posição mais concreta de promoção de paz, por exemplo, reconhecendo o Estado da Palestina, Santos Silva respondeu que tende a acompanhar o Governo em funções nestas matérias.

“O Governo tem informação privilegiada, que não é nem pode ser do domínio público, e portanto tendo a acreditar na atuação do primeiro-ministro e do ministro dos Negócios Estrangeiros”, justificou.

“A posição de prudência portuguesa é uma posição habitual na nossa diplomacia” e “não creio que deva ser mudada”, argumentou o ex-ministro.

Augusto Santos Silva defendeu, no entanto, que “devemos fazer ver aos nossos amigos israelitas que o que eles estão a fazer hoje em Gaza e na Cisjordânia é absolutamente desproporcional”.

“Eles têm direito a defender-se, têm direito a responder aos ataques bárbaros de que são muitas vezes vítimas (…), mas têm que fazê-lo cumprindo as leis do Direito Humanitário”, vincou.
Tópicos
PUB