Entrevista a Nuno Melo, candidato à liderança do CDS-PP

por Antena 1

Foto: Manuel de Almeida - Lusa

O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo admitiu, em entrevista à Antena 1, que o partido se apresente sozinho às eleições europeias, defendendo que "tem de fazer prova de vida" e "justificar a sua existência" nas urnas, reclamando ser a "direita com coração".

O eurodeputado e candidato à presidência do CDS-PP foi questionado sobre a política de alianças do partido no horizonte das próximas eleições, que serão ao Parlamento Europeu, dentro de dois anos, e remeteu uma posição para a sua moção de estratégia global ao Congresso, mas adiantou que, "intuitivamente, a disponibilidade dos partidos tem de ser ir a votos sozinhos".

Nuno Melo diz acreditar no CDS e na sua sobrevivência, se voltar a ter "capacidade de chamar os melhores quadros", ter "ideias identitárias" e ser um "partido útil", sublinhando esta ideia de utilidade, tal como defendeu na apresentação da sua candidatura à liderança, no passado sábado.

O eurodeputado considera que, na atual composição do Parlamento, em que o CDS deixou de estar representado, há eleitorado que também deixou de estar refletido, aqueles que se revêm numa "direita com coração".
Nesse sentido, achou "um exercício de honestidade" que a Iniciativa Liberal se queira sentar entre o PS e o PSD, considerando que, tal como no Parlamento Europeu, os liberais portugueses são de "centro-esquerda".

Relativamente ao Chega, considerou que o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, aproveitou "como poucos" a sua demonização na última campanha eleitoral e manifestou-se contra qualquer ideia de cerca sanitária a partidos eleitos democraticamente.

"O PCP faz a festa do Avante com convidados da FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, extintas em 2016] e imagens da revolução bolchevique atrás? Viu algum cerco sanitário?", questionou.

Para Nuno Melo, os partidos da esquerda são os adversário políticos do CDS e é contra esta que quer concentrar esforços. Já o PSD, apontou, continuará a ser para o CDS "um adversário político às vezes" e, às vezes, também "um parceiro preferencial", reconhecendo a "realidade inultrapassável de alianças" entre os dois partidos.

Dando como exemplo as autarquias, o eurodeputado sublinhou que governam muitas autarquias juntos, mas foi também para os sociais-democratas que os centristas perderam câmaras.

Questionado sobre a permanência da sede do CDS-PP no edifício que ocupam no largo Adelino Amaro da Costa, em Lisboa, Nuno Melo respondeu que apesar do caráter histórico do edifício, o que mais o angustia são os funcionários que têm os seus "empregos em risco" pela perda de recursos financeiros, sobretudo a subvenção estatal.

O 29.º Congresso do CDS está marcado para 2 e 3 de abril, em local ainda a definir. Os centristas vão eleger o sucessor de Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da presidência do partido e não irá recandidatar-se, na sequência dos resultados eleitorais nas legislativas de 30 de janeiro.

Além de Nuno Melo, também o dirigente Miguel Mattos Chaves anunciou a candidatura à liderança do CDS-PP.
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