Foto: Mário Cruz - Lusa
O presidente do PSD acredita que a alternativa política do partido está a ser cada vez mais bem vista pelos portugueses. Em entrevista à RTP, um ano depois de ter assumido a liderança, Luís Montenegro afastou a hipótese de se juntar ao Chega nas próximas eleições. E avançou que os social-democratas vão enviar um requerimento à Assembleia da República para ouvir o primeiro-ministro sobre a polémica com o SIS.
O líder da oposição admite, porém, não estar ainda satisfeito. “Queremos sempre mais, mas estou confiante, muito confiante, de que este caminho, esta consistência (…) vão produzir o seu resultado quando os eleitores se desobrigarem daquela que foi a sua opção maioritária há um ano atrás”, afirmou.
Luís Montenegro acusou ainda o Governo socialista de ter sido inoperante, de se ter deixado enredar em polémicas permanentes, de ter perdido autoridade política e de não conseguir intervir de forma positiva na vida das pessoas.“Eu não estou interessado em ganhar sondagens, eu estou interessado em ganhar eleições”, vincou Montenegro.
“O país percebe que a única alternativa viável para poder dar um Governo novo, novas políticas, mais ambição, mais esperança para poder tratar de dar segurança aos nossos pensionistas e aos nossos jovens, é liderada pelo PSD”, defendeu.
Questionado sobre a possibilidade de o PSD se juntar ao Chega nas próximas eleições, Luís Montenegro respondeu que, “do lado do Partido Socialista, ninguém pergunta ao doutor António Costa: Olhe, se o senhor for a votos e perder as eleições, quer ser outra vez primeiro-ministro tendo perdido?”.
“Eu já disse: eu não quero. Eu não serei primeiro-ministro se perder as eleições”, assegurou.
Sobre as polémicas do Governo de António Costa, o presidente do PSD considera que é o Executivo socialista “o principal obstáculo ao normal funcionamento institucional do país”.
PSD vai pedir para ouvir Costa
Questionado sobre se vai ou não apoiar uma comissão de inquérito parlamentar ao SIS, Luís Montenegro diz que “não excluímos essa possibilidade”.
“Não o faço de imediato porque creio que, [devido à] sensibilidade associada a este instrumento que as democracias têm e que é um fator diferenciador (…), devemos esgotar com prudência todas as possibilidades de esclarecimento antes dessa última”, explicou.
“Neste momento vamos dirigir perguntas diretamente ao senhor primeiro-ministro através de um requerimento que amanhã [terça-feira] ou, no máximo, quarta-feira dará entrada”, avançou o líder social-democrata, referindo que “há um conjunto significativo de dúvidas que têm de ser completamente desfeitas”.
PSD quer “ter a certeza” sobre eleições de 2017
A entrevista à RTP aconteceu horas depois de Montenegro ter retirado a confiança política ao social-democrata Joaquim Pinto Moreira e pedido uma investigação às eleições autárquicas de Lisboa de 2017, na sequência de revelações sobre o processo Tutti Frutti.
O líder do PSD disse haver duas dimensões diferentes nesse processo: uma judicial, na qual não tem capacidade de intervenção, e outra política, “da alegada viciação do processo eleitoral por força de um eventual acordo pré-eleitoral de distribuição de candidaturas para promover determinados resultados”.
“Quanto a isso, eu não quero ter a mínima dúvida. Nós no PSD vamos esperar e aguardar pelas diligências da investigação e as suas conclusões, mas do ponto de vista político eu não convivo bem com a dúvida sobre a autenticidade do processo eleitoral”, afirmou, dizendo querer ter “a certeza absoluta” do que se passou nas eleições de 2017.