Entre aplausos e receios. As reações internacionais às eleições portuguesas

por Joana Raposo Santos - RTP
Pedro Nunes - Reuters

As reações aos resultados das eleições portuguesas de domingo estendem-se a vários setores. Dos especialistas financeiros vem o alerta de risco de Parlamento bloqueado e atrasos no PRR; da imprensa estrangeira chegam títulos essencialmente focados nos resultados da "extrema-direita"; e das figuras internacionais fazem-se ouvir votos de sucesso a alguns dos líderes partidários.

"Parabéns André Ventura e Partido Chega pela vitória na eleição de Portugal", escreveu na rede social X Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

"Apoiamos por convicção, princípio, valores, não por moda ou momento político. Juntos somos mais fortes, por isso o establishment da esquerda radical nos difama, para evitar que tenhamos esses laços", acrescentou.

Em Espanha, o presidente do Partido Popular espanhol (PP), Alberto Núñez Feijóo, felicitou o líder do PSD, Luís Montenegro, pela "grande vitória" nas eleições.

"Como já lhe disse ao telefone, parabéns ao Luís Montenegro e ao PSD pela grande vitória eleitoral nas Legislativas 2024. Fico feliz por ver que os nossos irmãos portugueses escolheram o único projeto credível para a mudança em Portugal", escreveu no X.
Imprensa internacional dá destaque à extrema-direita
Na generalidade, a imprensa internacional realçou o sucesso do Chega, que passou de 12 deputados para 48. "Centro-direita vence com pequena margem em Portugal; extrema-direita tem aumento expressivo de votação", lê-se no site de notícias brasileiro G1, que relaciona o crescimento do partido de André Ventura com as polémicas em torno do socialista António Costa e do social-democrata Miguel Albuquerque.

"Nos últimos meses, políticos das duas partes foram denunciados por esquemas de corrupção. Nesse cenário, o Chega, de extrema-direita, teve uma votação significativa. Nas eleições anteriores, por exemplo, o partido havia tido 7,2 por cento", refere o G1.
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Nos Estados Unidos houve também destaque para a "ascensão da direita radical", como referem tanto a CNN como o New York Times. "O Partido Socialista português sofreu uma derrota numa eleição nacional apertada que refletiu a deriva do país para a direita", com o partido de André Ventura num "sólido terceiro lugar", refere o NYT.

Também o Politico dedicou um artigo tema das eleições portuguesas, afirmando que "não se sabe como é que Montenegro vai conseguir governar num Parlamento dividido entre a direita, a esquerda e a extrema-direita".
No Médio Oriente, a Al Jazeera realça que "a Aliança Democrática venceu os socialistas no poder numa contagem de votos que se caracterizou por um aumento da extrema-direita".
Em Espanha, destaque para a "vitória mínima do centro-direita nas eleições em Portugal". "Sem dúvida que Portugal virou à direita nestas eleições, após mais de oito anos de governação de António Costa, mas uma grande parte dos votos foi para o partido de extrema-direita Chega, que quadruplicou o número de lugares conquistados em 2022", escreve o El Mundo.

Também no país vizinho, o El País informa que o "centro-direita venceu por uma margem mínima em Portugal enquanto os 'ultras' exigem a entrada no governo".

O alemão Deutsche Welle fala numa "corrida apertada até à reta final", enquanto o France 24 refere "mais um avanço para a extrema-direita populista na Europa".
Novas eleições antecipadas?
As reações aos resultados eleitorais estendem-se também ao campo económico, com a agência de notação financeira DBRS a alertar para o risco de um Parlamento bloqueado em Portugal e de um governo instável poder dificultar a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), não descartando novas eleições antecipadas.

"Na nossa opinião, mais do que as finanças públicas, o risco mais tangível a curto prazo é um possível atraso na implementação das reformas e investimentos do PRR", referiu o vice-presidente sénior da Morningstar DBRS, Global Sovereign Ratings, Javier Rouillet, citado pela agência Lusa.

Segundo o responsável, "se o novo Governo não conseguir aprovar legislação, poderá aumentar a probabilidade de outra ronda de eleições ainda este ano ou no início do próximo".

A DBRS acredita que um governo liderado pela Aliança Democrática "continuaria a prosseguir uma política orçamental sólida e a reduzir o rácio da dívida pública durante a próxima legislatura, utilizando o espaço orçamental disponível para reduzir os impostos".

c/ agências
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