Mortágua critica "viragem à direita" do PS, Raimundo disponível para "romper" com políticas atuais

por Andreia Martins, Inês Geraldo, Joana Raposo Santos - RTP

O debate entre Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, e Paulo Raimundo, da CDU, ficou marcado por vários momentos de convergência em temas que unem as duas forças políticas. Para lá das diferenças, ambos os partidos pretendem romper com as políticas do atual Governo e veem com preocupação crescente o posicionamento do PS. Confira aqui os pontos essenciais do debate.

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Legislativas. Debate entre Paulo Raimundo (CDU) e Mariana Mortágua (BE)

Debate entre Paulo Raimundo, do CDU, e Mariana Mortágua, do BE.

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"O voto útil não resolve nada", diz Mortágua

Em declarações à RTP já no final do debate, Mariana Mortágua criticou o apelo do Partido Socialista ao voto útil.

“O voto útil não resolve nada. O voto útil é aquele que consegue resolver os problemas que cada um enfrenta no dia-a-dia”, sustentou.

“Ninguém nos queira convencer que é um Governo do Partido Socialista apoiado por Luís Montenegro, ou um Governo de Luís Montenegro apoiado por Pedro Nuno Santos, que vai conseguir resolver os problemas da habitação, da saúde ou dos salários”, disse ainda a líder do Bloco.
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Paulo Raimundo e o voto útil: "Apelamos a todos"

Questionado sobre os possíveis impactos do voto útil já no final do debate, o secretário-geral do PCP sublinhou que o apelo da CDU é feito "a todos os que estejam interessados em responder às necessidades do país, independentemente dos partidos em que votaram noutras eleições". Paulo Raimundo questiona ainda se o PS estará disposto a percorrer "o caminho que se exige" e que está aberto a dialogar "a quem venha por bem". Mas "daquilo que tenho ouvido, acho que é exatamente o contrário", concluiu.
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Mortágua diz que é necessário "afirmar Direitos Humanos"

No final do debate, questionada por Hugo Gilberto sobre as acusações que se fazem à esquerda sobre uma "deriva wokista" e a responsabilidade da mesma pelo crescimento radical, Mariana Mortágua olhou para o exemplo dos Estados Unidos.

"Temos um rei louco nos EUA que quer banir a palavra mulher", apontou, lembrando também os questionários enviados às universidades portuguesas a tentar impedir programas de diversidade e igualdade.

"Mais do que nunca precisamos do feminismo e racismo na política (...), afirmar os Direitos Humanos e universais" perante a atual crise que "arrasta todos os partidos do centro para a direita".

À instabilidade e às crises já existentes "querem acrescentar uma crise" ao gastar dinheiro "para comprar mísseis e bombas", afirmou, voltando ao argumento da resposta anterior.
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Posição da CDU sobre a Ucrânia

Novamente questionado sobre o que está a acontecer na Ucrânia, Paulo Raimundo lembrou que a guerra da Rússia em território ucraniano começou em 2014 e que o PCP sempre primou e lutou pela paz.

“Porque é que a força que sempre defendeu a paz deve ser prejudicada?”, questionou Paulo Raimundo naquela que foi a sua última declaração no debate com Mariana Mortágua.
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Mais dinheiro europeu para armamento e defesa

Sobre a questão do armamento na União Europeia, Mariana Mortágua acredita que o mundo mudou, acusou a França de ter um arsenal composto por armas russas e criticou haver dinheiro para armas e não para cultura ou outras áreas importantes na vida dos cidadãos.

“O slogan é ‘Rearmar a União Europeia’. Isto não é sobre defesa, é sobre a indústria do armamento”.

Paulo Raimundo seguiu a opinião da líder do Bloco e afirmou acreditar que não pode haver apenas preocupação com a Rússia mas também com os Estados Unidos e afirmou que se deve travar a guerra seja ela onde for.

“Estes investimentos para gastar dinheiro que não há para saúde é para resolver o quê?”
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Questões éticas de Luís Montenegro

Paulo Raimundo pediu a demissão de Luís Montenegro durante o debate com o primeiro-ministro e acredita que a questão da ética de Luís Montenegro não é de pouca importância. O líder do PCP acusou o governo de colocar mão no Serviço Nacional de Saúde e Segurança Social e pediu que se rompesse com o caminho trilhado por Luís Montenegro.

Mariana Mortágua referiu que a Spinumviva, empresa da família de Luís Montenegro, vai ter que marcar a campanha e acusou o primeiro-ministro de não ter esclarecido todas as questões que devia ter esclarecido.
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Capacidade de entendimentos com PS

Questionados sobre acordos pós-eleitorais com o PS, Mariana Mortágua garantiu que o Bloco estará presente e que um entendimento depende de políticas. A líder do BE acredita que o PS fez uma viragem à direita e questionou se Pedro Nuno Santos se vai juntar ao PSD na próxima legislatura.

Paulo Raimundo acredita que não pode haver continuidade do atual executivo, lembrando as várias urgências fechadas pelo país.

“Estamos disponíveis para um caminho que rompa com o caminho atual”, declarou o líder do PCP.
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BE e CDU juntos na defesa dos imigrantes

No campo da imigração, Paulo Raimundo vincou que "Portugal é um país com recursos limitados", mas defendeu a importância dos imigrantes para a economia do país.

“Aquilo que está demonstrado todos os dias é que, se os imigrantes cá estão à procura de uma vida melhor, (…) que contribuem para pôr o país a funcionar, fossem embora, é caso para dizer: o que é que ficava a funcionar na nossa economia?”, questionou o comunista.

Na opinião de Mariana Mortágua, “a imigração foi usada como um tanque de batalha ideológico pela extrema-direita e que teve um efeito: arrastou todos os outros partidos para a direita”.

A bloquista acusou ainda a AIMA de não ter funcionado “por problemas administrativos e burocráticos”.

“Deixou uma série de processos pendentes e agravou a situação sobretudo daquelas pessoas que não conseguem ter os documentos de que precisam para aceder à saúde, para aceder aos serviços públicos, para poder sair do país e voltar”, criticou.

A candidata disse ainda ser “uma enorme hipocrisia dizer que há um problema de integração de imigrantes em Portugal quando não se dá às pessoas o básico para se integrarem”.
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CDU quer "travar a especulação" e "atacar os responsáveis"

Para Paulo Raimundo, existem três grandes problemas para resolver: a habitação, a saúde e os salários.

“Ou temos a coragem suficiente para tomar as medidas para responder a estas três grandes questões, ou então vamos continuar a caminhar para aumentar as injustiças e as desigualdades”, defendeu.

Na habitação, “precisamos de construir, precisamos de remodelar, precisamos de adaptar o património público para habitação, precisamos de atacar o problema das rendas e precisamos (…) da estabilidade dos contratos de arrendamento”, enumerou o dirigente comunista.

Mais do que a necessidade de construção, Paulo Raimundo acredita ser essencial travar a especulação e atacar os responsáveis pela situação atual, nomeadamente “a banca e os fundos imobiliários e os governos”.

O candidato acusou ainda o Executivo de Luís Montenegro de nada ter feito para combater este problema, “pelo contrário: beneficiaram inclusive aqueles que são os responsáveis por aqui chegarmos”.
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BE defende teto às rendas

Mariana Mortágua defendeu que o teto às rendas é a única medida na área da habitação que pode mitigar de imediato a dificuldade dos portugueses em arranjarem casa para viver.

“Nenhuma medida resolve tudo, mas o teto às rendas faz aquilo que mais nenhuma medida pode fazer, que é baixar as rendas agora”, afirmou.

A líder bloquista disse ser necessário pôr em prática todas as medidas possíveis nesse setor, entre as quais apostar na construção, reduzir o alojamento local ou “parar a construção de hotéis em cidades que estão sobrelotadas de hotéis e de turismo massificado e intensivo”.

Propostas que considera “muito importantes”, mas que “demoram tempo”, sendo que “as pessoas precisam de uma casa hoje”.

A coordenadora do Bloco de Esquerda insistiu, assim, que “o teto às rendas resulta, consegue baixar o preço das casas já, para esta geração”.

Mariana Mortágua disse ainda ter ouvido Pedro Nuno Santos (PS) referir num debate este sábado que não há mais nada a fazer na habitação, apenas esperar que a construção se faça. “Isto é desistir da vida das pessoas, é desistir de quem não consegue que o seu salário chegue para pagar uma renda”, condenou.
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Taxar os mais ricos? "É um caminho", afirma Paulo Raimundo

Questionada sobre as "borlas fiscais" anunciadas por vários partidos, Mariana Mortágua lembrou as três prioridades do Bloco nesta campanha: o acesso à habitação, proteger quem trabalha por turnos e "taxar os ricos", ou, por outras palavras, a concentração de riqueza nacional num pequeno número de famílias.

Assinalou que "grandes empresas têm milhares de milhões de lucro e pagam o salário mínimo" aos seus trabalhadores e salientou que a medida proposta pelo BE prevê taxar os 0,5% mais ricos com uma taxa de 1,7 por cento sobre o seu património.

Paulo Raimundo reconheceu que a proposta da taxação dos mais ricos "é um caminho", mas considera que já há recursos suficientes "para distribuir de outra maneira". Lembrou, por exemplo, o dinheiro entregue a parcerias público-privadas.

Quanto aos constrangimentos orçamentais e à necessidade de "contas certas", o secretário-geral da CDU diz que constrangimentos "são as brutais dificuldades do nosso povo". Se não for para as resolver, "para que serve um Estado?", inquiriu Paulo Raimundo.

"O Estado deve ter contas certas em função do seu povo", dando prioridade à situação "gravíssima" na habitação, problema que nenhum Governo teve ainda "coragem para enfrentar".

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Começa o frente a frente à esquerda. O que distingue CDU e BE?

O debate deste sábado começa com um desafio lançado a Paulo Raimundo: o que separa o Bloco de Esquerda e a CDU em 2025? O secretário-geral do PCP mantém a frase que já proferiu, mas sublinhou um dos tópicos recentes que separou as duas forças políticas: a extinção do SEF.

Mariana Mortágua concorda com a visão da CDU sobre as convergências, mas sublinha as diferenças por exemplo no voto à eutanásia ou leis de paridade na Assembleia da República. "São divergências que temos tido", assume.

"O nosso adversário é a direita", afirma a líder do Bloco. 
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