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Eleições Europeias. Sebastião Bugalho lança críticas ao Pacto Europeu de Migração

por RTP

Foto: João Marques - RTP

O cabeça de lista da Aliança Democrática às eleições europeias criticou que o Pacto Europeu de Migração e Asilo tenha a "limitação" de só prever "o acolhimento de imigração qualificada com contrato de trabalho de salário de três mil euros". Entrevistado esta segunda-feira na RTP, Sebastião Bugalho defendeu o plano para as migrações apresentado pelo Governo e garantiu que Portugal é um país acolhedor.

Para o candidato da AD, a nova política do Governo que põe fim à entrada de imigrantes sem contrato de trabalho em Portugal não é erguer um muro. “Pelo contrário, é resolver um problema que estava a existir e que já não se poderia ignorar”, declarou.

“Aquilo que vai acabar é o conceito de manifestação de interesse, porque esse conceito colocou em causa a segurança das fronteiras portuguesas. Colocou nas mãos de redes de tráfico humano imigrantes que vinham para o nosso país”, vincou Bugalho.

O cabeça de lista às europeias lembrou ainda que o “insuspeito” António Vitorino, do Partido Socialista e antigo diretor-geral para as migrações nas Nações Unidas, disse sobre a solução da AD que “é uma aproximação realista e equilibrada”.

Assumindo-se como católico e questionado sobre as palavras do papa Francisco acerca do acolhimento e de um “mundo aberto”, Bugalho respondeu que se o plano da AD fosse apresentado ao papa, este “não ficaria insatisfeito”.

“Nós em Portugal temos razões de orgulho por sermos um país acolhedor. A média europeia para um migrante se autonomizar na sociedade - ou seja, ter emprego, ter o seu local de trabalho, ter a sua casa - é cinco anos. No centro de acolhimento de migrantes do Fundão é um. Nós somos um exemplo”, frisou. O candidato explicou que o seu partido pretende “democratizar o acesso à imigração legal para combater a imigração ilegal”.

Sobre o Pacto Europeu de Migração e Asilo, Sebastião Bugalho afirmou que este tem a “limitação” de só prever “o acolhimento de imigração qualificada com contrato de trabalho de salário de três mil euros”.

“Nós achamos que três mil euros, para um país como o nosso (…) não vai conseguir acolher quem devia acolher. É um salário demasiado alto para uma União Europeia que infelizmente tem tantas desigualdades”, considerou.

Bugalho disse ainda defender o alargamento da União Europeia e argumentou que nenhum país da coesão, incluindo Portugal, vai passar a dar mais dinheiro do que a receber com a entrada da Ucrânia. “Nós precisamos de mais dinheiro na Europa, mas isso é possível (…) sem reforçar a carga fiscal em cima dos cidadãos europeus”, referiu.
“Linhas vermelhas” da AD “serão sempre respeitadas”
Sebastião Bugalho foi também convidado do 360 da RTP3, onde falou acerca do convite de Luís Montenegro para ser cabeça de lista às eleições europeias. “Fiquei surpreendido, confesso que não esperava. Sei que algumas pessoas acham que eu sou muito ambicioso, mas nem os mais ambiciosos esperariam receber esse tipo de convite”, afirmou.

Sobre acusações de arrogância de que tem sido alvo, o candidato da AD disse não poder esconder aquilo que é: “uma pessoa com ambição, mas uma ambição de ser melhor, de ser o melhor”.

Questionado sobre se a sua escolha para cabeça de lista se deve essencialmente à notoriedade televisiva, respondeu que “obviamente a notoriedade tem influência”, mas que “foi mais do que isso”.

“Não foi a primeira vez que eu fui a votos. Eu em 2019 fui candidato à Assembleia da República, também como independente, e não estava na televisão”, relembrou.

Acerca de eventuais cedências do PPE, grupo político no qual se inserem os eurodeputados da AD, o candidato garantiu que da parte da Aliança Democrática, as “linhas vermelhas” do Estado de Direito, pertença europeia, paz na Ucrânia e Direitos Humanos “serão sempre respeitadas”.

Sobre o orçamento europeu, Sebastião Bugalho considerou que tem de aumentar devido à invasão russa da Ucrânia. “A Europa tem de se defender, e para se defender precisará de maior financiamento”, considerou.

O cabeça de lista da AD referiu ainda que “a transição energética não pode ser inimiga do crescimento económico” e que “não podemos exportar a transição”.

“Nós queremos cumprir com a neutralidade carbónica e se queremos cumprir as metas temos de seguir regras e temos que as implementar”, vincou.

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