Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos da crise política em Portugal na sequência da demissão, na passada terça-feira, do primeiro-ministro.
Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos da crise política em Portugal na sequência da demissão, na passada terça-feira, do primeiro-ministro.
Rodrigo Antunes - Lusa
A sociedade de advogados Morais Leitão suspendeu hoje os sócios Rui Oliveira Neves e João Tiago Silveira, ambos arguidos na investigação do Ministério Público (MP) aos negócios do lítio, hidrogénio e `data center` de Sines.
Num esclarecimento enviado à Lusa, o escritório de advogados refere que a suspensão tem "efeitos imediatos" e surge a pedido dos dois sócios envolvidos neste processo, que levou à demissão do primeiro-ministro António Costa e à queda do Governo.
Rui Oliveira Neves, que é também administrador da empresa Start Campus, foi detido na operação de terça-feira do MP, tal como o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, o CEO da Start Campus, Afonso Salema, e o consultor Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa.
Já a constituição de João Tiago Silveira como arguido foi conhecida apenas na quarta-feira, tendo sido assumida pelo próprio.
"Confirmo que fui constituído arguido no âmbito do processo tornado público na passada terça-feira. Guardarei os meus comentários para a sede e momento próprios, se e quando me confrontarem com suspeitas e factos concretos", referiu o antigo secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros e secretário de Estado da Justiça no Governo de José Sócrates.
Além destes nomes são ainda arguidos o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, e a empresa Start Campus.
Na investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do centro de dados de Sines, segundo o MP, podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
O processo visa as concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real; um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e o projeto de construção de um centro de dados na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.
António Costa é alvo de uma investigação autónoma do MP no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados.
O MP está convencido que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus.
Em entrevista à RTP no Jornal 2, Pedro Santana Lopes disse que Marcelo Rebelo de Sousa "tomou a opção menos má" ao decidir dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas.
Miguel Matias, advogado especialista em Direito Penal, admite que o ministro João Galamba poderia estar entre os detidos desta operação. Realça que essa situação não se verificou por várias questões, desde logo pela imunidade do próprio.
É a primeira vez na história da democracia portuguesa que um primeiro-ministro em funções é investigado.
Foto: Rodrigo Antunes - Lusa
Já há dois candidatos assumidos à liderança do PS. José Luís Carneiro formaliza a candidatura este sábado. Pedro Nuno Santos avança na segunda-feira
Foto: Rodrigo Antunes - Lusa
António Costa diz não ter conhecimento de nada do processo e garante estar tranquilo relativamente à investigação do Ministério Público que despoletou uma crise política no país. O presidente da República pediu rapidez, os partidos explicações, enquanto no Partido Socialista ouviram-se críticas.
Foto: Carlos M. Almeida - Lusa
Com a dissolução do Parlamento e a marcação de eleições, todo o calendário político acelerou. O Orçamento do Estado é votado no dia 29 de novembro. Só depois será publicado o decreto de exoneração do Governo.
A investigação judicial acredita que os empresários da StartCampus e Diogo Lacerda Machado, melhor amigo de António Costa pressionaram durante meses o presidente da Câmara Municipal de Sines e a vereadora da autarquia. O objetivo era conseguir licenciamentos para construir o Centro de Dados.
As audições do processo Influencer deverão prosseguir no sábado, com o interrogatório de Vitor Escária, chefe de gabinete exonerado de António Costa.
O ministro das Infraestruturas surge em várias escutas e é um dos oito arguidos da Operação Influencer.
Foto: Nuno Patrício - RTP
O ministro das Infraestruturas garante que ficará tudo pronto para que o novo executivo tenha a informação necessária para tomar a decisão.
Foto: Tiago Petinga - Lusa
O ministro das infraestruturas está ainda no Parlamento, numa audição sobre o orçamento. Diz ter condições para continuar no Governo, apesar de ser arguido na Operação Influencer.
O ex-secretário-geral do PS António José Seguro afirmou hoje que tem sido incentivado a candidatar-se novamente à liderança dos socialistas e considerou que partilha com a esmagadora maioria dos portugueses um sentimento de tristeza e inquietação.
António José Seguro transmitiu estas posições em declarações aos jornalistas no final de uma conferência em que participou na Lousã, distrito de Coimbra.
Interrogado se tenciona candidatar-se às eleições diretas para o cargo de secretário-geral do PS marcadas para os dias 15 e 16 de dezembro, o ex-líder socialista referiu-se a um famoso episódio político do verão de 1985, quando Aníbal Cavaco Silva foi ao congresso do PSD na Figueira da Foz fazer a rodagem do seu Citroen e saiu de lá líder dos sociais-democratas.
"É normal que neste turbilhão o meu telefone tenha tocado e recebido mensagens mais vezes. Mas não tenho nenhum Citroen para fazer a rodagem", respondeu.
Já sobre o caso judicial que motivou a demissão de António Costa das funções de primeiro-ministro e a decisão do Presidente da República de convocar eleições legislativas antecipadas para 10 de março, António José Seguro começou por salientar que tem estado "fora da vida política nacional", mas em maio passado abriu uma exceção ao comentar a situação que então se vivia no país.
"Em maio, abri uma exceção e fiz uma declaração dizendo que estava perplexo quando olhava para o país. Com aquilo que está a acontecer esta semana e que aconteceu esta semana, não só fico perplexo como partilho o sentimento da esmagadora maioria dos portugueses de tristeza e de inquietação", declarou.
O ex-secretário-geral do PS deixou ainda uma dura crítica: "O país merece muito mais e merece melhor do que aquilo com que temos sido confrontados".
António José Seguro, professor universitário, afastou-se da vida política depois de ter sido derrotado por António Costa, então presidente da Câmara de Lisboa, nas eleições primárias do PS de setembro de 2014 para a escolha do candidato a primeiro-ministro deste partido às legislativas de 2015.
Nuno Tavares - RTP
Nesta investigação há muitas informações que têm chegado aos jornalistas e que supostamente não deviam ser públicas nesta fase. O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, Adão Carvalho, avisa que as regras não estão a ser cumpridas.
O antigo líder parlamentar do PS Francisco Assis afirmou hoje à agência Lusa que não estará presente no encontro de dirigentes socialistas conotados com a ala direita deste partido, no domingo, em Cantanhede, distrito de Coimbra.
"Não posso ir", declarou o atual presidente do Conselho Económico e Social (CES) sobre este encontro em que dirigentes socialistas desta sensibilidade política vão procurar acertar uma posição comum em relação aos processos de eleição do novo secretário-geral e congresso do PS.
As eleições diretas para a sucessão de António Costa no cargo de secretário-geral do PS estão marcadas para 15 e 16 de dezembro -- em simultâneo com a eleição de delegados -- e o congresso está previsto para 06 e 07 de janeiro.
O ex-secretário-geral adjunto do PS atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, já anunciou que se vai candidatar a secretário-geral e a candidatura do ex-ministro e atual deputado socialista Pedro Nuno Santos deverá ser formalizada nos próximos dias.
Neste encontro em Cantanhede, segundo fonte socialista, estão previstas as presenças de cerca de três dezenas de "destacados militantes", entre os quais o presidente da Sedes, Álvaro Beleza, e o ex-secretário de Estado Jorge Seguro Sanches.
De acordo com um dos promotores do encontro, visa-se sobretudo "evitar precipitações", encontrar uma posição comum entre os elementos desta ala e, ainda, se possível, que haja um candidato de unidade a secretário-geral, tendo em vista os próximos processos eleitorais internos no PS.
Os dirigentes socialistas conotados com a ala direita do PS vão juntar-se no domingo, em Cantanhede, distrito de Coimbra, para procurar uma posição comum em relação aos processos de eleição do novo secretário-geral e congresso deste partido.
As eleições diretas para a sucessão de António Costa no cargo de secretário-geral do PS estão marcadas para 15 e 16 de dezembro -- em simultâneo com a eleição de delegados -- e o congresso está previsto para 06 e 07 de janeiro.
O ex-secretário-geral adjunto do PS atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, já anunciou que se vai candidatar a secretário-geral e a candidatura do ex-ministro e atual deputado socialista Pedro Nuno Santos deverá ser formalizada nos próximos dias.
Neste encontro em Cantanhede, segundo fonte socialista, estão previstas as presenças de cerca de três dezenas de "destacados militantes", entre os quais o antigo líder parlamentar e atual presidente do Conselho Económico e Social, Francisco Assis, o presidente da Sedes, Álvaro Beleza, e o ex-secretário de Estado Jorge Seguro Sanches.
De acordo com um dos promotores do encontro, visa-se sobretudo "evitar precipitações", encontrar uma posição comum entre os elementos desta ala e, ainda, se possível, que haja um candidato de unidade a secretário-geral, tendo em vista os próximos processos eleitorais internos no PS.
Na quarta-feira, numa declaração à agência Lusa, Francisco Assis defendeu que, "nas presentes circunstâncias políticas, pede-se aos mais altos responsáveis do PS que tudo façam para que haja um entendimento em torno de uma candidatura à liderança do partido".
"O PS não deve ter medo de enfrentar eleições antecipadas e deve unir-se em torno de uma nova liderança agregadora e combativa", acrescentou.
Na terça-feira, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, na sequência de um caso judicial que o envolve relacionado com negócios de lítio e hidrogénio, apresentou a sua demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e anunciou que não iria recandidatar-se nas eleições legislativas antecipadas, entretanto marcadas pelo chefe de Estado para 10 de março.
O ministro das Infraestruturas disse hoje que a decisão sobre o novo aeroporto não poderá ser tomada por um Governo de gestão, mas pelo próximo executivo, sem ignorar o trabalho da comissão técnica independente.
"Era intenção deste Governo tomar a decisão do aeroporto no início de 2024. Essa é uma decisão que penso que um Governo de gestão não poderá tomar, terá de ser tomada pelo próximo Governo", afirmou João Galamba, na Assembleia da República, na discussão na especialidade do Orçamento do Estado para o próximo ano.
O governante acrescentou que a comissão técnica independente (CTI) que está a analisar as várias opções para a solução aeroportuária da região de Lisboa "pretende cumprir escrupulosamente os prazos" e que o seu ministério "terá tudo preparado" para que a decisão possa ser tomada.
"O objetivo do relatório da CTI é habilitar um Governo a tomar a decisão e esse trabalhão será feito, o próximo governo poderá tomar essa decisão, não tendo de ignorar o trabalho feito", apontou o ministro das Infraestruturas, sinalizando que o relatório "existirá para quem a quiser tomar [a decisão]".
O presidente do Partido Socialista Europeu disse hoje que as notícias sobre o governo de Portugal deixam "chocados e tristes" os socialistas da Europa, mas agradeceu e elogiou "a liderança" e "a coragem" do primeiro-ministro, António Costa.
Stefan Löfven referiu "os acontecimentos ainda em desenvolvimento em Portugal" na abertura do congresso do Partido Socialista Europeu (PES), em Málaga, Espanha, e ressalvou não querer fazer comentários com base em "especulações e rumores".
"Temos de esperar e conhecer a história toda. Mas deixem-me dizer que a nossa família política está sempre do lado do Estado de Direito e sempre contra a corrupção. Estamos por isso chocados e tristes com estas notícias", afirmou Stefan Löfven, antes de acrescentar que é preciso "respeitar a presunção de inocência", sublinhando que é um direito fundamental.
"E deixem-me aproveitar esta oportunidade para agradecer a António Costa pelo trabalho e pelas conquistas incríveis como primeiro-ministro. Quero elogiar a sua liderança e a coragem em demitir-se para preservar a dignidade do cargo, mesmo sem ter sido acusado", acrescentou Stefan Löfven, num momento que a assembleia aplaudiu.
Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro, na terça-feira.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público (MP) no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e um centro de dados em Sines terem invocado o nme do primeiro-ministro como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
No dia da demissão, Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável".
O Partido Socialista europeu reúne-se hoje e no sábado em Málaga, com o socialista espanhol Pedro Sánchez como anfitrião.
Stefan Löfven considerou que um dos momentos mais importantes para os socialistas europeus dos últimos meses ocorreu precisamente em Espanha, com o resultado das eleições de 23 de julho e "a prova" de que é possível derrotar o populismo e os partidos reacionários.
O partido socialista espanhol (PSOE), o segundo mais votado nas eleições, fechou hoje os últimos acordos com uma `geringonça` parlamentar que integra oito formações políticas e que deverá reconduzir Pedro Sánchez como primeiro-ministro na próxima semana.
O ministro das Infraestruturas disse hoje que adiar ou não concretizar projetos em curso atrasará o país em décadas e lembrou que a candidatura a fundos europeus para alta velocidade entre Lisboa e Porto tem de ser feita em janeiro.
"É essencial acelerar investimentos em infraestruturas e concluir importantes ligações ferroviárias e rodoviárias determinantes para Portugal. Não avançar com projetos em curso ou adiá-los será atrasar o país em várias décadas", afirmou João Galamba.
O ainda ministro das Infraestruturas falava hoje numa audição parlamentar conjunta entre a Comissão de Orçamento e Finanças (COF) e a Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, no âmbito da apreciação do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), horas depois de o primeiro-ministro ter dito que ia discutir com o Presidente da República a manutenção do ministro.
Galamba garantiu ainda que o Governo vai avançar com todos os procedimentos necessários para avançar com a ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Porto e lembrou que é necessário formalizar em janeiro uma candidatura a fundos europeus, para um financiamento superior a 700 milhões de euros.
"É da maior importância que no mês de janeiro de 2024 o país candidate um projeto que reúna consenso nacional e de todos os partidos [...] para Portugal não perder fundos e avançar com este importante projeto estrutural", afirmou o governante.
À entrada para a audição, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, não parou para responder às perguntas dos jornalistas e apenas respondeu "claro que sim" quando lhe perguntaram se estava de consciência tranquila.
"Estou aqui para defender o Orçamento, coisa que farei", respondeu quando lhe perguntaram se tinha condições para continuar no cargo até às eleições.
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos, no âmbito da investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do `data center` de Sines.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
O primeiro-ministro, António Costa, é alvo de uma investigação do Ministério Público (MP) no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados.
Segundo a indiciação, a que a Lusa teve acesso, o MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus.
O presidente da CIP afirmou hoje concordar com a decisão do Presidente da República de dissolver o parlamento, permitindo a viabilização do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), mas considerou excessivo o período de quatro meses até às eleições.
"Acreditamos que não havia muita margem de manobra para fazer diferente, seja na marcação de eleições, seja em criar condições para que, de alguma maneira, o orçamento pudesse ser aprovado. O único ponto com que nós, porventura, estamos em desacordo é com o tempo em que as eleições foram marcadas", afirmou Armindo Monteiro em declarações à agência Lusa.
Segundo o líder da CIP -- Confederação Empresarial de Portugal, a aprovação do OE2024 não seria, por si só, determinante, não fosse o atual contexto inflacionista: "O legislador já previu que em momentos de crise política o Estado possa funcionar com regime duodecimal, o que não nos causaria grande perturbação, mas, em contextos de inflação significativa, não é fácil manter um país a funcionar neste regime", sustentou.
Armindo Monteiro está, contudo, assumidamente "em desacordo com o tempo em que as eleições foram marcadas" -- 10 de março de 2024 -, considerando que "quatro meses é, claramente, muito tempo para que um partido se organize, referindo-se à justificação dada por Marcelo Rebelo de Sousa de que era necessário permitir ao PS que escolhesse um novo líder.
"Nas empresas, quatro meses é um longo prazo e gostaríamos que, também na política, houvesse uma capacidade de resolver os problemas num prazo mais curto. Achamos que os partidos devem estar constantemente em organização e ter soluções alternativas, porque também é isso que é exigido às empresas", argumentou.
"As empresas têm que resolver problemas muito rapidamente, perante todas as circunstâncias que surgem, portanto não vemos razão para que os partidos políticos não tenham a capacidade de se adaptar às circunstâncias e à necessidade de serem rápidos a encontrar soluções", enfatizou.
Questionado pela Lusa sobre a solução alternativa proposta pelo PS de o atual governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, substituir o demissionário António Costa no cargo de primeiro-ministro, mantendo o Governo em funções, o presidente da CIP considera que apenas contribuiria para "descredibilizar as instituições".
"Esta ideia de passar de um órgão de regulação tão importante, de todo o nosso sistema financeiro, para funções executivas de um Governo... E depois, como é que seria? Voltaria ao Banco de Portugal", questionou.
Para Armindo Monteiro, "Mário Centeno tem o perfil de um excelente economista e tem-no demonstrado no Banco de Portugal", mas é essencial "não descredibilizar as instituições" e o Banco de Portugal "é uma organização que deve ser preservada na sua idoneidade e independência".
O líder da CIP considera mesmo que não seria adequada a nomeação de qualquer outro nome indicado pelo PS para chefiar o Governo, evitando eleições: "Acreditamos que seria sempre um governo fragilizado, como, de resto, já tivemos na nossa história recente. Os governos que ficam fragilizados apenas adiam o problema", considerou, sustentando que "um Governo de iniciativa presidencial não seria nunca um Governo de plenos poderes".
Para a confederação, "é importante que Portugal não adie os seus muitos problemas e os resolva" e a melhor solução é "dar a voz aos acionistas -- que são os eleitores --, que são quem tem de decidir o que pretendem para o seu futuro e encontrar uma solução de plenos poderes".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou na quinta-feira à noite que vai dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
A decisão do Chefe de Estado foi anunciada após uma reunião do Conselho de Estado, convocada na sequência do pedido de demissão apresentado pelo primeiro-ministro, António Costa, alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e o `data center` de Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.
Foto: Paulo Novais - Lusa
Com o Governo em gestão, dividem-se os sindicatos dos médicos. O novo cenário político não altera a posição da FNAM, que mantém a greve nacional das próximas terça e quarta-feiras.
A associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB) apelou hoje ao Ministério Público (MP) para suspender "de imediato" a licença concedida à Savannah para exploração de lítio e das prospeções em curso em Boticas.
"Em nome do interesse público e da legalidade, [a associação] exige que as autoridades administrativas suspendam de imediato a licença e apela ao MP que, atendendo à gravidade dos factos, proceda à suspensão da licença e das prospeções", afirmou a UCDB.
A reação da associação criada para lutar contra a exploração mineira em Boticas, distrito de Vila Real, surge na sequência da operação Influencer que levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa.
O processo visa as concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real, um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e o projeto de construção de um `data center` na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.
A mina do Barroso foi o primeiro projeto de lítio em Portugal que obteve uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, embora condicionada à concretização de medidas de compensação e mitigação.
A associação apelou ainda ao MP para que "investigue a usurpação de terrenos baldios e privados através do uso abusivo do BUPI (a nova plataforma digital que permite o mapeamento de terrenos) e de registos fraudulentos que favorecem a mineradora e o projeto em causa".
A UDCB lembrou que já decorrem em tribunal três processos distintos relacionados com a mina do Barroso.
Esta semana, o presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, afirmou que o município está também a ultimar uma ação de impugnação à continuidade da mina do Barroso.
A primeira ação em tribunal foi interposta pela Junta de Freguesia de Covas do Barroso para cancelar a licença de prospeção e exploração, com "base na alteração da área e mudança do propósito da licença original, atribuída em 2006, e as sucessivas alterações do objeto do contrato e da licença, à qual o lítio foi acrescentado".
A segunda ação foi levantada pela Comunidade de Baldios de Covas do Barroso contra a Savannah e particulares, e visa a restituição de terrenos alegadamente "usurpados" pela empresa.
Mais recentemente, a mesma junta deu entrada com uma ação administrativa contra a decisão da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) de viabilizar a mina do Barroso.
A UDCB afirmou que o processo de avaliação ambiental da mina do Barroso se pautou "pela falta de transparência por parte da APA, que foi recentemente condenada por não facultar informação à Junta de Covas do Barroso".
"Esta já não era a primeira vez que a APA tinha sido repreendida e condenada por recusar ou ignorar pedidos de acesso a informação que deveria estar no domínio público", lembrou, apontando que, "no seguimento de várias reprimendas e sentenças, está em curso um processo contra Portugal no Comité de Cumprimento da Convenção de Aarhus, relacionado com o desrespeito pelo direito ao acesso à informação ambiental neste processo".
A associação disse que o EIA do projeto foi declarado "não conforme" por duas vezes em 2020 e que, mesmo "após estas reformulações, o EIA recebeu um parecer "não favorável" em junho de 2022, tendo sido dada à empresa mais uma oportunidade para reformular o projeto ao abrigo do "novo regime jurídico, aprovado no início deste ano e feito por medida para `simplificar` os processos de Avaliac¸a~o de Impacte Ambiental".
"A UDCB sempre insistiu que tanto a licença como o parecer favorável da APA foram concedidos sem qualquer fundamento e as descobertas agora feitas pelo MP vieram dar-nos razão. Ilegalidades profundas que inquinam de forma irremediável a licença que a empresa tem utilizado", frisou.
Na sequência da operação, o primeiro-ministro, António Costa, pediu a demissão ao Presidente da República, que na quinta-feira anunciou a dissolução do parlamento e a marcação de eleições antecipadas para 10 de março.
Um movimento de cidadãos interpôs uma ação judicial contra o abate de sobreiros para a construção de um parque eólico em Sines (Setúbal), que diz estar ligado à investigação que levou à demissão do primeiro-ministro.
Num comunicado hoje divulgado, o grupo de cidadãos indicou que a ação judicial deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Beja, no início deste mês, através do Grupo de Ação e Intervenção Ambiental (GAIA) e da Cooperativa Regenerativa, na sequência de uma providência cautelar interposta pelo mesmo movimento em outubro.
"A ação judicial que põe em causa a legalidade do despacho de 01 de agosto de 2023 do ministro do Ambiente e da Ação Climática entrou na passada quinta-feira, dia 02, no Tribunal de Beja, dando suporte à providência cautelar que foi submetida e aceite pela mesma instância", no final de outubro, avançou o movimento.
Em declarações à agência Lusa, a porta-voz do movimento, Avani Ancok, explicou que "o crime é o abate ilegal de sobreiros protegidos pela legislação vigente em Portugal através da imprescindível utilidade pública e o argumento desta ação é a ilegalidade do despacho n.º 7879/2023 proferido pelo ministro do Ambiente, publicado em Diário da República".
O despacho do ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, reconhece "o imprescindível interesse público do projeto eólico de Morgavel" e o consequente abate de 1.821 sobreiros para a construção de um parque eólico em Sines.
Na nota, o movimento adiantou que este processo "visa a proteção efetiva de um bosque de sobreiros perto de Sines, depois de o Ministério do Ambiente ter dado autorização à EDP para o seu abate, com vista à instalação de um parque eólico".
E alegou que "o polémico parque eólico que a EDP queria instalar em Sines está na base das investigações que levaram à demissão do primeiro-ministro, na terça-feira".
Para o grupo de cidadãos, "os principais pontos críticos do modelo em vigor do processo de AIA - Avaliação de Impacto Ambiental são claramente favoráveis às empresas em detrimento dos ecossistemas e das populações locais".
"A relação do projeto do Parque Eólico de Morgavel em Sines e a intervenção do município no processo administrativo com os projetos hidrogénio verde e o `data center` está ligada com ações que levaram ao recente desmantelamento do Governo", argumentaram.
Questionada pela Lusa, a porta-voz do movimento esclareceu que a ação judicial "visa o Ministério do Ambiente e da Ação Climática e tem como contrainteressado o Parque Eólico de Moncorvo Lda, que também está ligado com toda esta questão que veio agora a público nos últimos dias".
"O suposto Parque Eólico de Moncorvo está relacionado diretamente com esta intenção de criar em Sines um megaprojeto de hidrogénio verde e `data center` e, por isso, pedimos que tudo isto agora seja revisto e seja cancelado", acrescentou.
No seu entender "é necessário fazer uma transição [energética], mas não a custo de destruir todo o ecossistema e prejudicar as populações locais que iriam sair bastante lesadas se todos estes projetos, desde o abate destas árvores protegidas por lei, em Morgavel, até à mineração do lítio, fossem para a frente".
A empresa Start Campus é arguida no processo Influencer, mas no terreno as obras do centro de dados continuam a todo o gás.
Foto: Rodrigo Antunes - Lusa
Esta sexta-feira está a ser ouvido Rui Oliveira Neves, da Star Campus, a empresa que está a construir o Centro de Dados em Sines.
Foto: Pedro A. Pina - RTP
João Galamba é suspeito dos crimes de peculato e recebimento indevido de vantagem. Apesar de não estar detido, o ministro surge em várias escutas na indiciação e é um dos oito arguidos da operação influencer. Os cinco detidos estão indiciados por vários crimes, o mais grave de corrupção.
Foto: Wolfgang Rattay - Reuters
O primeiro-ministro é citado por muitos deles, sendo referida a facilidade que teria de resolver problemas relacionados com projeto do centro de dados em Sines.
Foto: António Cotrim - Lusa
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, volta a colar o Partido Socialista à direita, justificando que a formação de António Costa não foi obstáculo, mas sim protagonista.
Foto: Nuno Patrício - RTP
Com a dissolução do Parlamento e a marcação de eleições, o calendário político acelerou. E já se sabe também que o Partido Socialista vai a votos daqui a pouco mais de um mês, a 15 e 16 de dezembro, para eleger o sucessor de António Costa.
Foto: André Kosters - Lusa
António Costa discorda do presidente da República quanto à necessidade de marcar eleições e revelou ao país que o PS indicou Mário Centeno para liderar um novo governo socialista.
Foto: Carlos M. Almeida - Lusa
O presidente da República decidiu dissolver a Assembleia da República e devolver a palavra aos eleitores. Marcelo Rebelo de Sousa assume que a decisão é pessoal e também contrária à do Conselho de Estado.
Foto: Octávio Passos - Lusa
O histórico socialista Manuel Alegre considera que, ao ser rejeitado o nome de Mário Centeno, trocou-se um caminho de estabilidade por uma solução instável.
Foto: Pedro A. Pina - RTP
Ana Gomes defende que o PS tem de cortar com um passado promíscuo entre a política e os negócios.
Foto: André Kosters - Lusa
A dirigente da Federação Nacional dos Médicos, Joana Bordalo e Sá, diz que é urgente negociar. Refere também que o Serviço Nacional de Saúde não pode esperar cinco meses.
Foto: António Pedro Santos - Lusa
José Luís Carneiro é o primeiro socialista a dar a cara como candidato ao cargo de secretário-geral do PS. O atual ministro da Administração Interna confirmou no fim da Comissão Política Nacional do PS as suas intenções.
Foto: Município de Sines.PT
A oposição camarária em Sines manifesta dúvidas e critica o facto de que, até ao momento, não terem sido prestados esclarecimentos sobre estas suspeitas a envolver o autarca socialista Nuno Mascarenhas.
O dirigente socialista José Luís Carneiro afirmou na última noite que se candidata à liderança do PS para garantir segurança, estabilidade e investimento ao país, e prometeu que levará diálogo ao seu partido e à atividade política.
José Luís Carneiro, atual ministro da Administração Interna, falava aos jornalistas quando saiu da reunião da Comissão Política Nacional do PS, durante a qual anunciou a candidatura à sucessão de António Costa na liderança dos socialistas, cujas eleições diretas deverão ser marcadas para os dias 16 e 17 de dezembro.
Perante os jornalistas, o ex-secretário-geral adjunto do PS não comentou a possibilidade de enfrentar o ex-ministro Pedro Nuno Santos nas eleições diretas do partido e optou por posicionar-se como candidato a primeiro-ministro dos socialistas nas eleições legislativas antecipadas de 10 de março.
"Habilito-me a ser candidato a primeiro-ministro para garantir segurança, estabilidade e o investimento na melhoria e no aprofundamento das políticas que criam mais e melhores oportunidades e que afirmam Portugal como um país que consegue crescer economicamente, mas mantém sempre um grande esforço de justiça social", declarou.
Interrogado se está preparado para enfrentar Pedro Nuno Santos nas eleições internas do PS, contrapôs: "Levarei fundamentalmente o diálogo, o diálogo aos militantes do PS, mas procurando com eles aperfeiçoar e aprofundar um projeto de serviço ao país".
"Porque fundamentalmente estes valores que enunciei, da liberdade, da igualdade e da fraternidade são valores para servir o nosso país, para afirmar o seu prestígio no mundo e para afirmarmos esta coesão e este modelo de desenvolvimento com a estabilidade", disse.
Depois, manifestou-se confiante que o PS, nas próximas eleições legislativas, sustentando que nos últimos oito anos houve uma melhoria das condições de vida das pessoas com as políticas públicas que foram colocadas ao serviço dos portugueses".
"Nas próximas horas farei uma declaração ao país no local e no momento que considerado oportuno", acrescentou.
Interrogado sobre as razões que o levaram a candidatar-se à liderança do PS, o ex-secretário-geral adjunto dos socialistas respondeu: "Fiz questão de ouvir a comunicação do Presidente da República após o diálogo que ocorreu no Conselho de Estado".
"Quis ouvir os meus camaradas na Comissão Política Nacional, compreender os seus ponto de vista sobre o momento que vive o partido e transmitir-lhes a minha disponibilidade para, com os mesmos valores de sempre, da liberdade, da igualdade, da justiça social, colocar a minha experiência de vida ao serviço destes valores e colocar estes valores ao serviço do nosso país", justificou.
Foto: Carlos M. Almeida - Lusa
Na chegada à sede do PS, o primeiro-ministro em funções disse que "o país não merecia ir de novo a eleições", mas destacou que respeita a decisão do Presidente da República e que o PS "está sempre pronto para ir a eleições".
Foto: Mário Cruz - Lusa
António Costa discordou da opção do presidente da República em marcar eleições antecipadas e indicou Mário Centeno para formar um novo Governo.
Foto: Carlos M. Almeida - Lusa
Portugal vai ter eleições antecipadas a 10 de março. O presidente da República decidiu dissolver o Parlamento e devolver a palavra aos eleitores.
Foto: José Sena Goulão - Lusa
Nas reações à decisão do presidente da República convocar eleições antecipadas, o PSD diz que era inevitável para repor o prestígio e a confiança nas instituições.
O dirigente socialista Daniel Adrião defendeu na última noite, perante a Comissão Política Nacional do PS, que os socialistas devem apresentar o atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, como candidato do partido a primeiro-ministro nas próximas eleições.
Na sua intervenção, Daniel Adrião elogiou a proposta que António Costa disse ter levado ao Presidente da República para que o seu antigo ministro das Finanças formasse Governo como primeiro-ministro, sem recurso a eleições legislativas antecipadas.
Mas foi mais longe em relação ao governador do Banco de Portugal: "Acho que nós devíamos ponderar muito bem sobre esta disponibilidade que Mário Centeno demonstrou para liderar o Governo".
"Porque eu estava aqui a pensar com os meus botões, e pensei assim: bom, se calhar o Mário Centeno é mesmo o melhor candidato a primeiro-ministro que o PS pode apresentar ao país no sentido de ganhar as eleições do próximo dia 10 de março", disse, numa intervenção à qual a agência Lusa teve acesso.
O dirigente da linha minoritária dos socialistas sugeriu depois que "era de ponderar, havendo essa disponibilidade de Mário Centeno, convidá-lo para efetivamente ser o candidato do PS às próximas eleições no dia 10 de março, porque nada nos estatutos impede que isso aconteça". "Não há nada nos estatutos do PS que diga que é o secretário-geral do PS que tem de ser o candidato a primeiro-ministro. E, portanto, acho que todos concordarão que provavelmente não vamos encontrar nenhum outro candidato que tenha tão boas condições para ganhar as próximas eleições do que Mário Centeno, mesmo sendo independente", advogou.
Daniel Adrião considerou mesmo que Mário Centeno seria um bom candidato a primeiro-ministro, "se calhar até por ser um independente, alguém com provas dadas, não apenas do ponto de vista do seu percurso profissional, mas também como ministro das Finanças dos governos de António Costa".
" E, portanto, eu acho que o PS não pode mesmo desperdiçar esta oportunidade, António Costa, e essa é uma escolha tua, tua", repetiu para acentuar a sua ideia.
De acordo com o dirigente do PS, Mário Centeno "é uma escolha de António Costa, porque o António Costa propôs o nome do Mário Centeno ao Presidente da República".
"Portanto, foi António Costa que fez essa escolha, com a qual estamos todos de acordo, penso eu. E, portanto, não vejo nenhuma razão para que agora, de facto, Mário Centeno não seja o candidato dos socialistas a primeiro-ministro. Acho que é uma oportunidade única e, se não o fizermos, entendo que nos poderemos arrepender amargamente" advertiu.
Na sua intervenção, Daniel Adrião sustentou ainda que "se poderia reeditar, com toda a propriedade, a experiência ocorrida em 2014 das eleições primárias para a escolha do candidato a primeiro-ministro".
"Houve umas eleições primárias não para a escolha do líder do partido, mas para a escolha do candidato a primeiro-ministro. E, portanto, considero que seria muitíssimo interessante que o partido desencadeasse um processo de primárias abertas, à semelhança do que aconteceu em setembro de 2014, para a escolha do candidato a primeiro-ministro. Seria um candidato fortíssimo do PS e que com quase toda a probabilidade ganharia as próximas eleições", acrescentou.