"É assim que se reage". Marcelo elogia medidas do Governo e UE perante "imprevisibilidade" de Trump
Perante a incerteza e a "imprevisibilidade" da política norte-americana, o presidente da República elogiou as medidas anunciadas tanto pela União Europeia como pelo primeiro-ministro português. Marcelo Rebelo de Sousa considerou que as respostas às tarifas aduaneiras aplicadas pelos Estados Unidos são "prudentes e cuidadosas" e permitem a Luís Montenegro "marcar alguns pontinhos" em período eleitoral.
"Deixou cair a Europa, passou a negociar diretamente com a Rússia, depois falou com a Ucrânia, pelo meio ainda hostilizou o Canadá e a Dinamarca - dois aliados - e portanto isso foi novo", continuou.
Todas as mudanças, com o mandato de Trump, são "uma surpresa contínua, porque os Estados Unidos não querem sair da NATO". Ao mesmo tempo, "querem tratar à parte da NATO a questão da Ucrânia e do entendimento com a Rússia".
Já no plano económico, recordou Marcelo, o que é novo é que os EUA "tinham ajudado a montar a Organização Mundial de Comércio para haver regras, para haver uma ordem económica" e "de repente, furam a ordem".
"Já tinham ensaiado um bocadinho na primeira Presidência Trump, mas agora é a furar generalizadamente", incluindo as tarifas e a quem as aplicar, referiu.
A notícia das alterações das taxas aduaneira "gerou uma primeira reação dos vários Estados por todo o mundo" que questionaram: "é uma mudança que corresponde a uma nova ordem que está a nascer, ou é apenas uma decisão tomada num certo momento para retirar benefícios diretos para os Estados Unidos da América?"
"Paradas altas, vê como reagem e depois paradas baixas", comentou.
"A reação do primeiro-ministro foi certa. É evidente que ele está a marcar alguns pontinhos e a aproveitar para isso. Mas teria sempre de o fazer".
Apesar de insistir que as medidas anunciadas hoje "objetivamente favorecem o Governo", Marcelo Rebelo de Sousa salientou, contudo, que o executivo tinha "de dar a sua palavra" como fez a União Europeia.
"Onde é que isto vai parar?", questionou. "Normalmente, estas situações nunca acabam muito bem. Espera-se que haja o bom senso de gerir as situações para não acabarem mal".