Dissolução era sonho da direita mas só aconteceu porque houve circunstâncias inesperadas, diz Marcelo
O Presidente da República defendeu hoje que a dissolução do parlamento durante a governação do PS era um sonho da direita, mas só aconteceu por circunstâncias inesperadas: um processo judicial e a demissão de António Costa.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que o questionaram sobre a opinião manifestada por António Costa de que "a ocasião fez a decisão" para o Presidente pôr termo à legislatura, no fim do ano passado, como pretendia a direita.
"Isso é verdade. Houve um processo que não esperávamos -- sem ele não teria havido dissolução. Houve uma demissão que não esperávamos, de primeiro-ministro e secretário-geral do PS -- sem ela não teríamos tido a dissolução", respondeu o chefe de Estado.
"Foi o somatório dessas duas realidades que realmente conduziu à dissolução da Assembleia da República", acrescentou.
Segundo o Presidente da República, a dissolução "era um sonho antigo da direita portuguesa, desde 2016, mas só se concretizou porque houve essas duas ocasiões que se somaram: um processo que ninguém esperava nem imaginava e a demissão de primeiro-ministro e secretário-geral do PS".
António Costa escreveu sobre os acontecimentos de novembro do ano passado no prefácio de um livro da autoria do ex-presidente da bancada parlamentar do PS Eurico Brilhante Dias, intitulado "Palavras escritas".
"O certo é que chegámos prematuramente ao termo desta Legislatura por decisão do Presidente da República. A ocasião fez a decisão, mas desde outubro de 2022 que a direita andava num frenesim na busca de um pretexto para a dissolução", sustentou o anterior primeiro-ministro.