Desconforto no CDS. Direção de Nuno Melo demarca-se de acordo com PAN na Madeira

por Carlos Santos Neves - RTP
“O único acordo que o CDS-Madeira celebrou foi com o PSD-Madeira relativo à coligação pré-eleitoral Somos Madeira” Manuel Fernando Araújo - Lusa (arquivo)

O líder nacional do CDS-PP demarcou esta quinta-feira a sua direção do acordo de incidência parlamentar entre o PSD da Madeira e o PAN, anunciado após as eleições legislativas na Região Autónoma. Em carta aos militantes, Nuno Melo escreve, ainda assim, que “compete exclusivamente ao CDS-Madeira, nos termos dos estatutos do partido e no quadro da sua autonomia regional, adotar uma decisão acerca do acordo e da participação no Governo Regional”.

Está lavrado em carta o desconforto entre os democratas-cristãos face ao entendimento firmado por Miguel Albuquerque na Madeira.

O CDS-PP nacional trata de deixar claro que não desempenhou qualquer papel na negociação do acordo com o partido Pessoas-Animais-Natureza. E Nuno Melo enfatiza que o PAN é “um adversário político”.“O CDS-PP, como partido do centro-direita e da direita democrática, tem uma visão doutrinal e ideológica completamente oposta e antagónica à do PAN acerca do personalismo, do mundo rural, das tradições e costumes e de todo um modo de vida em sociedade”, lê-se no texto de Nuno Melo, a que a RTP teve acesso.


“Como é público, o PSD-Madeira assinou terça-feira um acordo de incidência parlamentar com o partido PAN na Madeira, excluindo no entanto este partido de participação no Governo Regional. Este acordo inclui medidas como a implementação de uma taxa turística regional (dependente das autarquias); o apoio à agricultura biológica; a vacinação gratuita e apoios à esterilização de animais domésticos; um reforço das medidas de apoio às rendas; a criação de um Centro de Juventude e de uma casa de autonomização para as vítimas de violência doméstica, a par de outras medidas que faziam parte do programa eleitoral da própria coligação”, enumera Nuno Melo.

Para, adiante, aclarar: “O CDS-Madeira não teve qualquer participação neste acordo de incidência parlamentar com o PAN. Trata-se de um acordo bilateral celebrado apenas entre o PSD -Madeira e o PAN”.

“Nessa perspetiva”, prossegue Nuno Melo, “o CDS-PP considera que seria possível procurar outra alternativa para garantir a governabilidade da Região no espaço político do centro-direita, rejeitando o PAN pelas razões ideológicos, doutrinais e politicas atrás referidas. Teria, aliás, a vantagem de sinalizar ao eleitorado e ao país que há um esforço possível e comum no centro-direita para assumir com estabilidade e coerência as responsabilidades e a viabilidade de uma governação não socialista”.

“Por esta ordem de razões, o CDS-PP demarca-se expressamente do acordo celebrado entre o PSD-Madeira e o PAN. Não obstante, compete exclusivamente ao CDS-Madeira, nos termos dos Estatutos do Partido e no quadro da sua autonomia regional, adoptar uma decisão acerca do acordo e da participação no Governo Regional da Madeira”, remata.
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