Marcelo Rebelo de Sousa vinca ainda que, enquanto presidente, não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro.
"O Ministro das Infraestruturas apresentou hoje o seu pedido de demissão, invocando razões de peso relacionadas com a percepção dos cidadãos quanto às instituições políticas", assinala o presidente.
O primeiro-ministro,
"a quem compete submeter esse pedido ao Presidente da República, entendeu não o fazer, por uma questão de consciência", apesar de ter considerado que se tratou de uma "situação deplorável".
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O Presidente da República, que não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do Primeiro-Ministro, discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à percepção deles resultante por parte dos Portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem", lê-se ainda na
nota na página da Presidência.
Nessa comunicação, iniciada perto das 21h00 desta terça-feira, António Costa anunciava ter rejeição do pedido de demissão por parte do ministro das Infraestruturas, João Galamba.
"O senhor ministro das Infraestruturas dirigiu-me uma carta apresentando o seu pedido de demissão", revelou o primeiro-ministro, reconhecendo que esta "tem sido insistentemente pedida".
"Trata-se de um gesto nobre que eu respeito, mas que em consciência não posso aceitar", afirmou o primeiro-ministro a partir de São Bento.
Na mesma declaração, António Costa pediu "desculpa a todos os portugueses" pelo incidente "deplorável ocorrido no Ministério das Infraestruturas", referindo-se às acusações de um assessor do ministro que acusou João Galamba de pretender omitir informações solicitadas pela comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP.
O assessor Frederico Pinheiro, demitido na quarta-feira, esteve envolvido num episódio marcado por violência e ameaças a membros do gabinete de João Galamba, no próprio Ministério, ao tentar recuperar um computador de serviço que acabaria por ser reavido com a intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS).
Antes da declaração do primeiro-miniistro, o gabinete de João Galamba tinha enviado uma nota às redações a comunicar o seu
pedido de demissão devido a toda a sucessão de escândalos.
"No atual quadro de perceção criado na opinião pública, apresento o meu pedido de demissão em prol da necessária tranquilidade institucional, valores pelos quais sempre pautei o meu comportamento e ação pública enquanto membro do Governo", afirmava João Galamba.
Reiterava, no entanto, que nunca tinha tentado omitir informações aos deputados. "Demito-me apesar de em momento algum ter agido em desconformidade com a lei ou contra o interesse público que sempre promovi e defendi na minha atuação enquanto governante", reiterava o ministro.
Estes desenvolvimentos surgem depois de um dia intenso a nível político que começou com uma reunião entre o ministro das Infraestruturas e o primeiro-ministro. Durante a tarde, António Costa foi ao Palácio de Belém para reunir com o presidente da República, num encontro que durou praticamente duas horas.