Blindar as metas definidas para a derrapagem das contas públicas “tem que ser a última das preocupações neste momento”. O primeiro-ministro respondeu nestes termos, esta quarta-feira, quando questionado sobre o impacto no Orçamento do Estado das medidas de apoio aos concelhos atingidos pelos incêndios. António Costa ressalva, ainda assim, que se impõe “manter uma trajetória de consolidação orçamental”.
“Não podemos ter uma obsessão quando a prioridade que temos neste momento é obviamente reconstruir o país, é apoiar as famílias, é apoiar a reconstrução das habitações, é apoiar a reconstrução do tecido económico”, enfatizou o primeiro-ministro, para acrescentar que à falta deste esforço “aquilo que está desertificado mais desertificado fica”.
Ainda segundo António Costa, o Executivo está empenhado em “conseguir compatibilizar as coisas, quer através da mobilização de fundos comunitários, quer através da negociação com a Comissão Europeia de isenções de contabilização de certa despesa para efeitos do défice, quer com mecanismos de reengenharia que permitem a mobilização de recursos”.
“Estamos a encontrar soluções de forma a, sem derrapagens, responder àquilo que é necessário”, reforçou, antes de reiterar que “a última preocupação” é “discutir uma décima ou menos uma décima”.
“Com responsabilidade”
O primeiro-ministro sublinharia que nem a Comissão Europeia está a colocar entraves, pelo que “não vale a pena” fomentar “angústias”.
“Concentremo-nos em fazer aquilo que estamos a fazer. Claro que com responsabilidade, sabendo que temos metas a cumprir, que temos objetivos que temos de prosseguir e que iremos prosseguir de forma equilibrada como temos feito até agora”, insistiu Costa.
“Com certeza que iremos conseguir resolver os problemas sem criar novos problemas”, rematou.
A reunião de trabalho em Coimbra contou com a presença da presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, do ministro adjunto Pedro Siza Vieira, do ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, de Manuel Caldeira Cabral, titular da pasta da Economia, e de Nelson de Sousa, secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão.
Obras concluídas em 72 casas
Durante a tarde, o primeiro-ministro visitou quatro casas que foram já reconstruídas na zona de Pedrógão Grande. De acordo com o chefe do Executivo, as obras em 72 casas estão já concluídas e 90 habitações estão em fase de arranque de obra, o que corresponde a 66 por cento de todas as habitações afetadas.
“Na altura do Natal, todas as casas estarão ou concluídas ou já em obras”, afirmou o primeiro-ministro aos jornalistas.
Para António Costa, a experiência em Pedrógão fez com que muitos procedimentos fossem agilizados e essas medidas serão agora extensíveis às vítimas dos incêndios de outubro.
De acordo com dados entretanto conhecidos da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, os fogos de dia 15 de outubro atingiram total ou parcialmente 800 casas de primeira habitação.
O primeiro-ministro garantiu que o apoio às empresas é outra das prioridades, bem como a reflorestação. Assumiu que a floresta que vai surgir no centro do país “não pode ser como a que tínhamos”.
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