O líder do PSD afirmou esta noite que é impossível um acordo com o Chega no frente a frente desta noite com André Ventura. Este rejeitou por seu lado a ideia do Chega ser um partido demasiado radical.
O debate entre Rui Rio e André Ventura, transmitido na SIC, foi dominado pelos cenários de governabilidade após as eleições de 30 de janeiro, com o líder do Chega a acusar o presidente do PSD de querer ser "o vice-primeiro-ministro de António Costa".
No debate, Rio admitiu que se o Chega tiver uma votação "muito elevada" tal vai dificultar uma substituição de António Costa no poder, apelando ao voto "útil e razoável" no PSD.
"Eu não quero ir para o poder a qualquer preço", assegurou Rio, dizendo ser "impossível" uma coligação de Governo com o Chega, uma vez que os dois partidos têm "divergências de fundo".
O líder do PSD acusou André Ventura de ser "contra o regime" e de "não ter mão" no Chega, que classificou como um partido "instável", citando o exemplo do acordo nos Açores, que já esteve em risco.
Questionado se prefere entregar o poder ao PS a fazer um entendimento com o Chega, Rio contrapôs com um desafio a André Ventura.
"Se o PSD apresentar um programa de Governo na Assembleia da República - não é votado, mas podem meter uma moção de censura - aí naturalmente o dr. André Ventura tem de decidir se quer chumbar o Governo do PSD e abrir portas à esquerda", afirmou.
Confrontado com esta questão, o líder do Chega reiterou as suas condições para essa viabilização: "O Chega só aceita um Governo de direita em que possa fazer transformações e isso implica presença no Governo", disse.
Ainda assim, André Ventura reiterou que "tudo fará" para afastar António Costa do poder e manifestou-se disponível para o diálogo com Rui Rio no pós-eleições.
"Ninguém vota no Chega para ser muleta do PSD, para nós é preciso conversar para haver um Governo que afaste António Costa, o Chega está disponível para conversar no pós 30 de janeiro", assegurou.
Ventura desafiou, por várias vezes ao longo do debate, Rio a dizer em que matérias é que o Chega seria tão radical e distante do PSD, dando exemplos em áreas como a redução de deputados, a "subsidiodependência" ou até a prisão perpétua que o partido defende para certo tipo de crimes.
Neste último ponto, Rui Rio fez questão de separar os vários regimes de prisão perpétua que existem - citando o exemplo da Alemanha em que este tipo de pena é revisto ao fim de 15 anos sob forma de liberdade condicional - e afastando-se daqueles em que alguém pode ser preso por toda a vida.
"Se estamos a falar na prisão perpétua ponto final paragrafo, isso nós somos contra", disse.
c/ Lusa