CTT. Compra de ações foi opção tomada "por cautela" para assegurar serviço público, justifica Costa

por RTP
Foto: Pedro A. Pina - RTP

Em declarações aos jornalistas sobre a compra de 0,24 por cento das ações dos CTT pelo Estado, o primeiro-ministro sublinhou que a opção foi tomada numa altura em que o contrato de concessão estava prestes a terminar e tinha de ser renovado. "Por cautela, entendemos que era de bom senso o Estado ter uma participação no capital", explica António Costa.

"Com a alienação de todos os ativos com os CTT, se por alguma razão o concessionário não quisesse prosseguir a atividade (...) ou se por alguma razão não houvesse acordo entre o Estado e o concessionário na renovação do contrato, como imaginam seria muito difícil continuar a assegurar o serviço", justificou ainda.

A aquisição de ações aconteceu "entre entre agosto e outubro de 2021" e o novo contrato foi assinado em janeiro de 2022. "Depois a aquisição não prosseguiu porque tínhamos chegado a acordo e não havia qualquer risco para a prossecução da operação de serviço público", explicou António Costa.

"A negociação foi feita, o contrato foi renovado, não foi necessário prosseguir esta operação. Ficámos com aquela posição absolutamente residual", acrescentou.

De acordo com o primeiro-ministro, "os relatórios de contas da Parpública espelham naturalmente o resultado desta operação", embora de forma "não discriminada, porque é uma participação diminuta, de 0,24%".

O primeiro-ministro salientou também que a aquisição não foi revelada publicamente na altura pelo impacto que a divulgação da mesma teria no preço.

"No dia em que o Estado anunciasse que pretendia comprar ações dos CTT, as ações começavam a aumentar o preço, o que teríamos de pagar pela compra das ações seria muito superior
", adiantou o chefe de Governo.

Sublinhou, no entanto, que a operação "não foi mantida em segredo" e que os CTT são uma empresa cotada, as ações foram compradas em bolsa", apenas "não foi revelado publicamente a intenção do Estado comprar" as ações.

Assinalou ainda que, nos 27 países da União Europeia, "só em três é que o Estado não tem nenhuma participação no capital das suas empresas de correio".

Questionado sobre se a compra de ações esteve relacionada com os partidos à esquerda do PS, António Costa disse que isso "nunca foi tema de debate com o Bloco de Esquerda". Já com o PCP "era um tema, mas não houve relação causa/efeito".

"O PCP defendia a nacionalização, que 100% do capital fosse do Estado. O máximo que nós nos propúnhamos adquirir era 13 por cento", adiantou o primeiro-ministro.

Numa crítica ao Governo de Pedro Passos Coelho, o primeiro-ministro observou que "se há alguma coisa para discutir é a forma" como os CTT foram privatizados durante o período de assistência financeira.

"Mas não vale a pena estarmos querer rediscutir o passado, porque de facto (...) deixou o Estado bastante fragilizado perante as circunstâncias, num serviço que continua a ser muito relevante e muito importante para o conjunto do país", vincou.

(com Lusa)
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