Cravinho admite que sabia de derrapagem. "Se eu tivesse travado a despesa não haveria hospital"
Confrontado com notícia de que foi informado da derrapagem das obras do antigo Hospital Militar e de nada ter feito para impedir, o ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou esta segunda-feira que “não gostou nada de ser acusado de mentir, muito menos ao Parlamento português”. João Gomes Cravinho assumiu que sabia da derrapagem, salientando que, naquela altura, “não havia razão nenhuma para travar o que quer que fosse” e que se “tivesse travado essa despesa, não haveria hospital”.
A polémica está relacionada com as obras no Hospital Militar, cujos trabalhos adicionais mais do que duplicavam os custos. O ministro tem afirmado que desconhecia essa derrapagem e, no final, a obra acabou por custar mais do que o triplo.
O ministro, que na altura detinha a pasta da Defesa, admitiu agora que estava a par dessa "derrapagem", afirmando que, em março de 2020, “tornou-se claro que o custo iria ser superior ao estimado”. “Naquela altura era uma prioridade absoluta erguer uma capacidade para receber futuros doentes covid num hospital que precisava de ser recuperado para esse efeito”, afirmou.
“Houve uma estimativa inicial e veio-se a perceber mais tarde que essa estimativa inicial era insuficiente e que o custo real seria superior”, explicou, sublinhando que “não havia razão nenhuma para travar o que quer que fosse”.
“Se eu tivesse travado essa despesa, ela não teria sido feita e não haveria o hospital”, afirmou.
Sobre o questionário de seleção de governantes, Cravinho disse já ter feito o “exercício mental” e garantiu que responderia a esse questionário “sem problemas”.
João Gomes Cravinho foi ainda confrontado com a mais recente notícia que dá conta de que o atual ministro dos Negócios Estrangeiros detém uma empresa com sócio que foi condenado por fraude fiscal. Cravinho disse que esta é uma “notícia difamatória” e garantiu que nunca teve qualquer responsabilidade de gestão na empresa em causa.
“A própria empresa nunca teve qualquer tipo de problema legal”, afirmou.
O ministro garantiu que “desconhecia por inteiro” os problemas fiscais do seu sócio. “A existirem, esses problemas nada têm a ver com a empresa e muito menos comigo. Não há nenhum tipo de ligação entre mim e eventuais problemas de natureza judicial que possam existir”, concluiu.