O primeiro-ministro rejeitou hoje que o Programa de Estabilidade viole compromissos assumidos com os parceiros parlamentares e defendeu que o défice é mais baixo do que o previsto este ano porque o crescimento e emprego foram maiores.
António Costa falava na abertura do debate quinzenal, na Assembleia da República, num discurso que dedicou quase totalmente ao Programa de Estabilidade, documento no qual se prevê uma meta de défice de 0,7% para 2018 e que é contestada pelo BE, que exige a manutenção do valor de 1,1 por cento.
"Quero ser claro, na base destes resultados no défice e na dívida pública não está qualquer corte, nem a falta a qualquer compromisso assumido nesta Assembleia [da República]", declarou o primeiro-ministro.
De acordo com o líder do executivo, foi acordada e já cumprida com os parceiros parlamentares (BE, PCP e PEV) a atualização e o aumento extraordinário das pensões, a eliminação da sobretaxa de IRS, o aumento do salário mínimo nacional, os manuais escolares gratuitos para o 1.º ciclo, a instalação de novas unidades de saúde familiares, mais camas de cuidados continuados ou a vinculação de professores.
"Cumprimos todos os compromissos e se os resultados são melhores é porque a política que seguimos produz bons resultados. Por isso, também crescemos mais do que o previsto, por isso o desemprego reduziu mais do que esperávamos e o défice também. Se querem mesmo saber como se reduziu o défice, a explicação é simples: emprego, emprego, emprego", sustentou.
Nas estimativas apresentadas por António Costa neste debate quinzenal, a criação de emprego terá poupado em dois anos 448 milhões de euros em subsídios de desemprego.
Por outro lado, o emprego aumentou nos últimos dois anos 1,6 mil milhões em contribuições para a Segurança Social.
"Ou seja, metade da redução do défice, deve-se à redução do desemprego e à criação de mais e melhor emprego. No Programa de Estabilidade são revistas as previsões de défice para os anos de 2018 e 2019, não porque o esforço de consolidação aumente, mas porque o desempenho económico e financeiro alcançado em 2017 nos deixa num novo ponto de partida", alegou ainda o primeiro-ministro, numa nova resposta indireta às objeções levantadas, sobretudo, pelo BE.
Segundo António Costa, face à execução orçamental de 2017, o esforço de consolidação orçamental em 2018 e 2019 é suavizado."Nenhuma das medidas que aprovámos para o Orçamento do Estado de 2018 será posta em causa para cumprir a meta agora prevista", vincou no seu discurso, antes de apontar que, no ano passado, aumentou 36 por cento o investimento público, foi melhorada a progressividade do IRS e continua a concretizar-se o descongelamento de carreiras", entre outras medidas.
"Nenhuma destas medidas foi sacrificada e todas estão a ser executadas", salientou depois.
Ao contrário de outra via política, o primeiro-ministro fez questão de referir que o défice não foi reduzido "à custa de mais austeridade".
"Não foi sequer um desafio alcançado apesar da viragem da página da austeridade. Foi mesmo um desafio conquistado graças ao fim da austeridade", contrapôs. Governo vai anunciar medidas para a habitação
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou hoje que o Governo vai apresentar na próxima segunda-feira um conjunto de medidas na área da habitação, tendo em vista torná-la mais acessível à generalidade dos cidadãos.
"O Governo apresenta na próxima segunda-feira, na semana em que celebramos o 25 de abril, um conjunto de medidas que dá cumprimento a mais um compromisso, concretizando a ambição de assumir a habitação como uma prioridade das políticas públicas deste Governo. O objetivo é simples: assegurar habitação acessível e digna a todos os portugueses", declarou o primeiro-ministro.
Neste ponto, o líder do executivo enviou também um recado para quem já esteja concentrado nas próximas eleições legislativas.António Costa deixou esta mensagem na abertura do debate quinzenal, na Assembleia da República, quando falava sobre a semana que vai comemorar mais um aniversário do 25 de Abril de 1974.
"Ao contrário do que alguns parecem pensar, a legislatura ainda não chegou ao fim e, sobretudo, nós temos ainda muito trabalho pela frente. Por isso, estamos e vamos continuar a trabalhar com todo o afinco e determinação", disse.
A principal preocupação do Governo, segundo António Costa, "é preparar o país para o futuro através de políticas públicas que melhorem a vida dos portugueses, que promovam a igualdade de oportunidades, a coesão do território e a competitividade da nossa economia".
Neste contexto, o primeiro-ministro considerou depois que a redução do endividamento é também "uma garantia essencial de um melhor futuro".
"A credibilidade da trajetória de redução da dívida, é crucial para garantir a sustentabilidade do financiamento da economia portuguesa, das famílias e das empresas, bem como dos serviços públicos, tanto no presente como no futuro. A melhoria da nossa credibilidade internacional, reduz o esforço suportado pelas famílias com os créditos que contraíram, beneficia a competitividade das nossas empresas e a sua capacidade de investir e, uma poupança continuada da despesa do Estado com os juros da dívida", acrescentou. Negrão e Costa trocam acusações sobre Hospital de São João
O PSD questionou hoje o primeiro-ministro por que não aceita verbas de mecenas para avançar já com as obras no Hospital de São João, com António Costa a acusar os sociais-democratas de fugirem das suas responsabilidades.
"Tem à sua disposição 20 milhões de dinheiros de mecenas, a pergunta é porque é que vai gastar 22 milhões de euros de dinheiros públicos?", questionou Fernando Negrão, defendendo que as verbas reunidas pela associação "Um Lugar para o Joãozinho" permitiriam começar a obra "dentro de semanas".
No debate quinzenal na Assembleia da República, o líder parlamentar do PSD questionou António Costa sobre as obras na ala pediátrica do Hospital de São João, que o ministro da Saúde tinha anunciado hoje ficarem concluídas dentro de dois anos.
Na resposta, o primeiro-ministro, considerou que "o essencial é que se resolva agora o que durante dez anos esteve por resolver".
"Acho extraordinário que há uma semana o Governo tenha sido acusado por a obra estar parada, por o Governo não investir, e agora nos venha censurar por querermos investir, em vez de aguardar que os mecenas venham fazer essa obra", afirmou António Costa, pedindo ao PSD que "fixe a sua posição" sobre o tema.
"Nós assumimos as nossas responsabilidades, lamento que não assumam as vossas. Temos uma enorme vantagem: nós vamos fazer, os senhores não fizeram e já não vão fazer", acrescentou.
Fernando Negrão classificou como "uma discussão inútil" o debate sobre de quem é a culpa, mas lembrou que nos últimos dez anos houve três governos e dois eram foram do PS.
Ainda sobre o mesmo tema, o primeiro-ministro citou o comentador político e ex-líder social-democrata Marques Mendes para salientar que um problema que está por resolver "há dez anos" e que envolve um tema tão sensível como crianças com problemas oncológicos devia envergonhar todos os políticos, sobretudo do PS e PSD, que partilharam responsabilidades no Governo nesse período.
"Quem trouxe o tema para este debate não fui eu e o que disse não foi empurrar culpas, foi assumir a nossa responsabilidade: nós vamos fazer aquilo que não foi feito", assegurou António Costa.
Ainda na área da saúde, o líder parlamentar do PSD voltou a pedir, como tinha feito há 15 dias, que o Governo entregue ao parlamento o estudo sobre aumento dos tempos de resposta do INEM e questionou António Costa sobre a construção de uma maternidade única em Coimbra, que disse ter sido prometida pelo ministro da Saúde no final de 2016.
"Nada avançou e, curiosamente, lendo o Programa de Estabilidade, a nova maternidade de Coimbra não consta da lista de investimentos estratégicos da saúde entre 2018-2022. O que mudou e porque mudou?", questionou Negrão.
Sem ter resposta do primeiro-ministro e tendo esgotado o seu tempo, Negrão fez uma interpelação à mesa da Assembleia da República pedindo a António Costa, que ainda dispunha de quase 3 minutos, que lhe cedesse 30 segundos.
"Nós costumamos gerir bem também o nosso tempo e é com gosto que cedo ao PSD", acedeu António Costa.
Depois de repetidas as perguntas sobre o INEM e a maternidade única de Coimbra, o primeiro-ministro informou Fernando Negrão que o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, entregará o relatório sobre a resposta a pedidos de socorro dentro de 15 dias e irá na quinta-feira a Coimbra discutir o calendário de execução da obra da maternidade.
O debate entre Negrão e Costa começou com uma troca de argumentos sobre os números do Programa de Estabilidade, com o líder parlamentar do PSD a dizer que "nem tudo são rosas" e a lamentar que "os portugueses paguem cada vez mais impostos e tenham piores serviços".
Negrão invocou dados divulgados na terça-feira pelo Conselho das Finanças Públicos, dizendo que "as cativações feitas por este Governo no ano passado estão ao nível do Governo anterior e bateram o recorde em 2016".
O líder parlamentar do PSD criticou ainda "reduções drásticas" no investimento público e o facto de a carga fiscal ter sido "a mais alta desde 1995".
"Acha sério continuar a dizer aos portugueses que já não vivemos em austeridade?", questionou.
O primeiro-ministro contestou estes argumentos, salientando que o aumento da receita fiscal se deve, não à criação de qualquer imposto, mas a "boas razões", o crescimento da economia e do emprego. BE diz que é preciso trabalhar mais para ter um bom OEA coordenadora do BE avisou hoje que é preciso "trabalhar mais para ter um bom Orçamento do Estado", garantindo o primeiro-ministro que não há qualquer "obsessão pelo défice" e que "nenhuma medida" acordada com os bloquistas será sacrificada.
No debate quinzenal de hoje, a intervenção da líder do BE, Catarina Martins, centrou-se na questão da revisão da meta do défice inscrita pelo Governo no Programa de Estabilidade, numa troca de argumentos com António Costa, que assegurou tratar-se apenas de uma "atualização meramente aritmética".
"Para mim há uma lição destes últimos dias e digo-lhe com toda a franqueza: precisamos de trabalhar mais para ter um bom Orçamento do Estado, para dar confiança, para criar emprego, para melhorar a saúde, para recuperar salários, para aumentar o investimento. E isso depende de nós aqui, não depende de Bruxelas", disse Catarina Martins.
Na opinião da coordenadora do BE, "o pior de tudo seria ter um orçamento antecipado nos jornais para dizer o que não se pode fazer".
"Aliás, nós não queremos o orçamento antecipado nos jornais. Ponto. Queremos construir os compromissos que o país exige e queremos que esses compromissos sejam para valer", avisou.
António Costa foi perentório: "nós não temos nenhuma obsessão pelo défice e espero que também não tenha nenhuma obsessão pelo défice".
"Nenhuma das medidas que acordamos será sacrificada. Nós não alteramos os nossos objetivos. Não podemos deixar de fazer a atualização aritmética quando os dados da aritmética se alteram", explicou.
Na opinião do chefe do Governo, "a estabilização do sistema financeiro foi dos trabalhos mais meritórios que este Governo e esta maioria fizeram por este país".
De acordo com o primeiro-ministro, os 800 milhões de euros aos quais se refere o BE não são "uma folga" uma vez que não significa que Portugal tem mais 800 milhões de euros, mas sim que precisa de se endividar menos.
"A folga (que temos) é que graças ao facto de devermos menos, entre aquilo que tínhamos previsto em outubro e o que podemos prever hoje é que vamos poupar 74 milhões de euros nas despesas com juros. Isso é que é folga. Esses 74 milhões nós reorientamos integralmente para reforçar o investimento público na saúde, na educação, na cultura", garantiu.
Para o primeiro-ministro, "reduzir a dívida não é algo para estar no quadro de honra da União Europeia, é algo para melhorar a vida do dia a dia das portuguesas e dos portugueses".
Catarina Martins tinha começado a sua intervenção por referir que "no dia 31 de dezembro de 2017 foi ativada a garantia de contingência oferecida pelo Estado português ao Novo Banco no valor de 792 milhões de euros", perguntando a Costa porque é que este valor não está contabilizado no défice de 2017 e se está contabilizado no deste ano.
"Segundo sou informado porque é uma regra do INE (Instituto Nacional de Estatística), que é quem classifica as despesas no ano em que considera que devam ser classificadas", respondeu o primeiro-ministro.
Na réplica, a coordenadora do BE questionou se isso quer dizer que aquilo que o ministro das Finanças propõe para 2018 é, na realidade, "chegar ao fim do ano com um défice de 0,3%".
"A questão de fundo é saber o que é que consta do Programa de Estabilidade. O que consta é simplesmente a atualização aritmética de uma previsão", disse apenas Costa, escusando-se a responder.
O Governo reviu a semana passada a meta do défice deste ano para 0,7% do PIB, abaixo dos 1,1% anteriormente previstos no Orçamento do Estado.CDS defende que Costa "virou o disco" mas a música é a mesma
O líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, defendeu hoje que o primeiro-ministro "virou o disco" mas a música da austeridade é "rigorosamente a mesma", com a diferença que António Costa governa sem 'troika'.
"Garantiu que ia virar a página da austeridade mas, na verdade, o senhor primeiro-ministro apenas virou o disco, porque a música - leia-se, austeridade -, é rigorosamente a mesma. Com uma diferença ou duas: é que é sem 'troika', ao contrário da outra austeridade, e é ao contrário do que o senhor prometeu e hoje ainda enunciou", defendeu Nuno Magalhães.
O presidente da bancada centrista dirigia-se ao primeiro-ministro durante o debate quinzenal no parlamento, centrando-se nas opções do Programa de Estabilidade e reiterando que o executivo fez o maior aumento da carga fiscal e das contribuições desde que há registos.
Na resposta, António Costa insistiu que o aumento do crescimento económico e do emprego geraram mais receitas e contribuições para a Segurança Social.
Perante a insistência do primeiro-ministro de que os resultados se devem a "emprego, emprego, emprego", Nuno Magalhães replicou que se devem, antes, a "impostos indiretos, impostos indiretos, impostos indiretos", em particular, "o imposto sobre produtos petrolíferos, que afeta todos os portugueses".
"Portugal é um dos países onde o peso dos impostos é maior na União Europeia. Em cada 10 euros que um português paga, seis são para o ministro das Finanças", declarou, apontando que "só em 2017, o Governo arrecadou 75,4 mil milhões de euros em impostos e contribuições sociais".
Sobre o programa de estabilidade, Nuno Magalhães disse ser um "documento dá uma visão de um Governo que, entre gerir o equilíbrio de poder que tem de fazer, e dar maior alívio fiscal aos portugueses, maior competitividade às empresas, melhor qualidade nos serviços públicos, prefere contentar os parceiros da coligação".
O primeiro-ministro sugeriu ao líder parlamentar do CDS que pergunte aos cidadãos, podendo começar pelos corredores da Assembleia da República, indagando se os funcionários têm "mais ou menos rendimento do que há dois anos e meio", que estendeu aos pensionistas, aos portugueses que pagavam sobretaxa, e aos profissionais da restauração.
Nuno Magalhães insistiu também que António Costa dê uma data para as obras no Hospital de São João avançarem, tendo o chefe de executivo adiantado que, tal como afirmou o ministro da Saúde, será anunciado um calendário para essa intervenção dentro de duas semanas.
"Os senhores quando têm um problema ou está por dias, ou vão anunciar que vão anunciar", ironizou Nuno Magalhães.Jerónimo acusa Governo de usar sucesso económico para justificar falta de investimento
O secretário-geral comunista acusou hoje o Governo de trocar a "crise" pelo "sucesso" económico para justificar restrições ao investimento público e reposição de rendimentos e direitos, enquanto o primeiro-ministro partilhou os louros com a maioria parlamentar.
"No passado, era em nome da crise que se exigiam sacrifícios que o povo ainda está a pagar. Agora, é o sucesso que serve de mote para fundamentar a continuação dos sacrifícios, aguentar mais uns anos de salários congelados, de serviços públicos degradados ou a meio gás, investimento muito aquém das necessidades para cumprir os critérios do fundamentalismo monetarista e, inexplicavelmente, ir além dele", lamentou o líder comunista, Jerónimo de Sousa, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, no parlamento.
Na resposta, o primeiro-ministro, António Costa, rejeitou tratar-se de uma análise justa e distribuiu a responsabilidade pela melhoria da situação do país com os partidos à esquerda do PS, que apoiam parlamentarmente o Governo.
"Invocamos o sucesso porque é merecido. Não é só do Governo. O sucesso é também do PEV, do PCP, do BE, da bancada do PS, de todos aqueles que, no final de 2015, tiveram a coragem de dizer que havia uma alternativa, virar a página da austeridade e lançar uma nova política em Portugal", afirmou o líder do executivo.
O secretário-geral do PCP tinha questionado o primeiro-ministro sobre o atraso no compromisso de valorizar as longas carreiras contributivas, nomeadamente a segunda fase da despenalização por reforma antecipada prometida para 2018 e adiada para 2019, mas também as necessidades de investimento nos setores da saúde, transportes ou cultura, uma "política de unhas rentes".
Jerónimo de Sousa criticou ainda o "monstrengo da ameaça de perigos futuros, que agora também se agita", contrariando que "os perigos vêm, como a vida o provou, de o país ficar nas mãos dos interesses estrangeiros e sujeito às suas imposições", pois "foi a cedência a essas imposições por sucessivos governos que conduziu o país à grave situação a que urge dar resposta".
Face ao anterior Programa de Estabilidade (PE), António Costa referiu que o atual (2018-22) documento reforça em 350 milhões de euros as verbas para contratação de pessoal pelo Estado para os diversos serviços públicos, lembrando ainda que já há mais 7.000 profissionais de saúde entretanto e estão construídos ou em construção 113 novos centros de saúde e cinco hospitais, além do recente investimento no Metro de Lisboa de 210 milhões de euros.
"Não vou entrar no campeonato de qual dos dois deseja mais satisfazer mais rapidamente todas as necessidades. Concedo que temos os dois a mesma vontade. Agora, temos de prosseguir a par e passo, garantindo a irreversibilidade daquilo que já conquistámos nestes dois anos e meio", disse António Costa, recorrendo depois a uma metáfora futebolística para dizer que há "ainda uma segunda parte da legislatura para levar até ao fim".
Sobre a nova fase de despenalização das reformas antecipadas "de quem tem longas carreiras contributivas", o chefe do Governo sublinhou que o PE contempla um "reforço de 22,6 milhões de euros e mais 40 milhões de euros nos próximos anos para esta medida".
Jerónimo de Sousa começara o debate pela condenação do ataque de EUA, Reino Unido e França na Síria, considerando-o "um ato de agressão sob pretexto" de alegadas armas química por comprovar e em violação do direito internacional, já que "primeiro bombardeia-se, depois investiga-se", mas António Costa não comentou o assunto.
OE2019: Costa diz que negociação será mais fácil
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje que o governo vai prosseguir "as mesmas políticas" e manifestou-se convicto de que o Orçamento do Estado para 2019 vai ser "mais fácil" de negociar do que o deste ano.
"Vamos negociar o Orçamento do Estado para 2019 da mesma forma que negociámos o de 2018, o de 2017 e o de 2016, com uma enorme vantagem em relação aos anteriores: é que à quarta é muito mais fácil do que à primeira, já nos conhecemos melhor, já temos boas razões para confiar mais uns nos outros. Seguramente, o próximo orçamento vai ser mais fácil de negociar do que o deste ano", afirmou António Costa.
O primeiro-ministro respondia no debate quinzenal à deputada do PEV Heloísa Apolónia, que tinha advertido que o partido não aceitaria ser condicionado nas negociações do próximo Orçamento do Estado por uma eventual exigência de limitar os investimentos ou a reposição de rendimentos a um défice em 2019 de 0,2%.
"Há investimentos que não podem ficar de parte. No setor da saúde, cultura, transportes, na coesão territorial. São investimentos necessários que é preciso continuar a dar resposta, é assim ou não é?", questionou Heloísa Apolónia.
António Costa respondeu "é assim", acrescentando que o governo irá "continuar a política de reposição de rendimentos e de reforço do investimento público" e "com as mesmas políticas para continuar a ter bons resultados".
"Até estou convencido que o de 2020 vai ser mais fácil de negociar do que o de 2019", acrescentou o primeiro-ministro.
Costa vinca que solução de Governo é para continuar
O primeiro-ministro congratulou-se hoje com os acordos com o PSD sobre fundos comunitários e descentralização, mas frisou que a atual solução de Governo deve continuar, numa intervenção em que pediu o fim dos "fantasmas" na política.
Palavras proferidas por António Costa no final do debate quinzenal na Assembleia da República duas horas antes de fechar com o presidente do PSD, Rui Rio, acordos sobre descentralização e fundos comunitários.
Na sequência de perguntas formuladas pelo vice-presidente da bancada do PS João Paulo Correia, António Costa criticou quem está sempre a ver fantasmas no percurso do país.
"É altura de pararmos com os fantasmas. Primeiro, em 2016, era porque o país precisava de um plano B (de consolidação orçamental), ou porque vinha aí o diabo. Depois, era a questão das cativações", apontou o primeiro-ministro.
Apesar de ter deixado um recado de caráter genérico, o líder do executivo optou por só se referir de forma crítica ao CDS-PP, dizendo que este partido "anda sempre a saltitar de tema para tema nestes debates quinzenais" na Assembleia da República.
A seguir, neste mesmo contexto, o primeiro-ministro justificou então as razões subjacentes ao acordo que alcançou com "a nova liderança do PSD" sobre fundos estruturais e descentralização, alegando que se trata de áreas estratégicas que "exigem um consenso o mais alargado possível".
Costa referiu mesmo que esses compromissos alargados estão previstos no próprio programa de Governo e que não excluiu ninguém das conversações em torno desses mesmos temas.
Coisa diferente, segundo António Costa, é o acordo de Governo que o PS tem com os seus parceiros parlamentares: O Bloco de Esquerda, o PCP e o PEV.
"Não confundimos estes acordos (com o PSD) que têm esta natureza específica com as posições conjuntas na base das quais se formou uma maioria neste parlamento que viabilizou este Governo. Essa é uma maioria que permitiu uma viragem política que tem produzido bons resultados e que só temos boas razões para darmos continuidade", salientou o primeiro-ministro.
António Costa recorreu depois a um dos princípios táticos do desporto para defender a atual solução de Governo.
"Tal como em equipa que ganha não se mexe, em solução governativa que produz bons resultados também não se deve mexer. Pelo contrário, deve prosseguir - e é isso que esperamos que venha a acontecer", acrescentou.
PEV questiona Costa sobre acordos com PSD
A deputada do PEV Heloísa Apolónia questionou hoje o primeiro-ministro sobre se "bateu alguma saudade" relativamente a acordos com o PSD, referindo-se aos entendimentos entre o Governo e os sociais-democratas sobre descentralização e fundos europeus.
"O primeiro-ministro há de convir que ninguém tem saudades do PSD e PS juntos. Então essa opção do PS de negociar com o PSD as matérias dos fundos comunitários e a descentralização o que significa?", questionou Heloísa Apolónia, no debate quinzenal no parlamento.
Heloísa Apolónia perguntou a António Costa se tais acordos significam "alguma saudade que lhe bateu relativamente à aproximação com o PSD" ou se representa "alguma tentativa relativamente ingénua de limpar e branquear as responsabilidades que o PSD teve na tragédia que decorreu no país".
"Nem saudades nem vocação para o OMO, para lavar mais branco", respondeu António Costa, que procurou explicar os motivos para os acordos naquelas duas "matérias estruturais para o país", que, disse, "requerem o acordo político o mais alargado possível".
"Há matérias que, transcendendo o horizonte da legislatura e até da próxima, como o quadro financeiro plurianual, têm de merecer o consenso social o mais amplo possível e por isso começamos a abrir o debate em junho do ano passado", disse.
Sobre a descentralização, António Costa disse que o governo "tem legislação apresentada" no parlamento e que "não é um debate em exclusivo com o PPD/PSD" e sim um debate em que podem participar todos.
O primeiro-ministro defendeu que o executivo tem "seguido sempre muito bem" as "soluções de governo que foram encontradas" e que "tem dado bons resultados".
"Quanto a essas, estamos entendidos", afirmou. Quanto a "outros domínios e outros acordos, devem ser estabelecidos sem exclusão de ninguém", defendeu António Costa.
"A abertura que temos para negociar com o PPD/PSD é a que temos tido com todos os partidos. Agora, há uns que não defendem que haja maior descentralização, há outros que defendem maior, uns tem visão sobre a Europa e outros tem outra visão, mas o esforço é partilhado por todos", acrescentou.
Para o primeiro-ministro, a atual legislatura marcou o fim do tempo em que havia partidos excluídos do "arco do consenso".
"Não sei, em matéria de descentralização e de fundos comunitários, o que se pode pescar muito dali. Não se esqueça que aquela direita governou a pensar nos números, sempre com uma calculadora na mão", respondeu Heloísa Apolónia.
C/Lusa