António Costa oficializou este sábado o nome de Pedro Marques, ainda ministro do Planeamento e Infraestruturas, como cabeça de lista do PS para as eleições europeias. O anúncio culminou o discurso do primeiro-ministro e secretário-geral socialista na Convenção Europeia do partido, em Vila Nova de Gaia.
Dirigiu-se em particular às gerações mais jovens, nomeadamente aos militantes da Juventude Socialista, assumindo como “primeira obrigação” deixar-lhes “uma Europa da paz”, da “liberdade e da democracia”.
“Defender a Europa é defender-nos a nós próprios”, vincou o líder do PS, que adiante faria a apologia de uma “frente progressista” na União Europeia.
A ideia de que o país governado pelo PS, com o apoio parlamentar à esquerda, é “um bom exemplo para a Europa” presidiu à primeira metade desta intervenção.
Costa lembrou anteriores cabeças de lista a eleições para o Parlamento Europeu, nomeando Maria de Lurdes Pintasilgo, João Cravinho, António Vitorino, Mário Soares, Sousa Franco, Vital Moreira e Francisco Assis, que nesta Convenção Europeia prometeu "contribuir para a vitória".
Ao anunciar, depois, o nome de Pedro Marques, o líder socialista sustentou que o partido optou por uma personalidade com “contribuições relevantes e visão estatégica”, além de “provas dadas” em funções governativas. “Ninguém melhor do que alguém que coordenou o Programa 20/30 e a renovação das infraestruturas”, acentuou.
“Com o mandato que me foi conferido pela Comissão Política Nacional do PS, escolhi o nosso camarada Pedro Marques para encabeçar a lista do nosso partido às eleições europeias”, declarou António Costa.
“Visão de futuro”
“Escolhi alguém que está em boas condições de dar continuidade à boa tradição dos cabeças de lista europeus do PS, porque é alguém que conhece profundamente o país e que, durante anos, na qualidade de secretário de Estado da Segurança Social, conheceu como ninguém não só as realidades sociais, como também as instituições do terceiro setor”, elogiou ainda Costa.
Como ministro do Planeamento e das Infraestruturas, continuou o secretário-geral do PS, Pedro Marques “conheceu com profundidade o território nacional” e “não há autarca com quem não tenha falado".
“Se precisamos de alguém para nos representar em Bruxelas, tem de ser alguém que conheça bem o país dos pontos de vista social e do território, não tendo dúvidas sobre as necessidades dos portugueses”, carregou, para dizer ainda que Pedro Marques mostrou “visão de futuro” enquanto governante, dando como exemplos a gestão do Programa Nacional de Reformas e do Programa Nacional da Infraestruturas e a reprogramação do Portugal 2020, assim como na definição estratégica dos fundos comunitários do Portugal 2030.
O cabeça de lista do PS, rematou Costa, “é alguém com conhecimento profundo das instituições europeias, tendo trabalhado com elas nos domínios do Fundo Social Europeu, do FEDER ou dos fundos de coesão”.
Paulo Rangel no ponto de mira
O encerramento da Convenção Europeia coube ao cabeça de lista. Pedro Marques apontou baterias ao adversário direto do PSD, acusando Paulo Rangel de querer ocultar posições que dava como certo um novo programa de resgate financeiro.O diretor da candidatura de Pedro Marques será João Azevedo, presidente da Câmara Municipal de Mangualde.
“Quando nem a Europa acreditava que conseguíamos, nós demonstrámos que este novo contrato social era possível. Foi possível em Portugal, tem de ser possível na Europa”, lançou, criticando em seguida o alemão Manfred Weber, candidato do Partido Popular Europeu à presidência da Comissão Europeia.
“Na mesma altura em que fazíamos esta mudança de políticas em Portugal, lutávamos na Europa para evitar sanções de Bruxelas a Portugal. Pois nesse momento, tivemos Manfred Weber, o candidato do PSD e do CDS à Comissão Europeia, como principal rosto da exigência de sanções contra Portugal”.
Portugal, prosseguiu então Pedro Marques, teve “cassandras da direita a dificultar a tarefa, anunciando o Diabo”.
“Na onda de Passos Coelho, lá vinha Paulo Rangel, na Universidade de verão de 2016 do PSD, dizer que o futuro de Portugal é uma parede e que, inevitavelmente, seria conduzido a um novo resgate. Três anos passados, ontem mesmo, Manfred Weber esteve a passear, ali, do outro lado do rio, no Porto, com Paulo Rangel, a pedir o voto dos portugueses”, notou.
A opção pelo ainda ministro do Planeamento e das Infraestruturas dita uma remodelação do elenco governativo. Pedro Marques era, de resto, um dos nomes apontados como estando de saída do Executivo.
Já este sábado o primeiro-ministro confirmou a remodelação, mas remeteu para o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o anúncio, “no momento oportuno”, da redistribuição de pastas.
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