Convenção da IL. Rui Rocha dispara a "coletivismos, gavetas, etiquetas ou rótulos"

por Carlos Santos Neves - RTP
A Iniciativa Liberal, advogou Rui Rocha, “é o partido da liberdade” Manuel Fernando Araújo - Lusa

O líder da Iniciativa Liberal abriu este sábado os trabalhos da VIII Convenção Nacional do partido a reivindicar um crescimento constante “do número de votos” em “todas as eleições nacionais”. Rui Rocha, que quis também associar a formação partidária à “liberdade individual”, posicionou-se contra “coletivismos, gavetas, etiquetas ou rótulos”.

“Estamos aqui, hoje, a discutir instrumentos importantes na vida do partido porque o partido cresceu, teve sucesso. Estamos aqui a representar o partido que em todas as eleições nacionais teve sempre crescimento do número de votos. É o único partido que o pode afirmar”, clamou Rui Rocha, ao intervir na abertura da Convenção Nacional da Iniciativa Liberal.A VIII Convenção Nacional da IL, subordinada ao mote “Sempre a Crescer”, realiza-se até domingo em Santa Maria da Feira.


Para que o crescimento do partido se consolide, prosseguiu o dirigente, “é preciso que a mão invisível exista, mas que a mão na massa também se ponha”.

Sem incluir uma alteração na cúpula, a agenda dos trabalhos desta Convenção Nacional é encabeçada pela alteração dos estatutos e do programa político, tendo em vista a declaração “muito mais enfática” de que “a IL é o partido da liberdade”.À chegada à reunião magna, Rui Rocha anteviu um reforço do partido após os trabalhos de Santa Maria da Feira, independentemente de dissensões internas: “O que acontecer, seja lá o que for, vai ser sempre bom para o partido”.

“Somos o partido da liberdade individual. Contra os coletivismos, contra as gavetas, contra as etiquetas, contra os rótulos, contra as formas de catalogar pessoas que são inaceitáveis e que nós vamos sempre combater”, propugnou Rui Rocha.
“Liderámos na dimensão das empresas públicas”

Outras das passagens do primeiro discurso de Rui Rocha abordou o dossier da TAP. A partir do púlpito, o presidente da Iniciativa Liberal acusou o Governo de Luís Montenegro de perda de vontade para privatizar a companhia aérea de bandeira, chamando mesmo ao seu partido a missão de “liderar” o tema.
Rui Rocha propugnou que um dos feitos mais sonantes da IL foi “a capacidade” de “liderar assuntos fundamentais para a sociedade portuguesa”, nomeadamente o crescimento económico e a necessidade de reduzir a carga fiscal.

“Liderámos na dimensão das empresas públicas, por exemplo da TAP e, surpreendentemente, porque este Governo em funções atualmente se apresentou com o propósito de privatizar a TAP, dá-me ideia de que vamos ter de liderar outra vez porque perderam a vontade de privatizar a TAP e nós vamos continuar a insistir que é preciso privatizar a TAP”, lançou.

Já quanto ao capítulo da saúde, Rui Rocha voltou à carga com a ideia de que “parte de uma população em Portugal está refém de uma solução política para o SNS que diz: tens que sofrer primeiro e só depois de sofreres é que podes ter acesso à saúde.

“É absolutamente inaceitável”, rematou.
O que defendem as vozes alternativas?
Por sua vez, a oposição interna da Iniciativa Liberal apela à coerência no debate sobre os estatutos do partido.

“Eu quero - e acredito que todos nós queremos - um partido mais liberal. O que defendemos para o país temos de defender para o partido”, defendeu Hugo Condessa, na apresentação da proposta "Estatutos + Liberais", subscrita por 211 militantes, entre os quais Tiago Mayan Gonçalves, antigo candidato a Belém, Miguel Ferreira da Silva, o primeiro presidente da IL.

A IL, afirmou ainda Condessa, deve “ter o membro no centro da ação partidária”, a “transparência e a eficiência como bandeiras liberais” e “o mérito” enquanto referência. “Não basta afirmar tudo isso para o país. Eu estou aqui porque temos de começar a aplicar tudo isto para o nosso partido”, enfatizou.

Hugo Condessa disse ter mantido a expectativa de que o “processo de revisão estatutária fosse verdadeiramente participativo, colaborativo, aberto, plural, marcado por uma tentativa alargada de consenso”. O que “não veio a acontecer”.

Por seu turno, Miguel Barbosa, a quem coube a apresentação de uma proposta de alteração dos estatutos do Conselho Nacional, argumentou que estes não podem tratar militantes como inimigos: “A nossa concorrência não está aqui. Está lá fora. Provavelmente ávida que nos limitássemos nós, já que continuamos a crescer contra a sua vontade”.Uma das medidas em discussão é a expansão do Conselho Nacional para 107 membros - o órgão seria assim composto por 75 membros eleitos em lista, 25 da comissão executiva e sete da mesa da convenção nacional, um novo órgão nacional.


O objetivo, de acordo com Miguel Barbosa, é tornar a IL “ágil nos processos, adequando as suas estruturas à realidade de uma forma clara e responsável, com rigor de prever tudo quanto precisamos e nada mais e garantindo tal como hoje que a vontade desta sala seja sempre quem mais ordena”.

c/ Lusa
PUB