O CDS-PP diz que há possibilidade de entendimento com o PSD e fala de autárquicas. O PS fala de “delírio”, enquanto PCP vislumbra uma aproximação aos socialistas. O Bloco de Esquerda confessa que não sabe o que Rio vai fazer.
Francisco Rodrigues dos Santos, recentemente eleito líder do CDS-PP, esteve hoje no encerramento do 38.º Congresso do PSD, em Viana do Castelo.
"Através do discurso de Rui Rio e até dos reptos que foram sendo lançados pelo CDS após o nosso último congresso, estão criadas condições para que seja criada esta plataforma de entendimento", defendeu.
Na perspetiva do presidente do CDS-PP, "é importante que haja uma aliança alargada a pensar já nas próximas eleições autárquicas de modo a que PSD e CDS consigam ganhar o maior número de câmaras ao PS".
"E muito brevemente, portanto a curto prazo, convidamos o PSD a juntar-se ao CDS no combate pela vida, contra a eutanásia", desafiou.
PS considera que Rio entrou em delírio
O presidente do PS afirmou hoje que o líder do PSD, Rui Rio, fez um discurso de encerramento do congresso do seu partido caracterizado pelo "delírio" em alguns momentos, designadamente quando fala de um Governo com ideologia comunista.
Tendo ao seu lado o secretário-geral adjunto dos socialistas, José Luís Carneiro, e o presidente da Federação de Viana do Castelo do PS, Miguel Alves, Carlos César considerou que "este congresso do PSD é um pouco mais do mesmo".
"O líder do PSD acabou de fazer um discurso que retirou do congelador, dizendo tudo aquilo que podia ter dito em 2015. Acresce que, naquilo que foi inovador, atingiu em algumas fases o delírio. É absolutamente delirante dizer que temos em Portugal um Governo marcado pela ideologia comunista", apontou o ex-líder parlamentar do PS.
Carlos César afirmou depois que o discurso de Rui Rio foi também caracterizado por ter transmitido "inverdades sucessivas, designadamente ao dizer que este Governo partilha de uma situação em que o investimento e as exportações não crescem".
A coordenadora do Bloco de Esquerda diz que ficou por saber o que o PSD quer fazer a seguir ao Congresso, porque o líder dos sociais-democratas não apresentou nenhuma medida concreta para combater os problemas que apontou.
O PCP acusou o presidente do PSD de branquear todas as responsabilidades políticas que o partido tem tido nos problemas estruturais do país.
Em declarações aos jornalistas, Gonçalo Oliveira, membro da Comissão Política do PCP, acusou Rui Rio de branquear as responsabilidades políticas que o partido tem.
O dirigente comunista considerou "notória" a ausência de propostas e afirmou que, no que é apresentado como "sendo estrutural para o país, há uma convergência com as opções mais negativas até do Governo do Partido Socialista, nomeadamente nas questões de estabilidade orçamental e da submissão aos interesses da União Europeia".
Questionado sobre se a aproximação entre PSD e o CDS-PP muda a relação do PCP com o PS, aproximando-os, Gonçalo Oliveira sublinhou que a relação dos comunistas com os partidos é sempre norteada pelo compromisso assumido com os trabalhadores e o povo português.
A dirigente do PAN Sandra Pimenta destacou hoje a "capacidade de diálogo" com os partidos políticos manifestada pelo presidente do PSD.
"A parte que, se calhar, será mais interessante, é a de ter capacidade de diálogo com os outros partidos. É sempre bom também para o PAN, como é óbvio. É sempre bom ouvir isso. Vamos ver agora em que é isso resultará", afirmou Sandra Pimenta, em declarações à agência Lusa, no final do discurso de Rui Rio.
Para Sandra Pimenta, o discurso de Rio no final do congresso de Viana do Castelo não surpreendeu.
"É um bocadinho o que se estava à espera. No fundo, a pedir um bocadinho de união dentro do partido e a dar a ideia do que vai querer, nomeadamente para o país e do que o seu partido deve querer", acrescentou.