As sondagens ainda durante a campanha previam cinco a 10 por cento de vantagem para o socialista Fernando Medina.
Os votos para a Câmara Municipal da capital portuguesa foram disputados à urna entre os dois candidatos. A vitória de Carlos Moedas foi conhecida quando o presidente do Partido Social-Democrata reagia aos resultados eleitorais nacionais, provocando festa generalizada.
Pouco depois, Fernando Medina fazia o discurso da derrota, sob forte aplauso dos socialistas.
Apesar de ter ganho a presidência Câmara Municipal, governada pelo poder socialista há 14 anos, o novo executivo camarário irá enfrentar uma Assembleia Municipal dominada pelos partidos de esquerda.
Carlos Moedas prometeu usar todas as suas capacidades e experiência em gerar consensos, aprendida em Bruxelas enquanto deputado europeu, para "governar" a cidade.
"Fizemos história"
O novo presidente da capital portuguesa celebrou a vitória pelas 02h35, visivelmente satisfeito.
"Que grande noite!" e "Obrigado Lisboa, que orgulho! Ganhámos contra
tudo e contra todos!" começou por afirmar.
Moedas revelou ter falado com Medina a quem desejou "o melhor para a sua vida pessoal e profissional". "É isto a democracia".
"Não tenho palavras para agradecer o voto de confiança dado pelos lisboetas", acrescentou. "
Comprometo-me com todos os lisboetas, é isso que vamos fazer mudar Lisboa, acreditem!", referiu lembrando o mote da sua candidatura e agradecendo de forma abragente todos os apoios recebidos.
"Esta vitória é a prova de que podemos mudar o sistema", declarou, "porque a democracia não tem dono e os lisboetas disseram alto e bom som que queriam mudança".
"Hoje iniciamos um novo ciclo, novos tempos e acredito convictamente que este novo ciclo começa em Lisboa mas não vai acabar em Lisboa", antecipou.
"Serei o presidente de todos os lisboetas, o presidente que vai unir todos os lisboetas", declarou, dispondo-se a trabalhar com "todos" sobretudo para proteger os mais "frágeis", como os idosos, quem cria emprego, como os "pequenos comerciantes", e os mais novos "que terão futuro em Lisboa".
Os lisboetas disseram "sim" a uma "maneira nova de estar e de fazer política", referiu o presidente eleito. "Os lisboetas querem liberdade, querem e merecem estar na liga de campeões das cidades europeias", frisou ainda, prometendo trabalhar para "mudar Lisboa".
"Hoje fez-se história", considerou.
Derrota "pessoal e intransmissível"
Fernando Medina reconheceu a vitória do oponente agradecendo os votos recebidos e endereçando felicitações a Carlos Moedas. O presidente cessante, que não esclareceu se iria assumir qualquer mandato na capital, garantiu ainda que irá "empenhar-se pessoalmente em passar todos os dossiers" da CML de "forma exemplar" à nova presidência.
A sua derrota, afirmou, "foi pessoal e intransmissível".
Fernando Medina fez um balanço positivo do seu mandato e agradeceu de forma especial à "equipa que me acompanhou nos últimos anos" à frente da Câmara Municipal de Lisboa, sobretudo em tempos de pandemia. Agradeceu ainda ao "povo de Lisboa".
Uma derrota "inesperada"
O secretário-geral do Partido Socialista, António Costa, sublinhou que as sondagens tinham previsto uma grande vitória em Lisboa, tendo-se contudo acabado a contar os votos. Como ex-autarca da capital, o atual primeiro-ministro lamentou que tenha terminado um ciclo de governação de Lisboa iniciado por ele próprio.
"Foi uma derrota inesperada", reconheceu, lembrando logo depois que a escolha do povo é soberana, felicitando o novo presidente da edilidade.
Rui Rio, presidente do Partido Social-Democrata, fez notar o aumento da votação do partido nos centros urbanos, incluindo Lisboa, e denunciou o fracasso das sondagens. Felicitou ainda Carlos Moedas, sublinhando que este foi a "escolha acertada" por parte da direção social-decmocrata. "A recuperação é muito boa" face a 2017, afirmou, ainda antes de ser informado da vitória do candidato apoiado pelo seu partido.
Os mandatos
Ainda sem serem conhecidos os resultados finais, a coligação "Novos Tempos" de Carlos Moedas terá obtido sete mandatos, os mesmos da "Mais Lisboa" de Fernando Medina.
João Ferreira, da CDU, saudou o aumento da votação da coligação em Lisboa, que permitiu duplicar o mandato conquistado em 2017.
O Bloco de Esquerda manteve o seu vereador, Chega e Iniciativa Liberal não conseguiram nenhum, apesar das projeções terem previsto a possibilidade de um mandato para cada.
Na capital portuguesa a abstenção foi de 53,88 por cento. Registaram-se 1.35 por cento de votos nulos e 1.82 por cento de votos brancos.