Lusa
O cabeça de lista da CDU defendeu hoje mais apoios na UE à pequena pesca artesanal e costeira, após uma viagem de barco na Ria Formosa em que ouviu queixas de vários viveiristas locais.
João Carlos Guerreiro Jesus, proprietário de três viveiros de ostras e ameijoas na zona, disse ao cabeça de lista da CDU que há no total 142 interditos proibidos há sete anos, o que está a obrigar centenas de famílias a “andar por aí a trabalhar noutros sítios”.
O viveirista criticou o IPMA por não revelar as avaliações que faz à taxa de poluição da água e referiu que o impedimento de acesso aos viveiros inclui também a proibição de manutenção, o que fará com que, quando a restrição for levantada, seja necessário investir milhares de euros para conseguir criar condições para voltar a produzir marisco.
“Só se houvesse alguns apoios que ajudassem [a voltar a capacitar os viveiros], a gente financeiramente não conseguia. E, mesmo que houvesse dinheiro, só iria voltar a crescer daqui a dois ou três: estou convencido de que há muita gente que não vai ter capacidade financeira para isso”, disse.
Outro viveirista, Raimundo Pedro, dedicado exclusivamente à ameijoa em Tavira, também disse a João Oliveira que não pode aceder ao seu viveiro há 38 anos, e considerou que essa proibição não se deve a restrições ambientais, mas antes para a construção de empreendimentos turísticos e marinas.
“Nós não somos técnicos, não somos biólogos, mas também não somos parvos e há aqui qualquer coisa que não bate certo”, disse, perguntando se “é a faca da ameijoa que faz espantar os passarinhos”.
Raimundo Pedro criticou ainda as quotas impostas a nível europeu aos pescadores, considerando que tiveram um impacto direto na redução da frota pesqueira nacional e que impede o país de avançar.
“Nós quando entrámos para a Comunidade Económica Europeia (CEE) tínhamos 45 mil pescadores, hoje temos pouco mais de 14 mil, devido a restrições. (…) Este país não avança assim. Pensa a Lagarde e todos eles lá que somos parvos, mas não somos. A maioria são, mas não são todos”, disse.
No final da visita, João Oliveira disse aos jornalistas que o facto de haver mariscadores que não conseguem desenvolver a sua atividade há sete anos também tem impacto na própria preservação ambiental, considerando que a pequena pesca contribui para a preservação e subsistência dos ecossistemas.
Questionado sobre o que é que a CDU pode fazer no Parlamento Europeu para responder a esta situação, João Oliveira disse que vai lutar por garantir que a política comum de pescas inclui mais apoios “à pequena pesca artesanal e costeira, para que a pesca ambientalmente sustentável possa ser apoiada do ponto de vista do desenvolvimento económico”.
Atualmente, segundo o candidato, a política comum de pescas favorece “o negócio das grandes empresas, particularmente multinacional, que vão desenvolvendo a sua atividade com as consequências que estão à vista e o sacrifício de mais de metade da frota pesqueira” nacional.
Por outro lado, João Oliveira defendeu também que é necessário garantir que a resposta aos problemas ambientais tem de estar associada à resposta aos problemas económicos e sociais.
É necessário “compreender que a atividade económica - particularmente esta atividade económica que tem tanta ligação à preservação dos ecossistemas e à garantia da defesa dos valores ambientais - acaba também por ter consequências naquilo que resultará da falta de atividade até do ponto de vista da degradação ambiental”, disse.
(Com Lusa)