A Assembleia da República aprovou esta quarta-feira um voto de pesar pela morte do jornalista Alípio de Freitas, descrito num texto submetido por BE, PS, PEV e PAN como “um lutador de toda uma vida pela liberdade e pela emancipação do povo pobre”. A abstenção do CDS-PP foi a nota dissonante. As demais bancadas votaram a favor.
“Homem de grande firmeza - assim o cantou Zeca Afonso. E assim era Alípio de Freitas”, lê-se no texto do voto de pesar, que se refere também ao antigo jornalista da RTP como “um lutador de toda uma vida pela liberdade e pela emancipação do povo pobre”.
Alípio de Freitas, prossegue o texto, “foi português e foi brasileiro” e, “com uma coragem invulgar, enfrentou as oligarquias fundiárias do Nordeste brasileiro, defendendo, com risco da sua vida, os camponeses sem terra”.
O jornalista morreu na terça-feira, em Lisboa, aos 88 anos. Para o dia 17 de junho estava previsto um espetáculo em sua homenagem com a participação de vários artistas, nomeadamente a filha, Luanda Cozetti.
O Sindicato dos Jornalistas associara-se àquela iniciativa para assinalar o “percurso de lutador do seu associado”.
“Resistir é preciso”
Nascido em Bragança, Alípio de Freitas foi padre em Portugal e figura revolucionária em solo brasileiro, onde trabalhou no apoio às populações mais pobres, lecionou no meio académico e participou em ações de ocupação de terras. Foi detido e vítima de tortura.
Viveu como exilado no México. E também em Cuba. No regresso ao Brasil, ajudou a liderar o Partido Revolucionário dos Trabalhadores. E ao cabo de quase uma década de prisão naquele país da América do Sul, de 1970 a 1979, assinou a obra “Resistir é preciso”.
Alípio de Freitas esteve igualmente ao lado de camponeses em Moçambique. Foi cofundador da Associação José Afonso e da Casa do Brasil em Lisboa.
c/ Lusa